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domingo, 8 de setembro de 2024
CEGOS FAZEM BONITOS EM PARIS
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (128)
Camilo, como Limeira, deixou além de saudade uma obra muito bonita.
A Viagem a São Saruê por exemplo, país inventado por Camilo, começa assim:
…Eu que desde pequenino
sempre ouvia falar
nesse tal São Saruê
destinei-me a viajar
com ordem do pensamento
fui conhecer o lugar.
Iniciei a viagem
as quatro da madrugada
tomei o carro da brisa
passei pela alvorada
junto do quebrar da barra
eu vi a aurora abismada…
E lá pras tantas, segue dizendo o poeta:
…Lá os tijolos das casas
são de cristal e marfim
as portas barras de prata
fechaduras de “rubim”
as telhas folhas de ouro
e o piso de sitim.
Lá eu vi rios de leite
barreiras de carne assada
lagoas de mel de abelha
atoleiros de coalhada
açudes de vinho do porto
montes de carne guisada…
Na terra de São Saruê há de um tudo. Lá ninguém passa fome, porque lá tudo tem e tudo dá sem sequer precisar plantar. É tudo frouxo e legal.
Quase no fim dessa história, diz o cordelista sobre amor e felicidade:
Tudo lá é festa e harmonia
amor, paz, benquerer, felicidade
descanso, sossego e amizade
prazer, tranquilidade e alegria;...
Pois é, amigos e amigas, esse cara, Camilo, deixou um monte de coisas bonitas.
Eu o entrevistei e publiquei nossa conversa no extinto diário paulistano Jornal da Tarde.
Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.