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domingo, 29 de setembro de 2024

TEMPO QUE VAI NÃO VOLTA


Um ano tem 12 meses, 52 semanas e 365 dias. 
Eu já vivi um bocado dessa coisa chamada tempo. Senão, vejamos: 864 meses, 3.760 semanas e 26.300 dias pelo menos. Um pouquinho mais, um pouquinho menos. 
Os números aí fecham um longo ciclo de 72 anos vividos Brasil afora, incluindo passagens rápidas mundo afora. 
Pois é, pessoal, ainda me acho em estado um tanto tonto, inebriado, pela presença salutar de queridos e queridas pessoas que tive a capacidade de fazê-las amigas minhas. 
No último dia 27, de Cosme e Damião, reunimos aqui no meu cafofo gente de sensibilidade e talento. 
Comigo estiveram  grande dama do forró Anastácia, o cantor e compositor Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha e neto de Gonzagão; a produtora cultural Carol, neta de Anastácia; o radialista Carlos Silvio, o historiador Darlan Zurc, o jornalista Woile Guimarães e sua companheira também jornalista Regina, o craque do cordel Marco Haurélio e a sua mulher a xilogravurista Lucélia, a graciosa circense Poliana Helena e o maridão Julian, a jornalista Cilene com a irmã Cida, Lucia Agostini, a jornalista e produtora cultural Sylvia Jardim, acompanhada do marido Marcelo e do filho Felipe; a jornalista Vanira e a filhona Mariana, a maravilhosa Nalva, minhas filhas Clarissa e Ana Maria ao lado do companheiro Geremias; Flor Maria, que tanto a mim tem ajudado; o colega Marcelo Cunha, o cartunista Fausto e seu amigo Robson Rodrigues, o músico e roteirista de tudo Paulo Garfunkel, Magrão e ainda a coleguinha Patrícia, do time de ouro de Sylvia Jardim, que chegou acompanhada da sua cara metade André. 
Pelo grambell recebi parabéns dos jornalistas Marco Antonio Zanfra, diretamente de Floripa, Wilson Seraine, do Piauí, Manoel Dorneles, de Natal... E de Sampa mesmo Júlio Medaglia, Luiz Carlos Bahia, Wilson Baroncelli, Célia e Selma...
Deixaram mensagens no WhatsApp o parceiro musical Jarbas Mariz, que estava a fazer show em Vitória, ES; Tom Oliver, Klévisson Viana, de Fortaleza; Raimundo José, Simon Widman, Afanasio Jazadji...


TÉO AZEVEDO 

Ontem 28 o poeta Moreira de Acopiara passou por cá e me levou até a Praça Benedito Calixto onde o agitador cultural Edson Lima promoveu um belo agito em homenagem ao querido cantador e violeiro Téo Azevedo. Muita gente boa esteve presente: Pedro Monteiro, Cacá Lopes, Luiz Wilson, Fatel, Dantas do Forró, Lucas da Sanfona, Marlus e Genivaldo, os três últimos integrantes do trio Golada. 
Foram vários os artistas que contaram causos e cantaram em memória do grande artista mineiro.
Cantaram músicas que fiz em parceria com o Téo: Clarissa e Minha Rendeira.
Tocaram também, com acompanhamento da plateia, a música que eu fiz junto com Cacá Lopes e Luiz Wilson: O Cantador de Alto Belo
Fica o registro.


CHICO BUARQUE 

O cantor e compositor Chico Buarque foi figura lembrada hoje de manhã pelos seus 80 anos de idade, recentemente completados. 
A homenagem a Chico contou com a belíssima apresentação da Big Band do Guri, sob a regência do maestro Daniel Lopes Filho. Foi legal e o palco do evento foi o Theatro São Pedro, cá no bairro paulistano da Barra Funda. Fui até lá levado pela jornalista Cris Alves e seu irmão Eduardo.
No repertório apresentado hoje de manhã no São Pedro um leque de clássicos assinados por Chico. Entre esses Construção, Gota d'Água e Sabiá, esse em parceria com Tom Jobim. 
Os arranjos do maestro Daniel pessoalmente achei incríveis, originalíssimos.

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (134)

George Orwell
Idílio, amor, traições, estão presentes em quase tudo que Shakespeare escreveu.
Amor e paixão na obra shakespeariana marcam mesmo quando abordados de forma leve, tranquila, insinuantemente. Exemplo é a peça Muito Barulho por Nada, que entre nós virou ditado popular.
Essa história tem lá seu lado engraçado, picante e tal. Um dos personagens ama uma jovem, mas não tem coragem para dela se aproximar. Pede então ajuda a um amigo príncipe pra servir de elo entre ambos. Lá pras tantas a cobiçada jovem é acusada de dar pra Deus e o mundo. E mais não digo.
E o enredo de A Megera Domada, hein?
Nessa peça Shakespeare mistura humor com seriedade, riqueza com pobreza, erudito com o povarél. O enredo põe em destaque a disputa de dois jovens por uma donzela: Bianca. Mas Bianca não pode se casar antes de sua irmã mais velha, a megera…
Em 1958, Huxley voltou ao tema por ele abordado em 1932. Título: Regresso ao Admirável Mundo Novo.
Nesse novo livro, o autor avalia as previsões que fizera no seu livro de estreia no qual alertava o mundo para educar os seus cidadãos, da melhor forma possível, para não caírem em ditaduras. Isso, infelizmente, há muito ocorre. São 49 ditaduras ou quase ditaduras espalhadas mundo afora, segundo pesquisa feita pela Freedom House e tornada pública em 2021.
O Admirável Mundo Novo pode ter inspirado George Orwell a escrever 1984, originalmente publicado em 1949. Nos livros desses autores há de tudo, incluindo distopia, cenas de amor, prazer e sexo. Exemplo, em 1984:

… A cintura da garota na dobra de seu braço era macia e quente. Ele a puxou, de modo que eles estavam de peito a peito; o corpo dela parecia derreter no dele. Para onde quer

que suas mãos se movessem, tudo era tão flexível quanto água. Suas bocas se agarravam; era bem diferente dos beijos duros que haviam trocado antes. Quando voltaram a separar seus rostos, os dois suspiravam profundamente. [...]

Winston colocou seus lábios contra a orelha dela. “Agora”, ele sussurrou.

“Aqui não”, sussurrou ela de volta. “Vamos voltar para o esconderijo. É mais seguro”

Rapidamente, com um crepitar ocasional de galhos, eles trilharam seu caminho de volta para a clareira. Uma vez dentro do anel de mudas, ela se virou e o enfrentou. Ambos respiravam rápido, mas o sorriso havia reaparecido nos cantos de sua boca. Ela ficou olhando para ele por um instante, depois abriu o zíper de seu macacão. E, sim!, foi quase como em seu sonho…


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora