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domingo, 10 de novembro de 2024

DE QUEDA EM QUEDA PODE SE CHEGAR AO CÉU


A vida, apesar de tudo, é boa demais.
É frágil a vida, frágeis somos todos nós. Mesmo assim, a vida é uma dádiva. Por cá, por essa terrinha de ninguém, pagamos apenas impostos para civilizadamente em tese, vivermos.
Pois é meu amigo, minha amiga. Eu gosto de viver. Pois adoro desafio...
Outro dia, tomei conhecimento de um acidente sofrido por Lula. Ele entrou no banheiro e tá-tá-tá, caiu. O resultado disso é que além de uma boa lição, levou não sei quantos pontos na nuca.
Isso me fez lembrar que há uns 10 anos, talvez um pouquinho mais, eu cá em casa me balançava na rede quando facilitei e caí. Tasquei a cabeça ali quase na nuca na quina de um banco que tinha bem atrás da bendita rede. O resultado disso foi que, no PS daqui de perto, recebi como prêmio dessa desastrada balançada, 13 pontos.
Pois é, 13 é o número do PT...
Hoje, acho que é hoje, faz uma semana que o cantor abaritonado Agnaldo Rayol levantou-se no meio da madruga e foi pipizar no banheiro. Resultado: escorregou e dançou.
Há 30 anos completados há pouco, foi a vez do músico sertanejo de verdade Tonico, da dupla Tonico e Tinoco, falsear e cair em casa. Na casa lá dele. Morreu, pois.
Sem falar do apresentador Gugu Liberato, que inventou de subir em uma escada, pra fazer sabe-se lá o quê, e dançou!
Não morreram na hora vítimas de queda a cantora Inezita Barroso e o cantador repentista Sebastião Marinho. A queda que sofreram, no entanto, o levaram à cama e na cama ficaram até o dia que Deus os chamou.
Há uns 20 dias foi a vez de, mais uma vez, eu sentir na pele as consequências de uma maldita queda. Fraturei pé esquerdo e desse pé tirei o gesso há pouco. Mas ficou o drama, né?
O pior disso tudo, especialmente na última queda por mim sofrida, é que eu estava completamente sóbrio. Quer dizer, sem água no gogó que passarim não bebe. Ai, ai...
Estou sem correr na bicicleta e na esteira desde os últimos 20 dias. Na medida do possível, vou exercitando os músculos do corpo cá no chão. As fotos estão aí em cima, que não me deixam mentir.
Bom, de queda em queda é possível chegar até o céu.
Ei, vocês viram/ouviram a entrevista que o queridíssimo amigo e baita profissional da fotografia Jorge Araújo deu ontem 9 sábado no programa Paiaiá?
E mais não digo, apenas sugiro. Clique aí para acompanhar a belíssima entrevista que o amigo Jorge deu ao radialista Carlos Silvio:


TINÉ

Enquanto dito as palavras aí à querida Anninha, colaboradora aqui há tanto tempo, recebo com alegria a visita do meu queridíssimo amigo pernambucano Flávio Tiné.
Flávio Tiné meus amigos e amigas, é o cara!
Flávio Tiné é pernambucano de Caruaru. Ele falou das coisas loucas que estão acontecendo no nosso Nordeste, no Brasil e no mundo todo. 
Tiné lembra que sua avó costumava dizer que "pobre não gosta de pobre, pobre não vota em pobre".
Disse isso pelo fato de o prefeito aqui de Sampa ter sido "reeleito". 
Tiné tem 87 anos de idade, mas continua insistindo em ser um grão positivo da democracia brasileira. 
E se você não sabe, fique sabendo que Tiné é pai de Paulo professor de música da Unicamp. E que a nora Paola é a violonista do grupo musical As Choronas. Esse grupo existe há uns 30 anos.
Viva Tiné, As Choronas e a vida!
Quer saber mais?
Clique: Blog do Tiné

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (146)

Pessoa morreu de morte natural, ao contrário de Quental e Carneiro, que suicidaram-se.
José Régio, negro de grande inspiração poética, marcou época em sua terra e em boa parte da Europa. Dele é o poema Monólogo a Dois:

Sábia talvez inconsciente,

Doseando com volúpia, uma ancestral sofreguidão,

Ali onde o desejo mais me dói, mais exigente,

Me acaricia a tua mão.

De olhos fechados me abandono, ouvindo

Meu coração pulsar, meu sangue discorrer,

E sob a tua mão, na asa do sonho, eis-me subindo

Àquele auge em que todo, em alma e corpo, vou morrer…


Régio, além de poemas, escreveu contos situados no campo do sagrado e do profano. Exemplos são os livros Sorriso Triste e O Vestido Cor de Fogo.

Em 2020, Samara Mariana Cândida da Silva desenvolveu dissertação de mestrado sobre a sua obra apresentada à Universidade Federal de Goiás. Lá pras tantas, destaca:


A sutileza erótica presente nos contos de José Régio permite refletir acerca do paradoxo que engloba corpo, carne, amor e reprodução. Um matrimônio segurado somente pelos filhos e pela convenção social de que devemos construir uma família, não é capaz de completar a existência do ser humano, assim como também não lhe permite preencher tal vazio que o 

acompanha. 

A plenitude divina não se dá somente pelas orações e templos religiosos, mas acontece no encontrar-se, no compreender-se, no desvendar do significado do corpo que está para além do físico, que se configura no metafísico, que permite ser morada do sagrado e que contemple o desejo erótico sem necessariamente estar cometendo um pecado que lhe acarrete em uma condenação eterna.


E Florbela Espanca, hein?

Ela era altamente depressiva. Sua boca parece que não fora feita pra sorrir. Estava sempre fechada. Mesmo triste escorregando pelos cantos da parede, Florbela escrevia sobre o amor o tempo todo sem, porém, se cansar. Um dos seus poemas, Fanatismo, foi musicado pelo cantor e compositor cearense Raimundo Fagner, em 1981. Fez sucesso.

Dessa autora, que findou-se por iniciativa própria em 1930, é o poema Nervos d'Oiro:


Meus nervos, guizos de oiro a tilintar

Cantam-me n'alma a estranha sinfonia

Da volúpia, da mágoa e da alegria,

Que me faz rir e que me faz chorar!

Em meu corpo fremente, sem cessar,

Agito os guizos de oiro da folia!

A Quimera, a Loucura, a Fantasia,

Num rubro turbilhão sinto-As passar!

O coração, numa imperial oferta,

Ergo-o ao alto! E, sobre a minha mão,

É uma rosa de púrpura, entreaberta!

E em mim, dentro de mim, vibram dispersos,

Meus nervos de oiro, esplêndidos, que são

Toda a Arte suprema dos meus versos!


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora