Em 1898, Epitácio Pessoa conheceu Machado de Assis. Epitácio foi logo dizendo: "não vamos aqui falar de peste, de pandemia, doença...!".
O encontro foi rápido.
Epitácio era ministro da Justiça e logo depois acumulou o cargo de ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas no governo de Campos Salles (1898-1902). E por um desses acasos da vida, Machado era o secretário desse ministério.
O tempo passou como tudo passa, como uva...
Epitácio Pessoa (1865-1942) foi uma figura e tanto da política brasileira. Nasceu no município paraibano de Umbuzeiro.
De família remediada, Epitácio estudou em colégios públicos. Inteligentemente cresceu rápido, tornando-se uma cachoeira ou um tsunami de ideias originais e irrefreáveis. Mais ou menos isso. Ou mais e mais, mais.
Foi jornalista, diplomata; antes, deputado e depois de presidir o Brasil entre 1919 e 1922, senador pela Paraíba. E foi por aí, Epitácio.
Como não bastasse, Epitácio foi o cara que abriu todos os caminhos para Rui Barbosa brilhar em Haia.
Foi, Epitácio, o primeiro e único paraibano ministro do Supremo Tribunal Federal, STF.
Foi Epitácio também o primeiro e único paraibano a ir à França para participar de um congresso e de lá voltar como presidente da República dos Estados Unidos do Brasil.
Esse foi o nome de batismo da primeira República brasileira. E não custa lembrar: Epitácio foi, junto com Rui Barbosa, um dos mais importantes autores da segunda Constituição, promulgada no dia 24 de fevereiro de 1891.
A história é longa...
O 15 de novembro marca o dia da proclamação da República, em 1889.
Deodoro, o marechal, encampou o golpe político-militar que derrubou o Império. O proclamador desse histórico evento traz a assinatura do vereador José do Patrocínio. É muito longa essa história...
O fim do governo de Epitácio Pessoa ocorre no dia 15 de novembro de 1922. O tempo foi junto com ele passando e, o assassinato do sobrinho João Pessoa no dia 28 de julho de 1930, o levou a abandonar a política partidária.
Deixou vários livros de grande importância para a formação do Brasil.
Não a toa, esse paraibano foi o presidente que até então se preocupava com a educação formal dos brasileiros. Mais: foi o primeiro presidente a se preocupar com a preservação da história da cultura do nosso país. Nesse sentido fez projetos que, infelizmente, não foram aprovados pelo Congresso. Isso porém, não impediu a admiração que os modernistas tinham por ele.
Epitácio Pessoa foi o cara que inaugurou o rádio no Brasil.
E vejam vocês: um dia Adoniran Barbosa me disse que fora garçom do ministro da Guerra João Pandiá Calógeras.
Calógeras, civil, virou ministro da Guerra.
Raul Soares de Moura, também civil, virou ministro da Marinha.
Pandiá e Moura foram os primeiros ministros civis a ocupar essas pastas.
A decisão, escolha, de Epitácio não agradou aos militares. E aí veio o Tenentismo...
Uma vez, Epitácio disse que Machado de Assis era um péssimo secretário.
Péssimo porque era minucioso, detalhista, cônscio de seus deveres como funcionário público. E político.
Isso é história.
Não custa lembrar que Machado tinha por Epitácio alta consideração. Dizia: "quando estimo alguém, perdoo; quando não estimo, esqueço".
Leiam sempre Machado.