O amigo e conterrâneo Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, Vandré, completa hoje 74 anos de idade. Nasceu na capital paraibana, numa quinta-feira de chuva. Estudou, fez Direito e virou artista.
Como cantor e compositor, ele gravou e levou à praça apenas cinco LPs, o primeiro em dezembro de 1964 pelo selo Áudio Fidelity, com texto de contracapa assinado por J. L. Ferrete, em cujo primeiro parágrafo se lê:
“Geraldo Vandré já se constitui em figura de grande prestígio no cenário musical do Brasil, malgrado ser apenas um jovem de 28 anos e ter ingressado no profissionalismo há comente 5 anos”.
Mas antes disso, muita água rolou rio abaixo.
Tinha uns 14, 15 anos quando se apresentou pela primeira vez num programa de calouros da Rádio Tabajara, em João Pessoa. E foi reprovado. Depois, a contragosto, foi levado a estudar num colégio interno, o São José, no município pernambucano de Nazaré da Mata, de onde saiu no começo dos anos de 1950 e foi morar no Rio de Janeiro, junto com os pais. Nas horas altas da noite, muitas vezes João Gilberto passava para apanhá-lo em casa e o levava a cantar em boates.
O pai, seu Vandregísilo, não gostava disso.
Quantas histórias!
É conversa a história de a mãe, dona Maria, ter patrocinado uma gravação em cera do filho. Ela o apoiava no propositor de ser artista. Apenas isso. E estava certa, pois Geraldo Vandré se tornou um dos mais importantes artistas da música brasileira. O mundo que o diga.
Ontem ao lhe telefonar para parabenizá-lo pelo aniversário, eu o senti de bem com a vida, apenas uma reclamaçãozinha fez: não lhe pagam o que lhe devem no campo do direito autoral. E olha que houve um tempo que ganhava mais do que Roberto Carlos. Seus contratos eram milionários.
Viva Geraldo Pedrosa de Araújo Dias!
Viva Geraldo Vandré!
A foto que ilustra este blog foi feita no camarim do Palace, cá em Sampa, quando levei o autor de Pra não Dizer que não Falei de Flores para assistir a um espetáculo do também conterrâneo Zé Ramalho em 2000, ano em que foi lançado o CD duplo Nação Nordestina, com texto escrito por mim.
Ah, o tempo que passa... Lendo da gente no apartamento do Vandré lá na rua Martins Fontes e, depois, das vezes em que ele esteve na redação da Agência Folhas. Pelo que eu li, aquele tempo conturbado do Vandré pós-Folhetim - "Prepare o seu coração!", porque Assis Ângelo redescobriu o moço - também ficou lá longe. Ouvi dizer que ele está advogando. É verdade?
ResponderExcluirMas, apesar de você defini-lo como "o autor de Pra não dizer que não falei de flores", prefiro lembrar dele pela lindíssima "Pequeno concerto que virou canção".
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ResponderExcluirPerfeito, marco. Pequeno Concerto que FICOU Canção é mesmo uma obra-prima, como o são Canção Nordestina e Fica Mal com Deus, constantes do LP de estréia do autor. Não, Geraldo não está advogando. Nunca advogou ou defendeu causa de ninguém em qualquer tribunal. Anda triste com os rumos do Brasil e não gosta de Lula.
ResponderExcluirEu tinha quase certeza de que era "Pequeno concerto que FICOU canção" - afinal, eu tinha esse vinil - mas fui confirmar no Google e acabei sendo enganado pela "sabedoria" dos outros.
ResponderExcluirTudo o que vem lá da Paraíba é bom demais. Erundina, Zé Nêumanne, Elba Ramalho, Chico César, Ariano Suassuna, Zé Lins do Rego, Assis Ângelo...
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ResponderExcluirMuito boa a matéria sobre o Geraldo Vandré. Suas músicas, suas verdades. Um grande compositor e cantor. Pena que já não tenhamos mais "cabras da peste" iguais a ele.
ResponderExcluirValeu.
Manoel Bomfim
Natal - RN
email: manel.bomfim@yahoo.com.br
Saúde e longa vida a Geraldo!
ResponderExcluirFalei com ele no sábado, dei sorte, pude cumprimentá-lo.
Um nome eterno da música e da arte brasileiras.
é uma pena todo dia nos radios da Paraiba so se houve a sem vergonhice dos politicos, e nunca falam desse colossal compositor. até parece que a paraiba não tem grandes nomes. a midia da paraiba nunca vai falar nas flores, os meios de comunicação vivem para quem tem R$ e cultura não enche bolso de ninguem.
ResponderExcluirMuito interessante este texto (entre outros que eu tenho lido no seu blog). Creio que você deveria lançar um livro sobre os aspectos biográficos do Geraldo Vandré e dos demais grandes artistas nordestinos que você conhece ou conheceu pessoalmente.
ResponderExcluirParabéns ao Vandré!
ResponderExcluirÉ no mínimo lamentável ver este mestre escondido e esquecido por muitos.
É muito bom ler sobre ele!
Adorei o blog [assim como suas obras]!
Beijão,
Paula Quintas
Assis Ângelo, sou historiadora e pesquiso a História da Música Popular Brasileira, mais especificamente, o trabalho do cantor e compositor Geraldo Vandré. Tive um contato com Dé Pajeú, que me falou muito bem do seu trabalho e da sua amizade com Geraldo.
ResponderExcluirGostaria muito de conversar contigo. Tenho certeza de que acrescentará muito à minha pesquisa. Por favor, se tiver um tempo entre em contato comigo.
e-mail: mrlsantos@yahoo.com.br