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terça-feira, 30 de novembro de 2010

O GÊNIO PIXINGUINHA VEM À TONA PELO IMS

Pixinguinha em Pauta.
Este é o título de um belíssimo livro que está chegando à praça num estojo com a marca do Instituto Moreira Salles; e que se viabilizou através de parceria com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Imesp.
Pixinguinha em Pauta é também o nome do espetáculo musical que assisti ontem à noite, prazerosamente, no Auditório Ibirapuera.
Belíssimo.
Platéia de extremo bom-gosto.
O livro reúne 36 partituras até aqui publicamente inéditas, com obras de vários autores brasileiros transcritas em primorosos arranjos assinados pelo talento de Pixinguinha, Pixinga ou Pizindim, como também era chamado o mais genial compositor e instrumentista carioca nascido no subúrbio de Piedade, Alfredo da Rocha Vianna Filho.
O espetáculo começou depois de o presidente da Imesp, Hubert Alqueres, subir ao palco e falar com orgulho sobre a portentosa empresa que representa e as razões que o levaram a editar a obra assinada por Bia Paes Leme.
Com isso, o presidente da Imesp marcou muitos pontos positivos na sua carreira de empreendedor, que, certamente, se estenderá pelos caminhos da iniciativa privada.
Antes de a pequena orquestra de 30 músicos regida pelo maestro Pedro Aragão subir ao palco, a iluminação centrou sobre a figura do cantor e animador Pedro Miranda desempenhando o papel do artista e pesquisador de música popular Almirante, de batismo Henrique Foréis Domingues, que apresentava pelos microfones da Rádio Tupi, lá pelos idos de 1940 e 50, o programa O Pessoal da Velha Guarda para o qual Pixinguinha trabalhava como músico e arranjador.
O que se viu e ouviu ontem no Auditório do Ibirapuera foi algo inesquecível.
Belíssimo.
Os músicos da orquestra, ainda sem nome, formada especialmente para apresentar o livro, impressionaram pelo desempenho espetacularíssimo; de improvisação, inclusive.
Todos foram perfeitos nos detalhes e marcantes no conjunto.
Os louvores cabem a cada um dos integrantes da ocasional orquestra, ou mini orquestra, incluindo o regente Aragão.
Os brasileiros de todos os brasis deste tão imenso País têm o direito de assistir a essa orquestra, que pode e deve percorrer todos os nossos rincões... Necessariamente.
O IMS tem obrigação de viabilizar isso.
A orquestra do maestro Pedro Aragão precisa viver, ganhar forma e se integrar mais e mais a este tão musicalmente judiado Brasil.
Falo de respeito, de cidadania, de oportunidade, de ecudação, de um Brasil melhor.
A música pode propiciar isso.
Alias, esta não é a idéia do IMS?
Esta não é a idéia do próprio governo brasileiro?
E tenho a dizer mais:
A Revivendo Músicas é uma empresa do Paraná que existe desde que o seu criador, Leon Barg, já no céu, adquiriu o primeiro disco de cantor brasileiro, em 1936.
Digo isso porque é preciso dizer que o acervo da Revivendo tem de ser preservado para as gerações futuras.
Isso tem a ver com governo, não é?
A Revivendo tem absolutamente todos os discos de Pixinguinha, por exemplo.
E partituras.
E itens da sua obra, inéditos.
Está nahora de se criar o Museu Pixinguinha.
O país que tem Pixinguinha tem tudo.
O Brasil tem tudo.
Ah! Sim, do repertório de ontem no Auditório Ibirapuera, interpretado pela orquestra, ou mini, do maestro Pedro Aragão, constaram belíssimas peças, entre as quais estas:
- Assim Que é, de Pixinguinha.
- Salve o Sol,de Eduardinho Violão.
- Cabeça de Porco, Anacleto de Medeiros.
- A Mulher do Bode, de Cardoso de Meneses Filho.
- Subindo ao Céu, de Aristides Borges.
- Conversar Fiada, de Pixinguinha.
- Turuna, de Ernesto Nazaré...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ELOMAR E A SUA OBRA DE LOUVOR A DEUS

Leio nos jornais e em todas as mídias - rádio, TV, internet etc. - que o ex-beatle Paul McCartney, o esquisito Lou Red e o jovemguardista Roberto Carlos se apresentaram ontem em pontos distintos da cidade de São Paulo para um público de 70 mil pessoas, talvez, nos três eventos.
Paul se apresentou no Morumbi, Lou no Sesc Pinheiros e Roberto, no Anhembi.
Eu queria era ler o seguinte:
Além desses pops estrangeiros, se apresentou também o menestrel Elomar Figueira Mello. Para vê-lo, uma multidão lotou completamente o Pacaembu reformado especialmente para esse grande acontecimento que levou, calculadamente, 500 mil pessoas entre crianças e gentes de todas as idades, raças e credos. Pelo menos 1 milhão ficou de fora assistindo nos telões, instalados às carreiras, o desempenho do mestre do reino encantado do Rio Gavião, ao sul da Bahia.
E mais:
Todos os canais de televisão e emissoras de rádio transmitiram o espetáculo elomariano ao vivo para todo o país, batendo recordes de audiência.
Era isso o que eu queria ler no noticiário.
Mas tudo bem, Elomar continua firme construindo uma obra musical sem paralelo, monumental, no País que deu Castro Alves, Carlos Gomes e milhares e milhares de gênios, quase todos, porém, esquecidos pela mediocridade dos que nada fazem.
Pois bem, conheci Elomar há trint´anos.
O tempo passa muitas vezes sem que a gente se dê conta.
Uns partem sem deixar rastros.
Outros ficam por cá insistindo, pelejando, por dias melhores.
Outros optam por construírem arte e nos faz vê que a vida é melhor quando a alma se alimenta do bom e do melhor, que é a arte: música, poesia, pintura etc.
Lembro uma vez o menestrel me dizendo, entre uma tragada e outra de cigarro de palha:
- Toda a minha obra é de louvor a Deus.
Como a obra de Bach.
E não esqueçam que nos próximos dias 26 e 27 há uma pré-estréia mundial programada no sertão da Bahia: Cenas Brasileiras, espetáculo extraído de trechos de óperas do mestre Elomar Figueira Mello.
...E ainda há quem diga que no Brasil não há compositor operístico, ora, ora.
Viva Elomar!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

AINDA ELOMAR E A CULTURA BRASILEIRA

Por telefone, pergunto a Elomar o que tem feito.
- Continuo escrevendo meus rumance de cavalaria.
A conversa segue por aí, com ele revelando idéias como o projeto de Festival da Ópera Brasileira com pré-estréia marcada para o próximo dia 26; e pra valer, mesmo, no dia 11 de julho do ano que vem no Domus Operae, teatro de ópera que está construindo por meios próprios na Casa dos Carneiros, lá pras bandas do Rio Gavião, na Bahia.
Acho que vou...
E ele segue falando, opinando com uma lucidez danada sobre a vida brasileira. E rápido que nem uma metralhadora cuspindo fogo, ele dispara:
- O Brasil se perde na preservação de sua música. É preciso ter pessoas que acreditem nas idéias de quem tem na vida a história da cultura popular para contar.
Opa!
Elomar Figueira Mello é um baiano de Vitória da Conquista, como quase todo mundo sabe; e dos mais completos criadores de música culta, erudita, diga-se; e no seu caso, inda mais do que isso, pois a genialidade em forma de arte e sensibilidade lhe tomou por inteiro, fazendo-o gerar obras-primas - ainda para poucos - que preenchem sobremaneira os ocos do pecado e da ignorância bastardas que pairam à solta pelas esquinas do mundo.
Elomar nasceu de parto caseiro na segunda metade dos anos de 1930, nas quebradas do Gavião, rio fogoso que deságua no Rio das Contas, e daí pro mar, e se exibe terrível nos tempos de cheia arrasando ribeirinhos de Condeúba, Caraíbas e Anagê.
O Gavião já foi o considerado o rio mais seco do planeta.
Eu conheci Elomar aqui na capital paulista num ano dos 70, pouco depois de lançar à praça o seu primeiro LP, Das Barrancas do Rio Gavião, quase uma década após fazer editar um compacto simples, o único da carreira que não se acha em canto nenhum, nem a pau.
O LP, mais fácil de achar nos sebos, traz texto de contracapa assinado pelo embaixador errante Vinicius de Morais.
Até então eu nunca ouvira falar de Elomar, tampouco da sua música. Isso só iria acontecer quando o amigo cartunista Jota, o Jotinha, entrou na redação da Folha com um sorriso largo na cara dizendo que eu tinha de ouvir esse disco e escrever algo a respeito.
Ouvi, escrevi e conheci Elomar.
E nos tornamos amigos, posso dizer.
Isso já faz mais de trint´anos.
Amanhã digo mais.
.......................
UMA VEZ A GUERRA
Duas rainhas. Dois reinos. Dois povos. Duas visões diferentes do que é o mundo, sempre.
A autora, a jovem Ornela Jacobino, faz uso de retalhos da história desde os tempos medievos para falar de guerras entre povos de etnias diferentes. Vamos lá? A estréia de Uma Vez a Guerra é amanhã, às 20 horas, no SESI de Vila das Mercês, núcleo de Artes Cênicas, cá em Sampa. Não precisa nem pagar para ver a obra, basta dar um sorriso à entrada do teatro. Isso mesmo. Informações: 2946.8172.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ELOMAR CRIA FESTIVAL DA ÓPERA BRASILEIRA

“Anote aí e espalhe: nos próximos dias 26 e 27, vamos fazer a pré-estréia do Festival da Ópera Brasileira”.
Quem pede isso e dá a boa-nova é o menestrel e compositor operístico do imaginário Estado do Sertão brasileiro fincado n´algum lugar do reino encantado de Vitória da Conquista, Elomar Figueira Mello, que acrescenta:
“Será no Domus Operae, teatro de ópera em construção na Casa dos Carneiros”.
A Casa dos Carneiros é uma fundação cultural do artista e também o nome de uma de suas fazendas no sul da Bahia, onde mora.
Além de assinar uma obra musical belíssima e extensa, na maior parte, porém, ainda inédita em disco e livro, Elomar também assina o projeto de construção do teatro que terá capacidade para acolher até duas mil pessoas a cada apresentação, a partir de julho de 2011 quando será inaugurado e o festival propriamente dito aberto.
A obra de Elomar é incomparável sob qualquer aspecto.
A pré-estréia do festival se dará com a encenação de trechos de três óperas de sua autoria: A Casa das Bonecas, A Carta e O Retirante.
Hoje em dia Elomar ainda se apresenta com sua arte quando lhe chamam, mas não é muito fácil vê-lo nos palcos de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.
Ele não dá bola à grande mídia e se recusa terminantemente a dar entrevistas à televisão.
Acha isso tudo muito desimportante e não é chegado a falatório.
Talvez por isso ele tenha tempo de se dedicar a criação da sua arte e dos seus bodes em suas fazendas.
Você sabe quantos compositores de ópera tem o Brasil, ele pergunta ao mesmo que responde:
“Pois é, pelo menos uns quarenta”.
E conclui:
“Catalogados, eu tenho 18”.
O Brasil sabe disso?
Quer saber mais a respeito da pré-estréia do projeto Festival da Ópera Brasileira? 77.4141.0313 ou através do e-mail imprensa@casadoscarneiros.org.br

terça-feira, 16 de novembro de 2010

DO GARIMPO, A REVIVENDO RESGATA MÚSICAS

Os textos inseridos quase diariamente neste blog eu os faço muito rapidamente.
São vários os textos que escrevo para jornais e revistas, e também para contracapas de discos, prefácios e para um ou outro livro como o que está sendo produzido agora por Silvana Congilio sobre a Pensão Jundiaí, criada pela saudosa Mariazinha num ano do século passado.
Silvana me pediu uma colaboração e eu, lhufas!
Mas vou atendê-la, claro.
Trata-se de uma coletânea que reunirá textos de “pensionistas”.
A Pensão é uma espécie de jogral sem sede própria, onde jornalistas, artistas e intelectuais de muitos quilates se encontram uma vez por mês num local de Sampa, hoje Club Homs, para troca de idéias e jantar regado a água e vinho.
São pensionistas históricos embora faltosos Paulo Vanzolini, Inezita Barroso, Ives Gandra, Paulo Bomfim, e tantos e tantos nomes que enriquecem está Paulicéia louca e bela.
Mariazinha era poeta e das maiores agitadoras culturais que conheci, para quem cometi um poemeto, uma brincadeira intitulada Aula na Pensão:

Casa, casinha
Arranha céu...
Meu Deus!
Quero rima para prédio,
Quero rima para casa!
De novo: arranha-céu,
Casa, casinha
É assim, Mariazinha?
Mas não há rima para pensão,
Não há rima para prédio,
Há rima para casarão!
De novo: casa, casinha,
Prédio, espigão.
Agora, sim:
A pensão de Mariazinha
É o nosso coração.

Onde eu estava mesmo?
Ah! Sim: no blog.
Dificilmente releio os textos que posto aqui, nem antes, nem depois.
E aí cometo absurdos dizendo o que não quero pelas linhas tortas da imprecisão e da dubiedade madrasta, saídas pela pressa da imperfeição.
É a velha história: escreveu não leu, o pau comeu.
Isso aconteceu no texto que escrevi outro dia sobre a Revivendo.
Eu quis dizer que os herdeiros dos grandes artistas - incluindo escritores - quase sempre dificultam o relançamento das obras deixadas.
Passei por isso quando tentei tirar do limbo um dos nomes mais importantes da nossa música, o paulista de Tietê Ariowaldo Pires, chamado de Capitão Furtado.
Fui a estúdio e produzi o já raro CD Inéditos de Capitão Furtado e Téo Azevedo, com participação especial de Mococa & Paraíso, Inezita, Tinoco, Moacyr Franco, Rodrigo Matos, Muíbo Cury, entre outros intérpretes da boa música caipira.
O Capitão partiu há 31 anos completados no último dia 11.
Ele deixou magnífica obra que se conta às centenas, gravadas em centenas de discos por intérpretes como Gilberto Alves, Paraguassu, Sílvio Caldas, Roberto Fioravanti, Jackson do Pandeiro, Ivon Curi, Rolando Boldrin, Raul Torres & Serrinha, Alvarenga & Ranchinho, Xerém & Bentinho, Tião Carreiro & Pardinho...
Foi ele quem descobriu a dupla Tonico & Tinoco.
Pois bem, no texto postado eu quis dizer das dificuldades impostas mais das vezes a quem se arrisca a levar a público obras musicais e literárias de autores brasileiros falecidos há menos de 70 anos.
É dureza.
Até já propus que se diminua esse tempo de validade a herdeiros, na nova lei de Direitos Autorais.
A Revivendo, é claro, encontra esse tipo de dificuldade para a realização de suas iniciativas, e só a calma e a persistência de Leon Barg somadas à calma e persistência das filhas Laís e Lilian têm possibilitado que artistas como Chiquinha Gonzaga, Capiba, Ary Barroso, Chico Alves, Orlando Silva e Luiz Gonzaga, por exemplo, entre centenas, não caiam na vala comum do esquecimento.
A Revivendo e seus heróis, que hoje atendem por Laís e Lilian Barg, merecem aplausos e louvores de todos os tipos e de todo mundo de sã consciência e sensível à arte.
Aliás, está mais do que na hora de o Congresso Nacional se prestar uma grande homenagem a essa empresa, exemplo de categoria e fé por um País melhor.
Este ano a Revivendo já levou à praça pelo menos uma dúzia de belíssimos discos.
E o que vocês estão esperando, hein?
Ora, corram já às lojas e comprem esses discos.
Haverá melhor presente do que dar a um amigo, amiga, parente, aderente, do que um disco Revivendo?
Fui!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

EM AGOSTO, A MÚSICA VOLTA ÀS ESCOLAS

Falei ontem da boa qualidade de notícias de domingo nos jornalões brasileiros sediados em Sampa, Folha e Estado.
Conheço um pouco os dois, pois neles trabalhei nos anos 70 e 80.
No primeiro como repórter, no segundo como repórter ocasional, articulista e chefe de reportagem política.
Naquele tempo ambos davam mais destaque à cultura brasileira, em detrimento às coisas gringas.
Bom, sim.
De repente agora, para minha alegria, vejo no Nacional da Plim plim notícia sobre a volta da música às escolas como matéria curricular, a partir de agosto que vem.
Oba!
E agosto é o mês do folclore.
Um bom recomeço, sem dúvida.
Há uns quatro ou cinco anos, fui convidado a encerrar com palestra seminário no Congresso Nacional, sobre música.
Aceitei.
Aproveitei e falei e falei a deputados e artistas presentes sobre o que tinha de falar: música e folclore nacionais.
Gosto disso.
Depois, dei entrevista na TV Câmara (que pode ser conferida aí ao lado, na coluna à direita deste blog e no Youtube).
Pois bem, após minha fala transmitida ao vivo pela TV Senado, eu deixei a idéia exatamente de trazer de volta às escolas a nossa música, mas a música folclórica.
Por que música folclórica?
Porque é o DNA musical brasileiro.
Tomara que o ensino a ser retomado daqui a meses seja por aí, porque senão corremos o risco de as gravadoras multinacionais, principalmente, com seus interesses puramente mercantilistas, levem aos ouvidos hoje já quase moucos dos formandos muita porcaria mais.
Porcarias que nos ensurdecem os ouvidos, no dia-a-adia de dureza da vida.
Ah! A notícia da Plim plim foi encerrada com um grupo de adolescentes interpretando em Minas, instrumentalmente, a toada de Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira Asa Branca, originalmente lançada emd isco em março de 1947.
Segundos antes do encerramento da notícia, crianças foram mostradas brincando cantiga de roda.
Muito bonito, não?
Um registro: quem também deve estar torcendo para que tudo corra bem no desenrolar dessa notícia nas escolas é o radialista hoje sem rádio Jorge Paulo, cantor compositor e ator ocasional que nos fins dos 70 fez duo com o rei do baião Luiz Gonzaga, cantando Asa Branca.
Vocês já assistiram o filme Chapéu de Couro?
Maravilhoso.

domingo, 14 de novembro de 2010

JORNAIS DE DOMINGO, XANGAI, JATOBÁ E LORE

Fazia tempo que eu não lia jornais de domingos, como Folha e Estadão, com tanto conteúdo.
Ao contrário dos canais de televisão, todos iguais; e para pior, nestes dias de fim do governo Lula e véspera do feriadão de 15 de novembro.
Gugu, ahg!
Eliana, ahg!
Sílvio...
Plim, plim, futebol.
Nada mal.
Nesse canal, vi hoje parte do jogo que deu final de 3 x 0 contra os periquitos do Felipão.
O amigo Marcelo Cunha, doente palmeirense até as entranhas, deve estar se roendo e sendo amarrado, neste instante, numa camisa de força pela Ângela, sua paciente companheira que já chegou a lhe recomendar, como lenitivo, que ele troque depressa de camisa.
A do Corinthians o espera, não é Ferrari?
Hahahahaha.
A Folha destacou na primeira página a zebra de SS, o homem sorriso da TV: “PanAmericano pagou juros de R$ 120 milhões a cliente”.
Ô cabra privilegiado, esse cliente.
E no Estadão, mesmo sobre grana, a manchete foi outra: “Estados vão pressionar Dilma por mais dinheiro”.
O Estadão, para o qual já trabalhei como chefe de reportagem política, nos 80, já deu manchete mais inteligente... Pensem comigo: não é óbvio que os governos estaduais, quaisquer governos, peçam mais recursos ao governo federal?
Ora, quando não se tem o que dizer...
Mas a Folha também publicou neste domingo obviedades, como uma foto de quatro colunas com a seguinte legenda: “O pescador Flavio de Mesquita com mulher e filhos na praia da Lage (AL); beneficiários do Bolsa Família, ainda passam fome”.
Não se acaba a miséria de um país de uma hora para outra, não é mesmo?
E o Lou Reed, hein?
Já gostei.
Ele me lembra, nas suas letras e comportamento, um pouco do velho atormentado e sempre bom Augusto dos Anjos...
O Estadão trouxe notícia importante sobre um diário até agora desconhecido, de uma adolescente alemã vítima do terror nazista: Lore Dublon.
Lore deixou com sua escrita o sofrimento do mundo sobre os males da guerra.
Viva Lore!
Por fim, o mesmo Estadão trouxe matéria de página inteira, muito bem-feita, sobre aquela menina que perdeu a cabeça mostrando as pernas numa universidade de São Paulo, onde estudava Turismo.
Pois é, ela virou banal.
Enquanto isso, artistas como o baiano Xangai e escritores como o mineiro Roniwalter Jatobá, se desdobram nas suas artes para ocupar um espaço desse tamainho num jornal qualquer do País.
Fui!
Ah! Sim: o Corinthians acaba de assumir a liderança do campeonato.

PS - A foto que ilustra estas mal batidas linhas mostra Sílvio Santos um tanto série falando com este escriba. Foi feita pelo fotográfo do Estadão, não sei se ainda, no dia 6 de maio de 1988. Um desafio a quem me ler: o que ocorreu na semana de 6 de maio daquele ano?

sábado, 13 de novembro de 2010

BARG PARTIU, MAS A REVIVENDO ESTÁ VIVA

Há um ano e um mês deixava a convivência terrena o pernambucano Leon Barg, criador do selo musical Revivendo, com sede no Paraná.
Por sua iniciativa foram relançados centenas de discos nos formatos de LPs e CDs, com músicas, na grande maioria dos casos, extraídas dos velhos bolachões de 78 rpm e trabalhadas com a perícia de mágicos, para ficarem audíveis.
Verdadeiras pérolas resultaram disso, mas de pouca tiragem.
Para poucos, portanto.
Por que são numericamente tão pequenas as tiragens da Revivendo?
A Revivendo é uma marca que deveria contar com o apoio direto de quem tem bom-gosto e sensibilidade.
Refiro-me, principalmente, a empresas da iniciativa privada e também da esfera oficial nos seus três alcances: municipal, estadual e federal.
Por que digo isto?
Porque é preciso preservar a memória.
E isso tem a ver com governo etc.
Não é fácil tocar adiante um projeto tão bonito como esse idealizado e praticado por Barg, agora sob os cuidados das herdeiras, esforçadas e idealistas como o pai, Laís e Lilian.
Pouquíssimos títulos foram à praça desde o desaparecimento do seu criador.
As razões são óbvias: dinheiro curto, burocracia e herdeiros lamentáveis.
Herdeiros põem dificuldades em tudo, pois querem mesmo é faturar de qualquer maneira.
Entre os novos títulos lançados, destaque para os três volumes Orlando Silva, O Cantor das Multidões; Vicente Celestino, Mia Gioconda; e Caprichos do Destino, de Jacob do Bandolin.
Meu amigo, minha amiga, saia daí e vá correndo à Fenac, à Cultura ou outra casa do ramo comprar, antes que se acabem.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

HOJE É DIA DE ALBERTO MARINO JÚNIOR

Ops!
Hoje é 12 de novembro.
No ano da revolução de 30 que mexeu com o Brasil, a partir da Paraíba, um paulistano do bairro do Brás, de nome Alberto Marino Júnior, tinha seis anos. Com essa idade, ele ouvia em casa o pai, também Alberto, tocando violino com graça e perícia. Achava bonito e gostava. Tanto que já por essa idade demonstrou querer seguir a carreira de artista.
No primeiro momento, o pai deu sinal verde e aos poucos o fez ler partitura e tirar as primeiras notas do instrumento que celebrizou Paganini.
O menino foi gostando cada vez mais disso, dessa história de música, e também começou a querer cantar.
O pai não gostou e o olhou de esguelha, fechando o sinal que abrira poucos anos antes.
Queria-o doutor, por saber que a vida de artista não é fácil.
Ele mesmo que o disse, pois era compositor e maestro e tinha composições famosas, como Rapaziada do Brás, que assinou com pseudônimo.
Bem, por essa o rapaz Júnior não esperava.
Embora obedecendo a vontade do pai, Marino Júnior continuou meio às escondidas a cantar e a tocar para pequenas platéias sem refugar os estudos, sem deixar a faculdade. Ao contrário: dedicou-se à carreia jurídica, de magistrado, e se transformou, nessa área, num dos maiores nomes do País.
Antes, porém, de virar doutor, se aproximou de grandes músicos e ganhou experiência, tanto que chegou até a gravar de forma profissional, ali pelos anos de 1940, durante o desenrolar da Segunda Grande Guerra.
Era-lhe, talvez, um escape diante das turbulências da época.
No fim dos 40, participou de uma gravação história: a do Hino do Palmeiras, embora fosse corinthiano.
O hino composto por Gennaro Rodrigues, codinome do cardiologista, maestro e arranjador italiano naturalizado Antonio Sergi, é um dos mais conhecidos dos times brasileiros.
Um dia, já casado e com filhos, foi à casa do pai para um abraço.
Nesse dia, um dia de abril, chegara um pouco antes o cantor argentino naturalizado Carlos Galhardo, chamado de rei da valsa.
Galhardo queria gravar uma música de que muito gostava: Rapaziada do Brás, mas a música não tinha letra.
Foi então que recebeu o desafio de pôr letra na melodia.
E assim, do dia para a noite, surgiram estes versos imortais:

Lembrar,
Deixe-me lembrar,
Meus tempos de rapaz,
No Brás
As noites de serestas,
Casais enamorados,
E as cordas de um violão
Cantando em tom plangente,
Aqueles ternos madrigais.
Sonhar,
Deixe-me sonhar,
Lembrando aquele amor,
Fugaz,
Numa sombra envolta na penumbra,
Detrás da vidraça,
Faz um gesto lânguido,
E cheio de graça,
Imagem de um passado
Que não volta mais.
Tão somente,
Numa recordação
Restou daquele grande amor,
Daquelas noites de luar,
Daquela juventude em flor,
Hoje os anos correm muito mais,
E as noites já não têm calor,
E uma saudade imensa,
É tudo o quanto resta
Ao velho trovador.

PS - na foto que ilustra estas linhas aparecem o misto de compositor e cientista Paulo Emílio Vanzolini (E), o papai aqui no meio e o aniversariante do dia.

sábado, 6 de novembro de 2010

A CULTURA DO CONTRA

A polícia apreende material nazista no Rio Grande do Sul, é o que acabo de ler no UOL.
Leio também que no sul da França, em Bierrtiz, o tucano Serra meteu o bico no que não deveria durante uma palestra em campo fechado, dizendo que o Brasil desindustrializou-se e adotou o populismo de direita, no tocante à economia.
Ora, ora, putz!
O pau começou, ou melhor: continua.
Era esperado.
Serra disse também que o País está fechado para o Exterior.
Dá pra comentar?
Para o derrotado, parece que o fundo do poço é o seu habitat.
Como pode um brasileiro torcer tão vergonhosamente para que o Brasil dê errado?
“Por que não te calas?”, indagou um dos integrantes de cuja platéia o quase Zé falava.
Na televisão há pouco, Lula pediu calma, compreensão, paz da parte da oposição, com relação ao novo governo que ainda nem começou.
É isso.
Cala-te, Serra!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A VIDA É DO TAMANHO DE UM COPO

Do tamanho de um copo e também transparente, sei lá!
Esclareça Roniwalter Jatobá, mineiro que sabe dessas coisas muito melhor do que eu...
Há pouco falei de escola, educação e cultura. E também de discriminação, sacanagem etc.
É a minha fala.
Falei até para quem prefere viver no esgoto da escuridão do tempo, detonando nordestinos à toa, sem saber por quê.
Talvez porque nem saibam quem são...
É bom viver na plenitude, sem sacanear, sem fazer mal.
Há espaço para todos...
Acordar todo dia é bom como quê.
E só isso bastaria como razão de viver a vida bonita que somos.
Quando os radicalmente contrários a tudo entenderem isso...
A morte é uma tragédia e dela não há como escapar.
Nesse ponto, nos conformemos.
Uma coisa explica a outra.
Pensemos.
Augusto dos Anjos disse tudo a respeito da vida e da morte.
É inquietante a questão.
Que o diga um amigo Peter, nordestino filho do trágico que vive em dores por não ser o mundo o que na sua visão deveria ser.
Mas sofrer não vale, sabemos quem tem um mínimo de lucidez.
A tragédia é o ar dos mortos.
O sublime é a vida em graça.
Sempre.
Shakespeare já disse através de seus personagens.
Os tristes carregamos connosco os males do mundo.
Não vale e não nos esqueçmos: somos do tamanho de uma boa conversa e de um copo cheio de versos e alegrias.
Tim, tim.
Pois bem, eu dizia há pouco sobre escola, educação e cultura.
Ao passar o olho agora no noticiário do UOL, deparei com a notícia de que subimos o Brasil na escala IDH, o Índice do Desenvolvimento Humano.
Embora diga a notícia que isso é bom, ela trás um “mas” nas entrelinhas: continuamos abaixo do índice medido nos demais países da nossa América.
PQP!
Os frustrados transferem mágoas.
A Dilma que se cuide.

Há uma pedra no caminho
Há muitas pedras no daminho
No camino há muitas pedras
Que se danem as pedras do caminho!

À vida!

LUGAR DE PRECONCEITUOSOS É ESCOLA

Só agora, com algumas pessoas se manifestando a respeito do texto de ontem, é que me dei conta de que escrevi: “...nove Estados e mais de 50 mil habitantes...”, quando o correto seria: “...mais de 50 milhões de habitantes num território que ultrapassa 1,5milhão de Km²”.
Na verdade, segundo dados do IBGE divulgados há dez anos, o Nordeste, região geoeconômica de povoamento mais antigo do País, tinha 53.591.197 ou seja: 27,99% do total da população brasileira, cuja estimativa era de 191.480.630 pessoas; atrás, apenas, do Sudeste com seus 80.915.332 cidadãos, ou 42,26% do total de residentes no território nacional; incluindo os estrangeiros, que já passavam dos 100 mil.
Cabral desembarcou em 1500 na Costa baiana, quem não sabe disso?
Foi lá, também, que se realizou a primeira missa...
Sim, a maioria do povo brasileiro é católica; mas não precisa ninguém sair por aí erguendo e beijando miniaturas de santos...
O Sudeste é formado pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Nas últimas eleições, Dilma Rousseff ganhou na região capixaba no primeiro turno e perdeu no segundo, com diferença não muito grande. Mas em compensação ganhou nos dois dos três maiores colégios eleitorais: Rio (60,48%) e Minas (58,4%).
A primeira presidenta eleita pelo voto livre no País ganhou em 15 Estados e no Distrito Federal e Serra, em 11.
Há de se convir: nada mal para quem sempre alimentou de maneira obssecada a ideia de ser presidente da nação, desde tempos de antanho.
Ser presidente do País, ora, não pode ser simplesmente um projeto pessoal.
Tem de ser coletivo, abrangente, para ser forte e bonito.
A pergunta que se faz costumeiramente a meninos e meninas de qualquer parte do mundo, e a Serra também foi feita, é:
- Você vai ser o que quando crescer?
Geraldomente pais corujas riem felizes quando a resposta é de efeito, grandiosa na ingenuidde infantil; mas, claro, isso nunca deve ser levado tão a sério como Serra levou.
Pôxa, e logo ele que teve tanto tempo para aprender e não esquecer nenhuma das regiões do País, mas esqueceu.
Esqueceu o Nordeste, os nordestinos, como Fernando Henrique seu amigo sempre esquece, e quando lembra é pra dar pau e tirar sarro.
Sabe-se porque está na Internet suas declarações e na memória da gente as besteiras que tanto dizem.
Lembram da história do Rei do Baião?
Pois é, Serra nem o conheceu e disse que fora seu amigo apenas para ganhar simpatia e votos.
Isso não pega mais.
Na verdade, nem Serra e nem FHC gostam de quem nasce onde nasceram Ruy Barbosa, Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, João do Vale, Vandré, João Pessoa, Pedro Américo, Lula, Câmara Cascudo, Gilberto Freyre, Augusto dos Anjos, Jorge Amado, Eleazar de Carvalho, Patativa do Assaré, Gonçalves Dias, Manuel Bandeira, Capiba, Vitalino, Manezinho Araújo, Humberto Teixeira, Zé Dantas, Pedro Américo, Nélson Ferreira e milhares e milhares, milhões de grandes seres que vingaram por aquelas bandas de sol ardente.
Pena, não é?
E a história do Padre Cícero?
Pois é, foi até Juazeiro...
O Brasil é de todos e tem de ser governado para todos.
Ah! sim, e Serra respondeu:
- Presidente! Eu quero ser presidente da República.
Tinha uns cinco anos de idade, segundo a lenda.
Numa de suas entrevistas à Globo, acho que no SPTV apresentado por Chico Pinheiro, o governador renunciante declarou uma vez, como candidato a prefeito também renunciante da 5ª maior cidade do planeta, São Paulo, que o baixo nível escolar registrado nessa cidade se devia à presença dos migrantes, dos nordestinos.
Deus do céu!
É a história de que a violência em São Paulo era culpa dos nordestinos. Foi se ver em pesquisa da Secretaria de Segurança Pública e... nada disso.
Colhe-se o que se planta, não é mesmo?
Lembro também que em 1990 tramitou na Câmara Municipal um projeto visando impedir a entrada de nordestinos na capital paulista. A proposta era do vereador Bruno Feder, que já não é vereador nem nada, pois foi reprovado pelos eleitores nas urnas que deram vitória a Dilma.
Agora não tem como não lembrar a canção João e Maria, do paraibano Geraldo Vandré e do rio-grandense do Norte Hilton Acyoli, que termina assim:

Quem sabe o canto da gente
Seguindo na frente
Prepare o dia da alegria...

No texto de ontem também usei erradamente a palavra xenofobia, para designar os preconceituosos de linha nazista.
Xenofobia serve para classificar quem defende com veemência as cores do seu país, criticando especialmente a influência estrangeira.
Lugar de preconceituosos é a escola.
E tenho dito.
Estudo neles!
Atenção: o Diário Oficial da União, edição de hoje, traz dados preliminares do último Censo iniciado no mês de agosto passado, indicando que a população brasileira é de 185.712.713 de pessoas.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

PRECONCEITO É MAL QUE ATROFIA A MENTE

Recebi hoje uma enxurrada de e-mails com mensagens desagradáveis, desabonadoras, humilhantes aos brasileiros nascidos no Nordeste; todas de pessoas insatisfeitas com o resultado das eleições que chancelou Dilma Rousseff como a primeira presidenta do País.
Poxa vida, isso deveria ser motivo de grande orgulho para todos os brasileiros...
As mensagens que estão circulando livremente na Internet são lamentáveis, agressivas.
Deixam entender que nascer no Nordeste é algo dos infernos, um pecado, uma coisa ignóbil, condenável ou doença contagiosa e incurável.
Deus do céu, por que tudo isso?
Hitler deu exemplo do que não presta.
Por que seguir Hitler?
Por que tê-lo como exemplo?
Por que humilhar a vida?
É isso o que fazem crer as pessoas que depreciam tanto os brasileiros nascidos no Nordeste, região bonita formada por nove Estados e mais de 50 mil habitantes num território que ultrapassa 1,5 milhão de Km².
Não há gente de segunda classe no mundo, como pensam os xenófobos, os agressores da vida, que, aliás, covardes, não se identificam com a clareza necessária nas suas mensagens horrorosas e até mal escritas.
Essas pessoas vivem na escuridão da ignorância e por isso, acho, merecem uma chance: a de estudar.
Elas não sabem que além de se fortalecer cada vez mais ante os olhos do mundo, o Brasil está crescendo bonito, e a passos largos, para a alegria e o bem-estar da população de bem, trabalhadora.
Ser nordestino não é defeito.
Defeito é discriminação, preconceito; um mal que atrofia a mente.
O Brasil é habitado por pouco mais de 190 milhões de seres humanos, mais precisamente 191,5 milhões, segundo dados do IBGE divulgados no dia 13 de agosto do ano passado.
O “pouco mais” a que me refiro é a minoria que por uma razão qualquer preferiu se entortar na vida a viver em sociedade, com decência.
Não há decência na discriminação, independentemente do tipo de discriminação.
A essas pessoas que escolheram viver tortas no quintal da ignorância lhes rogo um futuro escolar.
A educação faz milagres.
Antes, porém, de irem à escola, deveriam ser identificadas na forma da lei e levadas a julgamento.
Não será difícil às autoridades identificá-las.
A pena poderia ser anos de estudo sobre o Brasil e brasileiros.
Um exemplar da Constituição de 1988 também cairia bem nas mãos dessas pessoas.
Quem sabe, assim, aprenderiam algo importante: que somos todos iguais perante Deus e a Constituição.
Poderiam também ouvir a canção Caminhando ou Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré, um nordestino reconhecido no campo das artes no mundo inteiro.
E não nos esqueçamos: o preconceituoso é capaz de tudo.
Detalhe: Dilma teve mais de 12 milhões de votos de diferença, a mais, com relação a seu concorrente, José Serra. O Nordeste lhe foi inteiramente favorável nas urnas, lhe dando 10.717.434 votos.
Façam as contas.
Pois é, ela ganharia de qualquer modo. E ainda assim a diferença seria superior a 1,5milhão de votos.
Uma boa noite a todos e até amanhã.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

EDUCAÇÃO É CULTURA

Depois de uma enxurrada de votos a favor da primeira mulher eleita pela vontade popular, no Brasil, um alívio: todos podem continuar a caminhar de cabeça erguida, sem medo de papa-figo.
E também podem, os mais humildes, caminhar de pés calçados para evitar a quentura torturante do chão.
O chão quente, fervente, assim feito pelo sol escaldante das horas do meio-dia, racha pés e racha almas.
E no Nordeste, principalmente no sertão, quase sempre é meio-dia...
Fernando Henrique sabe disso?
- Sabe não.
Serra sabe disso?
- Sabe não.
O que Serra sabe é que o Nordeste existe; mas ele só soube disso agora, para seu desassossego.
Quer dizer, não adiantou dizer que foi amigo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, quando na verdade sequer o conheceu.
Não adiantou ir à terra do Padre Cícero... Pra que?
Não adiantou pegar terço, escapulário, ir à missa e dar beijinhos coreografados nas ruas de Recife, para uma multidão em câmera fechada.
É preciso ter fé no Brasil, no seu povo, nos seus mitos.
Não adianta prometer o que não dá pra cumprir.
É preciso respeito, ora.
Os nordestinos demonstraram respeito por um Brasil que lhes dá respeito, o que me fez lembrar uma coisa que Rei do Baião me disse há muito tempo:
- O nordestino não é pobre e nem é besta, mas é explorado. E isso não é culpa sua, é culpa dos governantes.
A mesma história da mais-valia de que me lembrava o cantor Taiguara.
A exploração do homem pelo homem.
Coisa antiga, mas ainda em voga no campo e na cidade.
Como mudar essa tristeza, como mudar essa realidade?
Através da escola, da formação profissional, da formação cidadã, da cultura e da educação, sabemos.
É por aí, pelo caminho da educação e da cultura, molas propulsoras do bem-viver.
Ninguém nasce pra sofrer, não é mesmo?
Por ser secularmente explorado e abandonado, o nordestino sabe perfeitamente reconhecer quem trabalha e quem o explora e o abandona.
O resultado foi o que se viu.
Agora me vem à tona uma imagem, esta:
Serra no dentista.
O dentista com seus instrumentos de trabalho à mão:
- Abra a boca e diga: Diiiiiiilma.
Hahaha, brincadeirinha.

CASAMENTO
O conterrâneo Sinval Sá, autor do livro O Sanfoneiro do Riacho da Brígida, sobre o rei do baião Luiz Gonzaga, telefona coberto de razão para dar bronca a respeito da minha ausência na festa de casamento de sua neta Thais com o filho de seu Jorge e dona Vera, Luis, no dia 29 último, aqui em São Paulo. Pôxa vida, que cabeça doida essa minha! Imperdoável.

LANÇAMENTO
Os amigos Arievaldo Viana, cearense, e o pernambucano Jô Oliveira, participaram no ´pultimo sábado da maior feira literária a céu aberto das Américas, em Porto Alegre. Os dois lançaram os folhetos de feira 300 Onças e Coco Verde e Melancia, adaptados do livro Contos Gauchescos, coletânea do folclorista gaúcho Simões Neto. Não os li, mas já gostei. Fica o registro.