Outro dia, cá neste espaço, encerrei texto dizendo estar na hora de pararmos de jogar lixo na rua.
Agora, lendo o blog do amigo Carlos Brickmann, competente língua de fogo do jornalismo pátrio, fiquei sabendo que o confrade Mauro Chaves, editorialista do Estadão e sanfoneiro nas horas vagas, como me disse um dia na casa do pianista João Carlos Martins, indagou num dos seus escritos a razão de não jogarmos lixo nas ruas da Suíça e os suíços jogarem lixo nas nossas ruas.
Ora, as leis de lá são outras.
Lá nas lonjuras suíças não se pode jogar lixo nas ruas, mas aqui tudo ou quase tudo pode sem que se cumpra o rigor da lei.
Ora a lei!
Questão de educação, não é?
Nas plataformas e interior dos trens do Metrô paulistano não se vê lixo, já logo à saída...
Brickmann cita Chaves para falar dos políticos de São Paulo e do Rio, diante das tragédias provocadas frequentemente pelas chuvas. Ele fala do lixo dos rios Tietê e Pinheiros e lembra que Alckmin governador chegou a elogiar o seu antecessor por retirar cerca um milhão de metros cúbicos de lixo das águas fedorentas dos rios, mesmo deixando lá outros quatro milhões e tralalá que promete retirá-los até o fim do seu mandato.
É esperar pra ver.
Com relação ao Rio, o nosso língua de fogo lembra que a ex-secretária de Serviços Sociais de Lacerda, Sandra Cavalcanti, tentou extinguir casas e casebres das encostas dos morros, mas não conseguiu. Houve até show em protesto e uso de música (Opinião), de Zé Kétti, que diz:
Podem me prender,
Podem me bater,
Podem até deixar-me (sic) sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio, não.
Se não tem àgua,
Eu furo um poço
Se não tem carne,
Eu compro um osso e ponho na sopa
E deixa andar, deixa andar...
E outra (Ave Maria no Morro) que fala da vida da gente que vive pendurada nos barracos, nos barrancos, de Herivelto Martins, que diz:
Barracão de zinco,
Sem telhado,
Sem pintura, lá no morro,
Barracão é bangalô.
Lá não existe
Felicidade de arranha-céu,
Pois quem mora lá no morro
Já vive pertinho do céu.
Tem alvorada,
Tem passarada...
A primeira foi feita especialmente para o show Opinião e gravada no LP nº 632.732 A Opinião de Nara, Philips, e depois inserida no LP nº 632.775 Show Opinião, Philips, gravada ao vivo no dia 23 de agosto de 1965; enquanto a segunda, anterior a Opinião, foi gravada originalmente em disco de 78 rpm Odeon, no dia 5 de junho de 1942, pelo Trio de Ouro, à época formado por Nilo Chagas, Dalva de Oliveira e Herivelto Martins.
Pois é, na Suiça a educação e o bom-senso recomendam não jogar lixo nas ruas.
CHICO BUARQUE
Recebo e-mail esculhambando o compositor Chico Buarque de Hollanda. Pois é, aí está: até os nossos grandes artistas são apedrejados irracionalmente, injustificadamente, em carta sem identificação do autor. Opinar sem se identificar é covardia, minha gente. Por que isso, alguém explica?
PS - Na foto, Zé Kétti com o blogueiro num ano que não sei qual.
Acho que já éhora de todos nós formandores de opinião cobrarmos com mais veemência a ação de nossos governantes que se esmeram e fazer administrações de aparência.O resultado aparece em todo início de ano em razão das chuvas, enchentes e desbarrancamentos. Depois que as águas de março vão embora tudo se acalma e os governantes retomam a hipocrisia de sempre e nada de efetivo acaba sendo feito para se evitar os resultados ruins das próximas chuvas. Por falar em águas de março, até mesmo a casa onde morou o saudoso compositor Tom Jobim foi destruída pela chuva em Teresópólis e não me consta que ele morava em área de risco. Isto significa que todos nós estamos em uma imensa área de risco, pois diante de qualquer temporal corremos o risco de ter nossos carros tragados pelas correntezas que se espraiam por nossas ruas e avenidas. Quem sabe no dia em que algum político famoso morra afogado em uma enchente, se faça alguma coisa.
ResponderExcluirGeraldo Nunes - Jornalisa