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quarta-feira, 18 de abril de 2012

UMA REVELAÇÃO FAÇO HOJE, COMPARTILHEM

Eu vou revelar uma coisa.
Uma coisa que, de certo modo, passou em branco a mim.
Eu sou displicente.
Uma coisa simples quero dizer, bonita, como são as coisas simples.
Um dia, eu quis gravar algo do Guimarães Rosa, um mestre reinventor da nossa língua como o cantador repentista Zé Limeira.
A primeira página do Grande Sertão: Veredas, eu queria gravar.
Gravei.
De uma tomada só, sem repetição.
Ou eu estava inspirado, que é uma bobagem isso, ou eu estava tomado do Rosa, que para as sensibilidades não é e nunca será novidade.
E aí saiu.
Acho até que ficou bonito o texto que interpretei da primeira página de Grande Sertão.
Uma das minhas filhas, Clarissa, caçula, linda, disse que adorou o que gravei; tanto que prometeu fazer, digamos, uma ilustração para o áudio que ouviu.
Surpresa pra mim: incrível!
E só hoje, imperdoável, eu vi/ouvi o que ela fez.
Confiram clicando abaixo o texto A Seca Volta a Arder no Nordeste.
Uma leitura expressa por João Duarte, filho, em O Sertão e o Centro, de 1939 (Livraria José Olympio
Editora), começa assim:
“O sertão era o Nordeste. Sertão brasileiro que só se entremostrava, antigamente, nas eternas lamentações contra as secas, contra o êxodo eterno dos homens magros, das mulheres esqueléticas, dos meninos famintos, de todas aquelas populações desgraçadas, fazendo fila nas estradas poeirentas, como se fossem uma centopeia humana; o sertão era o Nordeste que somente aparecia no resto do Brasil para fornecer homens para a guerra, para encher efetivos policiais estaduais e de batalhões de marinha, para pedir auxílios que não se davam e que morriam, como o sertanejo, nos exercícios findos dos orçamentos. O sertão era o sol e a falta d´água...”
O Nordeste tem muito mais a dar, mas o rádio e a televisão, os jornais e as revistas de hoje não falam disso.
Por que, hein?
Ficamos por cá.

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