No dia 11 de abril de 1951, por volta das 14 horas, o violonista paulistano Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, entrou no estúdio da multinacional Odeon no Rio de Janeiro e gravou, de sua autoria, o chorinho Paulistinha Dengosa.
Além dessa música gravada naquele dia, ele anotou no seu diário a gravação de mais três, entre as quais duas de Ary Barroso.
Paulistinha Dengosa foi à praça no lado A do disco de 78 RPM nº 13.312, em agosto de 1952; portanto, há 60 anos.
Além de violão e cavaquinho, Garoto tocava bandolim, guitarra havaiana, banjo, violino, contrabaixo, violoncelo, piano e harpa.
"E era também um grande amigo", recorda saudoso o instrumentista e compositor também paulistano Mário Abanese, seu parceiro numa música: Amor Indiferença (partitura acima).
Garoto não era brincadeira, e por não ser brincadeira ele se transformou num dos maiores e mais completos artistas da música brasileira.
Pena que o seu nome ande hoje em dia tão esquecido.
Garoto modificou a forma de tocar cordas.
Mas ao contrário de Luiz Gonzaga, o rei do baião, a sua genialidade é referida apenas numa música composta, aliás, por seu amigo Mário Albanese, intitulada Meu Amigo Garoto.
Garoto tinha grandes amigos, como o humorista José Vasconcelos
Da sua morte, ocorrida no dia 3 de maio de 1955, o humorista soube quando se achava nos estúdios da extinta TV Tupi. Palavras dele: "Garoto era para mim um irmão. Um grande músico que não teve sucesso porque não fazia música popular. Era exímio tocador de violão. Quando todo mundo tocava com quatro dedos, ele usava os cinco. Um fabuloso artista que a morte roubou do Brasil. Chorei e o público sabia que eu contava piadas chorando. Recebi uma grande ovação quando dei explicações porque eu chorava. Foi o dia mais aborrecido de minha vida".
Na edição de 2 de abril de 1961 do Diário da Noite, o repórter Moacyr Jorge dizia que José Vasconcelos valia “por uma companhia de comédia” e o seu show era de “duas horas de gargalhadas com humorismo sadio”. Encantado, ele reconhecia ser Vasconcelos impressionante na “imitação de figuras da música, do rádio, e da política”.
Fica o registro.
Em toda a sua trajetória musical, Garoto alcançou sucesso apenas com uma obra: o dobrado São Paulo Quatrocentão, resultante de parceria com o maestro Chiquinho e gravada nos estúdios da Odeon no dia 19 de agosto de 1953, para os festejos do 4º centenário da capital paulista. Ela lhe rendeu cerca de US$ de 30, referentes a direitos autorais.
MÁRIO ALBANESE
No próximo dia 15, a partir das 15 horas, Mário estará no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, prestando depoimento sobre o Jequibau, ritmo musical 5/4 que criou junto com o maestro Ciro Pereira. O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo localiza-se A Rua Benjamim Constant, 158, próximo à tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde, aliás, estudou.
CANTORIA
Hoje às 21 horas tem cantoria das boas promovida pelo paraibano Rafael de Souza, no estabelecimento comercial da Rua Prof. Campos de Oliveira, 480, Jurubatuba, Santo Amaro. Lá estarão de violas em punho os repentistas Ivanildo Vila Nova e Severino Feitosa, dois craques da poética do improviso. Mais informações pelo telefone 5521.2677.
Uma vez Severino se saiu com estes versos em estrofe de gemedeira, que é uma das dezenas de modalidades do mundo da cantoria:
Assis Ângelo é passarinho
Que nesta floresta voa
Mas lembra de Cabedelo,
Tambaú e Alagoas
E não tira do coração
Ai, ai, ui, ui,
A capital João Pessoa.
BIBI FERREIRA
E hoje tem, também, a estreia de Bibi Ferreira no Teatro do Shopping Frei Caneca. Começa às 21 horas. Bibi é a mais completa atriz brasileira.
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