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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

REGISTROS NECESSÁRIOS

Quero deixar aqui uns registros que julgo necessários, 1º:
- Foi com surpresa que vi hoje na Folha de S.Paulo chamada de 1ª página sobre a morte do flautista Altamiro Carrilho.
Isso é interessante, por que desde quando um jornalão como a Folha faz isso com artista brasileiro? O segundo passo agora é o jornal reconhecer e falar dos grandes nomes das nossas artes que ainda estão por aí.
À guisa de curiosidade: a última vez que Altamiro se apresentou na capital paulista foi na noite de 25 de fevereiro último, no Sesc Santana, por iniciativa nossa, e que quase, quase, não era aceito; como quase, quase não era aceito o nome de Inezita Barroso.
Os dois lotaram o teatro.
Pena não termos imagens da Inezita na ocasião, porque não nos foi permitido fazer.
A sua apresentação foi na noite de 25 de janeiro, no aniversário de fundação de São Paulo.
A lamentar: noutra ocasião sugerimos a apresentação de Carmen Costa e Sivuca no espetáculo de que participamos no Sesc Pinheiros, no Projeto Música do Brasil (Baião), entre os dias 25 e 26 de novembro de 2006, com Dominguinhos, Carmélia Alves e outros aristas.
Eu era o mestre de cerimônia.
Não aceitaram a nossa sugestão e logo depois Carmen e Sivuca partiram, levando alguma tristeza e muita história.
Sim, foi duro trazer Altamiro; e foi duro também conseguir autorização para entrevistá-lo no palco.
Meu Deus, quando todos vamos perceber a importância dos nossos artistas?
Detalhe: na ocasião eu era o curador da exposição-instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo.
Ah a burocracia!

BIENAL
Mas justiça seja feita: foi muito boa a maneira como o pessoal do Sesc nos tratou no Salão de Ideias da Bienal do Livro que termina dia 19. O tema que abordamos, eu e o fotógrafo Tiago Santana, foi o poeta Patativa do Assaré.

MÁRIO ALBANESE
Aproveito o espaço aqui para perdir desculpas ao artista mário albanese por não ter podido comparecer ontem à gravação de depoimento seu ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, onde estarei em conferência no próximo dia 22, Internacional do Folclore. a minha ausência deveu-se ao fato de eu estar pondo pontos finais ao texto que virará livro sobre o rei do baião Luiz Gonzaga, a ser publicado ainda este ano pela Cortez Editora. Extrapolei todos os prazos.

2 comentários:

  1. Quem sou eu seu moço?
    Sou um turista forçado na bancada de um pau de arara, despejado por aqui ha muitos anos atrás, quando o frio cortava feito navalha quem de muito longe trazia uma camisa "volta ao mundo", e um monte de sonhos perdidos num matulão improvisado amarrado com embiras colhidas no serrado.
    Quem sou eu seu moço? um dormidor por sobre sacos de cimento, para fazer a tua luxuosa morada. Sou aquele, que com álcool numa "espiriteira" improvisada aprontava a gororoba amarga e tão longe de ser considerada uma verdadeira refeição merecida, após um exaustivo dia de labuta, em que a
    sobremesa, era uma banana mergulhada na farinha para dar maior sustento.
    Sou um equilibrista nos andaimes da vida lutando para o destino não me lançar ao chão da discriminação. Sou aquele, que por descaso ou deboche, tu me chamavas de baiano, sem nem se quer saber a minha naturalidade.
    De onde eu vim, tem mais oito estados empobrecidos (aos teus olhos) pela riqueza de quem tanto lhes exploram.
    Sou aquele, que construiu a tua casa, mas que hoje, nem na calçada atrevo-me pisar. Não posso queixar-me tanto; pois me lembro de que Jesus (O Santo filho de Deus) era carpinteiro e só pregava o amor e a bondade. Porém, numa cruz amadeirada pelo Homem, foi crucificado, humilhado e morto.
    Mas doutor, em cada vão da tua casa tem um dedo meu, uma gota de suor caída, num canto qualquer, uma lágrima que lavou minha saudade, ao lembrar de quem bem longe um certo dia (carregado de ilusões) para traz deixei.
    Eis-me aqui doutor, humilde, mas sem aceitar humilhação sua ou de qualquer um desses teus amigos que acham que cabras como eu, nasceram apenas para te servir.
    Trago orgulho da minha NORDESTINIDADE, Escrevo a minha NORDESTINOGRAFIA como forma de Brasilidade, Pois toda NORDESTINOLOGIA, hoje ensina a quem nunca se ligou para aprender o que é ser Brasileiro de fato.
    O meu NORDESTINAMENTO doutor, é forte descrito por Euclides da Cunha ao acompanhar de perto, o massacre covarde de um povo. E devo lhe dizer: No mundo, não há NORDESTILOGRAFO mais inteligente, que o matuto que planta em terra dura, o sonho do seu próprio sustento, e que não está nem ai para o que o senhor pensa dele.

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  2. Carlos Silva - poeta e cantador

    "SERTANEJANTE"


    Na simplicidade versativa da minha filologia, desnudo por entre versos a essência da mais bela paisagem versativa, numa viagem pelo meu sertão agrestino tão meu e brasileiro.
    Sou um toco de jurema brotando por entre o gravatá da caatinga, o florescer de uma nova cantiga chamada poesia, desfilando pelas veredas abertas da minha inspiração, o dom mais sublime em descrever o meu torrão amado.
    Hoje, (aquilometrado pela distancia) sinto o cheiro da saudade aperfumar o meu sentido mais íntimo de vontade de pisar de novo neste sagrado solo.
    Em meio a violeiros tantos, rimadores repentinos, cantantes de diversas modas entoando cultura popular em cada acorde ou nota soprada ao vento. Sou um pedaço de tudo isso, abeiçando as iguarias mais gostosas do meu lugar,
    Um açude, um pé de serra, um tanque grande bem maior que meu sonhar, desaguando minha meninice teimando as ordens de mamãe corretivas em não banhar-me por ali.
    Ahhh saudade. Porque teima em cutucar-me o juízo.
    Visto que antes, os versos de duplas como Dadinho e Caboclinho, a tocante sanfona de Josa vaqueiro do sertão, Marines e sua gente numa lonagem de circo de rua, me faziam sonhar com o mundo das artes e do entretenimento.
    Eram teatros abertos aos olhos imagináveis de vontades despertando em cada pulsar o querer ser também eu a estar ali Arteando para o povo ver e ouvir.
    Onde estão as duplas de meio de feira, o gritar estatelado do propagandista oferecendo suas ervas de tudo quanto era cor?
    Onde está à infantilidade doutrora que hoje me faz passear pelas letras o meu sentir?
    Se a vida é também para ser lida, elevo meu pensar nos sertões de Guimarães cheirando todas as rosas da busca.
    Feito Fabiano, bebo em fontes de esperança o meu viver, evitando a secura e a cegueira do não encontrar.
    Ahhh meu sertão amado, cercado de tantos diferentes sotaques e longe de refinos gramaticais. Amo a tua simplicidade sertanica e o teu jeito mais puro de ser e sentir, pois assim, mutuamente, nos completamos a cada palavra solta.
    Entre o sertão e eu, não carece tanto ismo pois nos aceitamos e nos acostumamos nessa cumplicidade de ritos, mitos e gestos tão nossos, de nosso povo suado e sonhante sem exigir da vida, mais do que o necessário para viver.
    A labuta bruta me basta e assim em cada pedaço de mim vivido, tenho Itamira-Ba, como fonte inspiradora do meu viver.

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