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domingo, 30 de setembro de 2012

TVS FATURAM ATÉ NA MORTE DE HEBE

Hebe Camargo nasceu em 1929, mesmo ano e um mês antes de o tieteense Cornélio Pires lançar o primeiro lote de discos independentes de um total de 52, cujo conteúdo eram o canto e o humorismo dos artistas caipiras paulistas daquele tempo. 
Ela própria, nascida em Taubaté, incorporaria o estilo do cantar rural na dupla Florinda e Florisbela, que formaria nos anos 1940 com a irmã Stella; e com a mesma irma, mais as primas Helena e Maria, o quarteto Do, Re, Mi Fá, de curta existência.
Hebe, que gravou sambas, boleros e outros ritmos primeiramente em discos de 78 RPM, depois em LPs e CDs, não resistiu ontem de madrugada a um ataque cardíaco e morreu; e a sua irmã bem antes.
Ela brilhou na telinha de fazer doido desde a sua implantação no Brasil em 1950, pelo paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo.
A cerimônia de sepultamento do seu corpo, das 6h46 as 11 horas no cemitério São Paulo, rendeu valiosos pontos do Ibope ao SBT, que ultrapassou a Record e empatou com a Globo dos Marinhos.
É a vida.
Ou: a vida é de morte.
Ou: de morte vive a vida.
Ou: sei lá!

EXPOSIÇÕES
Pelos menos três das cinco exposições/instalações inauguradas ontem de manhã no prédio da Caixa Cultural de São Paulo, ali na Praça da Sé, 111, merecem ser visitadas com carinho: Os Robôs de Alamon, do uruguaio Gustavo Alamon; Sobre Anjos, Santos e Guerreiros, do baiano Marcos de Oliveira; e Gepetos de Praga, a Arte Viva das Marionetes da Republica Tcheca, produzida por Terra a Vista Comunicação, Marketing e Cultura, com curadoria assinada por Clovis Arruda.
Essa última encanta e enche de alegria os olhos e coração de crianças a adultos. Belíssima.
Nela se acham a arte e a tradição das marionetes da Republica Tcheca.
É uma retrospectiva com peças que abrangem períodos que somam quase 200 anos. Nenhum detalhe dessa exposição e irrelevante.
E como se não bastasse, as crianças encontram lá um amplo espaço para aprender e se divertir com amigos, pais e avós.
A entrada é franca, como franca é a entrada para a exposição de Marcos de Oliveira e a de Gustavo Alamon.
Essas duas são também incríveis, sob todos os aspectos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

TIM, TIM!

Centenas de mensagens de grupos artísticos, entidades culturais e amigos de todo o País e até do Exterior baixaram ontem e hoje no Facebook e na minha caixa eletrônica, felicitando por meus primeiros 60 anos de vida.
Mensagens até em árabe, como esta de Peter Alouche:
عيد ميلاد سعيد(Feliz aniversário)
E poemas como este, de Luiz Wilson:

A família do cordel
Do Forró, do repentista
Cumprimenta o menestrel,
Pesquisador e Jornalista
Que deixou João Pessoa,
Rumo á terra da garoa
E se tornou grande ARTISTA!

E este, de Pedro Monteiro:

Meu querido companheiro
Que tudo na tua vida,
Seja uma estrada florida
De vislumbrar altaneiro!
Que navegue o teu veleiro
No mais propício cenário,
Assinale o calendário
Com a tinta da alegria,
Pôs compus esta poesia
Para o teu aniversário.

E exageros como este, de Ayrton Mugnaini:
- Há 60 anos tivemos uma troca de Franciscos... O Alves infelizmente nos deixou e o Assis chegou... Esperamos que Assis fique ainda mais tempo aqui, e de qualquer forma ambos são eternos! Felicitações e um e-abração.
Alguns amigos enfrentaram a noite fria para um abraço pessoal aqui em casa. Atualizando conversas e brindando a data, conosco estiveram o cordelista Marco Haurélio, o ator Alessandro Azevedo, o pintor Aristides Sergio Klafe, o advogado Roberto Marino, filho dos autores da valsa-choro Rapaziada do Brás; o maestro Mário Albanese, os músicos Papete e Jorge Melo, as cantoras Célia e Celma, o escritor e vice-presidente do Instituto Memória Brasil, Roniwalter Jatobá; os jornalistas Wilson Baroncelli, Eduardo Ribeiro, Matias José Ribeiro e Denise e Antônio Carlos Fon, além dos multimídias Rodolfo Zanke e Darlan Ferreira; os dois maiores craques da digitalização no Brasil, Ricardo Cavalheira, o Franja, e Felipe Sander; mais minhas filhas Clarissa e Ana, a minha companheira Andrea e sua irmã, Adriana; Marina, Pedro, Ivone, Joel, Daniel, Tadeu...
Agradeço a todos que de uma forma ou de outra se manifestaram pelos sessentinhas.
Claro: eu gostei da festa, pá!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A CULTURA POPULAR CHEGA AO EXÉRCITO

Foi muito bom estar hoje, de manhã, falando sobre cultura popular no auditório do Comando Militar do Sudeste, aqui na capital paulista.
O tema foi incluído no VI Ciclo de Comunicação Social “O Exército Brasileiro na Sociedade: Aproximar para Conhecer, Conhecer para Informar”.
Foi a primeira vez que isso ocorreu – de alguém falar sobre esse assunto – numa das unidades do nosso Exército (registro no clique do midiático Darlan Ferreira).
Senti-me honrado.
Até o general Adhemar da Costa Machado Filho, comandante militar da região, esteve presente.
A plateia, formada por militares e estudantes universitários, esteve atenta.
Várias perguntas, todas inteligentes, foram feitas após a explanação sobre a importância da cultura popular na formação das pessoas e da sociedade.
E eu as respondi, com carinho.
A cultura popular - eu digo sempre - é instrumento forte de uma nação, como as forças armadas.
Não esqueci, evidentemente, de falar sobre cordel e repentistas; de Shakespeare, cuja obra é quase toda baseada na cultura popular; dos irmãos Grimm, de Monteiro Lobato, que dizia que "um país se faz (forma) com homens e livros; Câmara Cascudo, Sílvio Romero, Guimarães Rosa, Inezita Barroso, do poeta Patativa do Assaré e do rei do baião Luiz Gonzaga, os dois últimos referidos esta semana num curso de intercomunicação que está sendo ministrado pelo jornalista norte-americano Bill Hinchberger na Sorbonne, em Paris, onde estive, não faz muito tempo, fazendo pesquisas sobre cultura popular (trovadores) e Geraldo Vandré.
“Usei Gonzagão/Patativa para falar da migração do Nordeste para SP e o Sul. Usei Apesar de Você, de Chico, para falar da ditadura. Acho que a música ajuda. Coloco traduções das letras na tela", informou hoje Bill, no Facebook.
Aproveitei para perguntar se ele já havia visto o filme Saudade do Futuro, de Cesar Paes e Marie Clémence, que tem por base um de meus livros: A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo.
O filme, um longa metragem, é inédito no mercado brasileiro, mas muito premiado na Europa e Estados Unidos.
Pois é, tem disso.
Mas o Brasil tem jeito.
Clique: http://eventoscmse.wordpress.com/2012/09/26/assis-angelo-abre-3o-dia-de-palestras-do-vi-ciclo/

ANIVERSÁRIO
Amanhã o newsletter JORNALISTAS&CIA completa 17 anos de existência. Palmas e parabéns para o mais longevo e importante newsletter do Brasil. Viva Edu Ribeiro, seu criador! Viva Wilson Baroncelli - que me aguenta nem imagino como - e toda a equipe que o faz!

RONIWALTER
E o escritor amigo Roniwalter Jatobá liga para fazer tim, tim. Ele lá, na paz da sua casa, e eu cá. Ele diz que é importante fazer isso - tim, tim - na virada da hora, da meia-noite etc. Eu olho o relógio e acuso: tá chegando; tá chegando a hora que o rei da voz, Chico Alves, bateu de cara com um caminhão na via Dutra e se acabou, exatamente há 60 anos. Foi quando eu nasci!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

POVO FORTE

Quanto mais forte e visível for a cultura de um povo, mais forte e visível será esse povo.
Disso não tenho dúvidas.
E dúvidas também eu não tenho quanto fortes são a nossa cultura e o nosso povo.
As forças armadas - as três forças - são igualmente necessárias para o fortalecimento de um povo, de uma nação.
A Marinha, a Aeronáutica e o Exército de qualquer país deverão estar sempre de prontidão, para garantir a soberania.
E isso é muito importante, naturalmente.
Um povo sem cultura e sem forças armadas não é nada.
O meio mais fácil de nominar um povo é pela cultura.
Amanhã direi isso em palestra numa unidade do Exército daqui da capital paulista.
O tema?
Cultura popular.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

GONZAGA, DE PAI PRA FILHO: UM BELO FILME

Preparem-se para boas surpresas no filme Gonzaga – de Pai Pra Filho, que assisti na última sexta à tarde na sede da distribuidora Paris Filmes em São Paulo, ao lado de Chambinho do Acordeon (no cartaz, ao lado) e outros amigos.
O filme, mais um belo longa do carioca descendente de paraibano Breno Silveira, trata da vida do pernambucano Luiz Gonzaga e sua conturbada relação com o filho adotivo, Luiz Gonzaga do Nascimento Jr.
Começa com Gonzaguinha ligando um gravador para tomar declarações do Rei do Baião sobre as suas origens.
Chambinho interpreta Gonzaga no período compreendido entre os 27 e 50 anos de idade, ou seja: desde o início da sua brilhante carreira até seu declínio no começo dos anos 1960, com a Bossa Nova em ascenção e o surghimento da Jovem Guarda, do Tropicalismo e dos festivais da música popular que revelaram, entre outros, Caetano, Vandré, Milton, Elis e Gil, que, aliás, marca belo tento com música que fez especialmente para a trilha do filme.
E surge a primeira surpresa: a atuação marcante de Chambinho, que toca e canta de verdade e atua com a categoria dos grandes atores.
Coube a Land Vieira interpretar Gonzaga, dos 17 aos 23 anos; e a Adélio Lima, aos 70.
Gonzaguinha também é revivido em três épocas.
A primeira dos 10 aos 12 anos, por Alison Santos; a segunda dos 17 aos 23 anos, por Giancarlo Di Tommaso; e a terceira dos 35 aos 40, por Julio Andrade.
Participam do filme uma centena de atores e dois mil figurantes.
Gonzaga – de Pai Pra Filho tem tudo para se tornar um grande sucesso de bilheteria, inclusive cenas que levam ao riso e às lágrimas.
Numa palavra: é belo.
A estreia nas telas de todo o País está prevista para o final de outubro.
Antes, a partir do próximo domingo, estreia no programa Fantástico, da TV Globo, a primeira de três partes de um documentário sobre o Rei do Baião.
Veja trailer, clicando sobre a imagem abaixo:

sábado, 22 de setembro de 2012

VIVA BOLDRIN, VIVA A CULTURA POPULAR!

Ontem, pontualmente às 11 horas, o cantador contador de histórias maior da cultura popular Rolando Boldrin estava onde anunciou que estaria: no teatro da mãe do meu amigo Pedro Herz, Eva, ali na Cultura, livraria, Conjunto Nacional, Paulista etc.
Ele, Boldrin (comigo e Marco Haurélio, no clique profissional de Henrique Corio), contou causos e cantou alegre e feliz ao som do seu violão durante hora corrida no teatro, antes de rubiscar os exemplares, às centenas, para fãs e fans que se estendiam em filas que davam dobras.
Coisa bonita demais, sô!
E lembrei de Loyola, de Roniwalter Jatobá, Marcos Rey, Ives Gandra, Mário Chamie, Lygia Fagundes Telles, Evandro Ferreira, Marcus Vinicius, Henrique Mateucci, Arnaldo Xavier...
Éramos habituês da livraria, nas tardes de sábado.
Lembranças.
Uns que aqui ainda estão, outros que aqui não.
Quanta gente bonita esteve nos primórdios do embrião da livraria do Pedro, hein Pedro?
Viva este País de todos!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MAIS CAUSOS DE BOLDRIN EM NOVO LIVRO

O mais natural contador de causos da nossa televisão, o paulista de São Joaquim Rolando Boldrin, lança amanhã mais um livro que se lê num sopro, de tão bom que é: História de Contar o Brasil.
O livro, que tem a chancela da editora Nova Alexandria, será lançado na livraria Cultura (Avenida Paulista, 2071), a partir das 11 horas.
Depois de contar uma história passada com ele próprio, mais o humorista Millôr Fernandes, o ator Lima Duarte, a atriz Tônia Carrero e o escritor Rubem Braga, em Maceió, Boldrin explica aos leitores o que são causos e em seguida conta uma ruma deles, todos de fazer rir e gargalhar, como o que inicia o livro, envolvendo um certo Dito, amigo de infância, e o que o encerra, que tem por personagem um viajante dorminhoco que perde m trem que não deveria perder.
O livro História de Contar o Brasil é de rolar de rir.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

KUARUP REPÕE NO MERCADO OBRAS-PRIMAS

A Kuarup Música acaba de repor no mercado duas preciosidades há muito desaparecidas: os CDs Cantoria volumes 1 e 2, com Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai.
Esses discos (ao lado), resultantes de um espetáculo realizado no Teatro Castro Alves, em Salvador, entre os dias 13, 14 e 15 de janeiro de 1984, foram originalmente gravados – e lançados – no formato de LP.
E de Vital, curiosa e coincidentemente, recebi no início da madrugada de hoje este mimo, via email, que compartilho com vocês:

Meu amigo/irmão Assis Ângelo
Quando me lembro de você, me vem várias passagens, tanto aí em Sumpalo, como também em outros momentos!
Pensando e lendo o seu Blog, vez e quando me remeto aos versos que queiram ou não sempre faz da gente brasileira que se preocupa com tudo que se passa nos nossos sentidos!
Porém Lendo agora sobre estrofes e versos que falam do seu labutar, me veio uma do poeta/jornalista/escritor/advogado e delegado de Polícia federal de Brasília/parahybano de Princesa, que certamente você já deve ter lido o seu primeiro livro publicado há alguns anos atrás com o título "Verso Menino". Nele, além de muitos poemas lindos, tem um que faz parte da minha paixão e da minha visão política em relação à politicagem externa que os EEUU desenvolvem há séculos no mundo inteiro querendo a todo custo humilhar as nações que de uma forma ou de outra não aceitam os seus desmandos nem tampouco se sujeitam às suas deliberações! Guerra de Facão. Diz assim:

VOU USAR MEU FACÃO NESSE REPENTE
PRA CANTAR UM MARTELO AGALOPADO
E DEIXAR MEU FACÃO MAIS AFIADO
DO QUE A LINGUA DA "VÉIA" DO BATENTE
VOU SINGRAR OCEANOS, CONTINENTES.......esqueci, pô... pô...

Mas aí vem a segunda estrofe:

MEU FACÃO VAI USAR SUA FAMA E NOME
BEM NO CENTRO DOS ESTADOS UNIDOS
VAI MATAR MEIA DUZIA DE BANDIDOS
QUE SÓ FEZ NOSSA GENTE PASSAR FOME
VAI VINGAR A CRIANÇA QUE NÃO COME
E A MÃE MORTA NOS BRAÇOS DA PARTEIRA
VAI ENSINAR A TIO SAM MUIÉ RENDÊRA
PRA MOSTRAR A NAÇÃO MAIS QUE TUPY
FECHA AS PORTAS DO FMI
E TRÁS DE VOLTA A BANDEIRA BRASILEIRA

MIGUEZIM DE PRINCEZA É FODA!
UM BEIJO NO CORAÇÃO PRA VC.

Esse é o Vital falado, sempre espontâneo nos seus escritos e colocações.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ZACARIAS JOSÉ AGORA É SAUDADE

Só agora fiquei sabendo que o cordelista e xilogravador sergipano Zacarias José dos Santos morreu; e que a missa de 7º dia em sua memória foi celebrada ontem, às 19 horas, na Igreja da Consolação.
Fiquei triste com o seu passamento.
Conheci Zacarias há muitos anos, ainda nos tempos em que eu atuava como repórter nos jornais da capital paulista.
Depois que deixei o jornalismo diário, e de passar pela produção da Abril/Video, Manchete e Globo, a nossa amizade continuou.
Esporadicamente ele me visitava no escritório ora do Metrô, ora da CPTM, empresas em que trabalhei como assessor de comunicação.
Ele gostava que eu lesse seus folhetos e artigos sobre cultura popular que publicava no jornal paulistano O Dia, para o qual também cheguei a colaborar com alguns textos.
Zacarias, que assinava seus folhetos como Severino José, nasceu no dia 5 de março de 1932, num lugarejo chamado Marcação, elevado a município com a denominação de General Maynard em novembro de 1963.
Ele trocou Marcação por São Paulo em 1953.
Um de seus folhetos mais bonitos, desenvolvidos em sextilhas, é A Grande Paixão de Carlos Magno Pela Princesa do Anel Encantado, incluído numa coletânea da paulistana Editora Hedra.
Aliás, Zacarias era craque em sextilhas e acrósticos.
Ao fim do folheto sobre a paixão do imperador Carlos Magno, ele escreveu:

S-alve esta linda história
E-ncantada e tão bonita
V-i num livro muito antigo
E-ntre coisa tão catita
R-imando em minha escrita
I-nda que pobre inspirada
N-unca houve tanto amor
O-h gente bem educada

Há exatos 20 anos, Zacarias José nos prestigiou na Bienal Internacional do Livro.
Na ocasião eu estava lançando O Coronel e a Borboleta e Outras Histórias Nordestinas.
A foto que ilustra este  texto foi extraída do livro A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo, de minha autoria.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

FILME TROPICÁLIA E RAUL CÓRDULA

O filme Tropicália, de Renato Terra e Ricardo Calil, cumpre, de forma impecável, a tarefa de mostrar e explicar às gerações recentes - e futuras - o movimento tropicalista que tinha na linha de frente Gil, Caetano e Tom Zé no começo da segunda parte dos anos 1960.
O movimento durou um anos e dois meses, ou seja: de outubro de 67 a dezembro de 68.
E o registro musical original constante do seu acervo é de apenas seis discos.
O auge ocorre com o LP Panis et Circencis, de Caetano.
Pois é, e o barulho em torno dele continua.
O filme de Terra e Calil parte de imagens inéditas em p&b de Gil e Caetano em Portugal, ocasião em que os dois foram entrevistados numa TV pelo humorista Raul Solnado.
Àquela altura, o movimento já fora sepultado.
Vale a pena assistir o filme, com duração de uns 80 minutos.

RAUL CÓRDULA
O artista plástico campinense Raul Córdula é o curador da mostra 13 Artistas Paraibanos Contemporâneos que será aberta à visitação pública amanhã, às 20 horas, no Centro Universitário Maria Antônia (Espaço 5).
A mostra, que recentemente reinaugurou o Museu de Arte Assis Chateaubriand, de Campina Grande, PB, faz parte da 17ª Semana de Arte e Cultura da Universidade de São Paulo, na capital paulista.
Raul (eu sou de óculos), junto com Selene Sitônio e João Câmara Filho, foi um dos meus professores de artes plásticas na divisão de Extensão Artística da Universidade Federal da Paraíba, nos começos dos anos 1970.
A foto que ilustra este texto é dessa época e feita na redação do jornal O Norte, dos Diários Associados, onde iniciei a carreira de jornalista trabalhando ao lado de Augusto Crispim, Barroso Neto, Martinho Moreira Franco, Anco Márcio, o fotografo Djalma Goés; os veteranos José Leal e Gonzaga Rodrigues e tantos mais.
Quantas lembranças!
Meus professores viam em mim talento de artista que nunca tive, mas valeu o esforço: aprendi a gostar de artes.
Os 13 artistas que participam da exposição, no Espaço 5 do Centro  Universitário Maria Antônia, são:
Alice Vinagre, Braz Marinho, Célia Araújo, Chico Dantas, Chico Pereira, Dyógenes Chaves, João Lobo, Luiz Barroso, Manuel Dantas Suassuna, Marcelo Coutinho, Marlene Almeida, Rodolfo Athayde, Rosilda Sá.

ALAÍDE COSTA
A produtora musical Livia Mannini informa que a cantora Alaíde Costa se apresentará na noite de sexta 21, no espaço cultural Casa de Francisca, à Rua José Maria Lisboa, 190. Alaide é a voz da bossa nova, estranha e linda. Faz tempo que não a vejo, vamos ouví-la?

PINTANDO O 7
Foi legal domingo 16 a festa comemorativa aos cinco anos do programa Pintando o 7, do artista popular pernambucano Luiz Wilson na casa de espetáculos Eucaliptus, em Interlagos, zona Sul da cidade. O programa vai ao ar todos os domingos de manhã pela Rádio Imprensa FM 102,2. Compareceram à festa Fatel, Anastácia, Emídio Santana, a dupla de emboladores Caju e Castanha e Chambinho, que viverá o rei do baião quando jovem no filme de Pai Pra Filho partir do mês que vem.
Clique:

E de lambuja seguem uns versinhos setissílabos do Luiz Wilson ditos por ele mesmo na noite de domingo 16, como se eu os merecesse. Estes:

Agora peço licença
Para homenagear
Um Cidadão Paulistano
Paraibano exemplar.
Escritor vitorioso,
Jornalista e estudioso
De cultura popular.

Um cidadão Brasileiro,
Poeta João Pessoense
Instrutor e palestrante
Que faz com que o povo pense.
História no jornalismo
Que com profissionalismo
Já comprovou que convence.

Começou em tenra idade
Ainda na terra forte
No correio da Paraíba
Antes no Jornal o Norte.
Passou por Caruaru
Mas veio como eu e Tu
E São Paulo lhe deu suporte.

Inovou no jornalismo
Na escrita e linguajar
Folha, Estado de São Paulo
E no Diário popular.
Sem esquecer, no ensejo
Do Diário sertanejo
O caderno complementar.

Produziu e apresentou
Um Programa especial,
Que foi líder de audiência
Pela Rádio Capital
São Paulo capital Nordeste
Mobilizou o sudeste
Pelo diferencial.

Ele descreve com mérito
A Cidade e o Sertão,
Do resgate das origens
À modernização.
Conhece a fundo e de sobra
Sobre a vida e grande obra
De Luiz, Rei do Baião.

Fez história na TV
Abril vídeo e manchete
E também trabalhou na Globo
Com o talento que compete.
Tem história na bagagem
Pra merecida homenagem
DO PUBLICO QUE PINTA O SETE!

sábado, 15 de setembro de 2012

LUIZ WILSON COMANDA FESTANÇA

Natural de Sertânia, PE, o comunicador Luiz Wilson mora na capital paulista há três décadas. Nos últimos anos, ele tem se destacado como cantor, compositor e cordelista à frente do programa Pintando o Sete, que amanhã completa cinco anos de existência na grade dominical da rádio Imprensa FM 102,5.
Wilson começou a carreira nos anos 1980, ao lançar dois discos no formato de compactos – duplos – antes do primeiro LP, Sinal Vermelho, de 1990, com arranjos de Oswaldinho do Acordeon.
Amanhã na casa de espetáculos Eucaliptos, à Avenida Atlântica, 4133, Interlagos, ele comemorará o tempo que se acha no ar na Imprensa ao lado de uma legião de fãs e artistas, entre os quais Anastácia, Chambinho - astro do filme Gonzaga, de Pai pra Filho (nas telonas a partir do próximo mês), Fatel, Trio Virgulino, Trio Jeremoabo, Trio Umbuzeiro, Téo Azevedo e a dupla de emboladores Caju e Castanha.
Os craques da viola improsidora Edival Pereira e Fenelon Dantas também estarão presentes.
A festança tem hora para terminar (16), mas não para terminar.
Nossos votos de vida longa ao programa Pintando o Sete.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

POVO UNIDO, JAMAIS SERÁ VENCIDO

“Eu vou cuidar de você”.
Foi isso o que vi/ouvi arrepiado, estarrecido e triste, do candidato líder nas pesquisas à prefeitura paulistana hoje, no horário besteirol da TV, que pagamos.
E a figurinha em si, hein?
Triste, não é?
Triste ver/ouvir de um político carreirista dizer isso sobre nós, em direção a nós, para nós, como se fôssemos dele dependentes; o contrário, pois é ele que depende de nós.
Triste de um povo de uma cidade, de um Estado ou país, de uma nação, que precisa da tutela de um candidato a cargo eletivo para sobreviver.
Triste de um povo que não pensa.
Acorda São Paulo!
Acorda Brasil!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

IMPRENSA HOMENAGEIA ZÉ HAMILTON RIBEIRO

Façanha e tanto é uma revista no nosso país chegar aos 25 anos, principalmente se ela for especializada em Jornalismo.
Essa revista existe e se chama Imprensa.
Seu fundador, Sinval de Itacarambi Leão, elaborou uma programação especial para discussões em torno da profissão e homenagear um de seus grandes representantes: o paulista de Santa Rosa de Viterbo José Hamilton Ribeiro.
A abertura ocorreu ontem à noite no teatro da unidade Santana do Serviço Social do Comércio, Sesc.
O homenageado esteve presente.
Informalmente entrevistado por sua colega Neide Duarte, José Hamilton disse coisas interessantes e reflexivas sobre a profissão que abraçou há meio século.
Ele brincou, contou causos e até se emocionou.
Falou da competência feminina, dos amigos, da Internet, de como começou a carreira, de tudo.
Nenhuma pergunta ficou sem resposta, nem a que tratou do acidente de que foi vítima na guerra do Vietnã em 1968, ao pisar numa mina camuflada e perder parte da perna esquerda.
Ele arrancou risadas antes e depois de falar de seus medos, que são três: morrer, entrar em caverna e ser picado por abelha.
Antes um vídeo de 15 minutos contou parte da sua trajetória.
Zé apresentou uma fórmula simples, que inventou por brincadeira.
Segundo ele, uma grande reportagem (GR) tem de ter um bom começo (BC), para prender o leitor; e um bom final (BF), para deixar o leitor com gosto de quero mais.
No meio disso, ele recomenda trabalho vezes talento (T x T) elevado à potência N, que é a potência necessária para uma reportagem ganhar o carimbo de Grande Reportagem.
Viva o professor José Hamilton Ribeiro!

PROGRAMAÇÃO
A programação da revista Imprensa no Sesc foi reiniciada hoje de manhã, com discussões sobre mídias sociais, arquitetura das empresas de comunicação e jornalismo digital; e termina amanhã, com debates em torno dos desafios da cobertura jornalística 24 horas, a relação entre mídia e publicidade, a vocação do jornalismo impresso e a mídia eletrônica.

ANIVERSÁRIO
Hoje o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré completa 77 anos. A diferença de idade entre José Hamilton e Geraldo é de apenas duas semanas. Para Geraldo, ficam o registro e os nossos votos de saúde e bem-estar.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

NA CONTRAMÃO DA HISTÓRIA

Começou o que já era esperado: candidato recusando a debater em público propostas de campanha. O primeiro a fazer isso foi Russomano, que acaba de ignorar convite da Folha/UOL para debate que ocorreria no próximo dia 20. E nem sequer justificou o gesto, talvez por se achar acima da carne seca ou simplesmente por não ter identidade própria, politicamente falando. Lembrando: Russomano começou no PFL, que gerou o DEM. Depois caiu no PSDB e de lá no PPB, de onde saiu direto para os braços e abraços de Paulo Maluf, do PP. Ambos, aliás, ele e Maluf, mais 41 deputados, tentaram inviabilizar o projeto Ficha Limpa. Pois é, aí está! Agora na pele de cordeiro - de Deus? - ele disputa a Prefeitura da 5ª maior cidade do planeta pelo PRB, com apoio de fiéis de várias igrejas, incluindo a Renascer. De qualquer modo, o que ele fez ao se recusar a participar de um debate público foi um desrespeito a todos os cidadãos. Cuidemo-nos.

NOVA MINISTRA
A senadora por São Paulo Marta Suplicy, do PT, é a nova ministra da Cultura, em substituição a Ana de Hollanda, que assumiu o cargo deixado por Juca Ferreira no ano passado. Marta será empossada quinta 13 que vem.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

DIA DA IMPRENSA

O dia de hoje marca a estreia do primeiro jornal impresso no País, Gazeta do Rio de Janeiro, de iniciativa do governo português (ao lado, facsimile do 1º número).
O jornal fora criado para levantar a bola de reis e príncipes, aqui e alhures.
Fora do País, o primeiro a ser publicado foi o Correio Brasiliense,  em Londres e de caráter “doutrinário muito mais do que informativo”, nas palavras do seu próprio criador e editor Hipólito José da Costa, um dos primeiros brasileiros exilados naquelas plagas.
Muita água correu por baixo da ponte e tsunamis explodiram mundo a fora até os dias de hoje, quando os jornais se multiplicaram aos muitos e muitos milhares.
Pergunta: os impressos sobreviverão?
Essa discussão estará em pauta amanhã às 19h30, na unidade Santana do Sesc, quando se comemorarão os 25 anos de fundação da Revista Imprensa.
Eu estarei lá e você?
Abaixo, o convite:
ESPECIAL CULTURA POPULAR
Você já leu a última edição especial do news letter Jornalistas&Cia MEMÓRIA DA CULTURA POPULAR, este mês enfocando como personagem o estudioso da cultura popular Luís da Câmara Cascudo? Caso não tenha lido, clique:  www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular05.pdf

MORRE ROBERTO SILVA
O mais velho cantor e compositor de samba, o carioca Roberto Silva, morreu na madrugada de domingo, no Rio de Janeiro. Ele tinha 92 anos. Fica o registro.

sábado, 8 de setembro de 2012

UMA ESTRELA NO PALCO: ANELIS ASSUMPÇÃO

Intérprete das maiores, a paulistana da Penha Anelis Assumpção se firma definitivamente, aos 32 anos, como estrela da música popular.
O domínio de timbres e postura que ela apresenta em público é sem dúvida um lenitivo para os olhos e ouvidos dos mais exigentes.
Com a naturalidade dos excepcionais, ela passeia por ritmos e gêneros diversos; desde o samba ao reggae, passando pelo afrobeat, rock e canções.
A sua voz é pura e encantadora.
Ao fim, quer-se mais.
E não será exagero dizer que ela veio para ficar não só na cena paulistana, mas do Brasil.
Mais: que ela esteve irretocável no tempo e espaço da Sala Guiomar Novaes, da Funarte, ontem à noite abrindo o Festival Cidade Sonora que reúne na grade "28 shows da nova música brasileira".
O espetáculo começou com 20 minutos de atraso e durou pouco mais de uma hora, com bis.
O atraso foi ignorado por sua bela performance.
Os músicos que a acompanharam mereceram os aplaudos pelo alto grau de talento e profissionalismo.
Sugere-se apenas que do seu repertório conste mais Brasil.
Ao lado, a relação das músicas do show.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

É BRASILEIRO O INVENTOR DO RÁDIO

Que Marconi que nada. O rádio foi inventado por um gaúcho de Porto Alegre chamado Roberto Landell de Moura, que era padre católico e cientista de escola, com formação na Itália. 
Os primeiros estudos e testes de transmissão da voz humana por ondas eletromagnéticas foram feitos por ele; primeiro na cidade paulista de Campinas, em 1892; e um ano depois, na capital paulistana. 
Marconi ficou na rabeira, mas entrou para a história como o verdadeiro criador do rádio. 
Mas um movimento levado avante por intelectuais e jornalistas do Sul e do Sudeste logrou êxito, tirando do limbo direto para o Panteão dos Heróis Nacionais o nome Roberto Landell de Moura. Justiça feita.
Em São Paulo, o êxito do movimento pró Landell deve-se à news letter Jornalistas&Cia. 
Com o reconhecimento do brasileiro como inventor do rádio, toda a literatura histórica até agora publicada precisa depressa ser revista. 
O primeiro passo nesse sentido é que se leve às escolas impressos didáticos com os devidos pontos nos is, inclusive porque, para o mundo, o Brasil não legou nenhum grande inventor até hoje. Balela. 
Agora mesmo, por exemplo, o Brasil mostrou para o mundo, por sentença judicial inquestionável que se estendeu por duas décadas, que é de um brasileiro, o eletrotécnico mineiro de Belo Horizonte Nélio José Nicolei, a invenção da Bina, um identificador de chamadas telefônicas. 
A invenção de Nicolei gera no momento, mensalmente, R$ 2,56 bilhões/mês. 
Pois, pois. Não foram os norte-americanos que engoliram para si a façanha incrível do mineiro Santos-Dumont em beneficio dos irmãos Wrigth que anunciaram sem testemunhas que haviam voado escanchados numa geringonça de 300 quilos algo em torno de 260 metros numa praia deserta de Kitty Howk, na Carolina do Norte, em 1903? 
Pois bem, a façanha de Dumont, realizada no dia 23 de outubro de 1906, foi presenciada por uma multidão de intelectuais, cientistas e povo no Campo de Bagatelli, em Paris, e rendeu a pequena fortuna de 3 mil francos ao inventor, que a distribuiu aos mecânicos seus colaboradores. 
A verdadeira história do inventor do rádio – e do telefone sem fio – precisa ser contada com minúcias e exatidão às gerações mais novas e às que virão. O fato é que a primeira emissora de rádio mais antiga do Brasil é a Clube de Pernambuco, de Recife, nascida no bairro de Santo Amaro e inaugurada no dia 6 de abril de 1919. 
A segunda – oficialmente, a primeira – foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, posta ao ar por iniciativa do cidadão Roquette Pinto, com um discurso do presidente paraibano Epitácio Pessoa na manhã de 7 de setembro de 1922, no Rio, lembrando o centenário da Independência do Brasil.
Na noite desse mesmo dia a rádio transmitiu ao vivo, e integralmente, uma apresentação da ópera O Guarani do campineiro Antonio Carlos Gomes, o Tonico, protegido do imperador dom Pedro, o autor do grito que fez o paraibano Pedro Américo pintar a cena da beira do riacho do Ipiranga em 1822, e que o mundo todo conhece. 
De lá para cá, muita coisa aconteceu no setor radiofônico e noutros setores. 
Milhões de radinhos a pilhas foram fabricados, mas nenhum deles é mais produzido desde meados da década dos anos 1990. Apesar disso 87,9% dos domicílios brasileiros têm aparelhos de rádio instalados, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. 
Somados a esses números, há outros relevantes: dos 29,9 milhões de veículos em circulação no País, 80% deles têm rádios. 
Acrescentem-se, a isso, as novas mídias embutidas na Internet. 
O rádio convencional, no entanto, anda em expansão, notadamente as FMs. 
Os números indicam que entre 2009 e 2010 houve um aumento no setor comercial dessa faixa de frequência, da ordem de 7,3%. 
Entre 2005 e 2010, o setor teve um crescimento de 26,40%, ou seja: de 1915 passou para 2.602. 
Das 9.184 emissoras de rádio em atividade atualmente nas cinco regiões do País, 4.193 são comunitárias. O detalhe a lamentar é que 17,7% da população rural não têm ainda nenhum acesso à emissoras de rádio. 
A região com maior número de acessos é a do Sul; e a menor é a do Norte, com 75,6%. 
Outro detalhe a lamentar é que o rádio comercial AM e FM não prima, na sua maioria, por ter nos seus quadros apresentadores profissionais. Os horários vendidos a quem tem dinheiro para pagar podem levar o rádio ao descrédito, essa é a verdade. 
Com a palavra, o Ministério das Comunicações.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

BIENAL, BOBAGENS E BISPO DO ROSÁRIO

No começo dos anos 1970, em João Pessoa, Paraíba, eu era um moleque metido a besta.
Fazia artes plásticas na Divisão de Extensão Artística da Universidade Federal da Paraíba.
Professores meus eram vários.
João Câmara Filho, um deles.
Raul Córdula, outro.
Celene Sitônio, também.
Brennand era visitante.
Foi por essa época que conheci Brennand e a sede da sua usina de criação em Recife.
Fui lá pelas mãos de Câmara Filho.
Era um espaço incrível e como tal, até onde me dizem, continua sendo.
De abestalhar qualquer vivente com um mínimo de sensibilidade.
Por essa época, eu assinava como Di Angelus as bobagens que inventava de pintar em tela sobre óleo. Câmara achava que eu tinha futuro como pintor, e até escreveu isso numa coluna semanal que tinha no Diário de Pernambuco.
Sim, e por momentos cheguei a acreditar nisso, tanto que expus por aí a fora, em individuais e coletivas.
Até em Connecticut, EUA.
E também na Bienal de São Paulo.
E ontem à noite eu compareci a abertura da Bienal de São Paulo, na sua 30ª edição.
Representantes de muitos países estavam presentes, mostrando uma enormidade de bobagens como aquelas que eu fazia no começinho dos anos 1970.
Até um monte de terra vermelha, na forma de cone, lá estava desafiando a minha sensibilidade.
Muito nó em pingo d´água.
A única coisa que despertou os meus neurônios adormecidos foi a exposta pelo Bispo do Rosário, reconhecidamente um louco de camisa de força.
O que ele nos legou é para pensar.
O resto, lá, é dispensável totalmente.
Amigos à volta de mim me pedem calma, paciência, que arte contemporânea é isso mesmo.
Ou seja: nada.
Eu, hein, pulei fora das cores e pincéis.
E viva Miguel dos Santos!
Vocês conhecem Miguel dos Santos e a sua obra?
Foi meu colega de sonhos na Divisão.
E ele, sim, é artista.
Na foto que ilustra esta postagem, uma criação do Bispo.

INSTITUTO HISTÓRICO DE SP
Amanhã 7, a partir das 15 horas, haverá uma intensa programação cultural no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Fica na Benjamin Constant, ali no centro da cidade. Vamos lá?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

AINDA UM RETRATO FIEL DO BRASIL DE BAIXO

Exatos 52 anos após a publicação da impactante narrativa de Quarto de Despejo (Editora Francisco Alves, 182 págs.), de Carolina Maria de Jesus, levado à tradução em dezena e mais línguas mundo a fora, chega às livrarias brasileiras o excelente O Estranho Diário da Escritora Vira-lata (Editora Horizonte, 208 págs), de Germana Henriques Pereira de Sousa.
O livro de Germana é um mergulho analítico, sério e profundo à obra da mineira Carolina, que por muitos anos viveu do que colheu do lixo e das ruas da região Norte da capital paulista.
Após descoberta nos fins dos 50 pela sensibilidade do jornalista alagoano Audálio Dantas, Carolina Maria de Jesus alcançou o estrelato tão rápido quanto um foguete com destino à lua; e igualmente tão rápido quanto uma estrela cadente, sossobrou.
Mas ela e o que ela escreveu vivem como fenômeno literário, absolutamente independente das mídias convencionais.
É isso, aliás, o que mostra Germana Henriques Pereira de Sousa no seu maravilhosamente bem escrito e convincente, sem ranço acadêmico, O Estranho Diário da Escritora Vira-lata.
Os diários de Carolina, que somam mais de 4.500 páginas manuscritas – muitas das quais ainda inéditas –, são fortes e tão impactantes quanto os primeiros 20 volumes analisados nos 50 pela objetividade do olhar clínico do jornalista Dantas.
Quarto de Despejo, até hoje um retrato fiel do Brasil de baixo, dos deserdados da vida destes tempos modernosos, foi lançado em agosto de 1960.
E é atualíssimo, como muito corretamente indica o texto de Germana e por quem o leu.
Audálio Dantas é um bruxo.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

INEZITA BARROSO, NO COCORICÓ

Mais uma vez a querida Inezita Barroso telefona feliz para dizer da alegria que foi participar há poucos dias do infantil Cocoricó, da TV Cultura. Disse que adorou ser entrevistada por dois dos personagens do programa, que curiosos perguntaram se já havia algum livro escrito e publicado a seu respeito. E de bate pronto ela respondeu que sim, que fora eu o responsável por essa façanha. No já referido programa ela discorreu sobre o livro A Menina Inezita Barroso (Cortez Editora), mesmo confundindo o título que chamou de As Reinações de Inezita. Clique:


ESPECIAL CÂMARA CASCUDO
E clique também:
http://migre.me/ayXLZ
para ler a edição especial LUÍS DA CÂMARA CASCUDO do news letter Jornalistas&Cia/MEMÓRIA DA CULTURA POPULAR.

LIVROS
Eliane, da Editora Horizonte, manda recadinho via e-mail, este:
“Estou com dois lançamentos um agora e outro em outubro que abordam sociologicamente a representação na literatura. No livro da Regina Dalcastagnè, que levou 15 anos para ser escrito, tempo da pesquisa, ela aponta que a literatura está longe de ser um espaço democrático e que longe de representar a contemporaneidade, ainda traz cargas do século passado e anteriores, contrariando todo o senso. Esse fato se dá ainda pelo reforço dos críticos e dos acadêmicos. É uma bomba, literalmente! Com uma margem mínima para erro, a nossa literatura é prioritariamente feita por homens, brancos, de classe média, moradores do eixo Rio/SP e ligados ao jornalismo ou meio acadêmico. O livro sai no final do mês, mas mando um pdf, caso tenha interesse em dar uma olhada. Sinceramente, acho que é um material importante para se divulgar tanto para reflexão de quem faz literatura, como para quebrar padrões e mudar paradigmas. O outro livro que sai agora aborda Carolina Maria de Jesus, e fala de seu diário e questiona a parte estética e poética, referendando o trabalho da artista. Pois pelo fato de ser mulher e favelada, Carolina não conseguiu publicar toda sua obra. Foi relegada às produções menores – como um diário. Bem, se puder, dê uma olhada e me diz o que acha. Grande abraço da Eliane”.
No dia 28 de abril deste ano fiz comentário sobre Carolina Maria de Jesus, aqui neste espaço. Mas voltarei ao assunto assim que ler o livro de Germana Henriques Pereira de Sousa, que está indo à praça com a chancela da Editora Horizonte.

PIMENTA

Pois é, nos olhos dos outros é refresco. Em 1994 o Bradesco garfou R$ 4.505,00 do herdeiro de um correntista, que entrou na Justiça pedindo de volta a quantia, com correção etc. Um juiz decidiu que o valor fosse corrigido com base nos juros de cheque especial cobrados pelo banco. Em janeiro deste ano, os R$ 4.505,00 viraram R$ 1,4 trilhão, metade do PIB brasileiro. Ontem, os 25 juízes mais antigos do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro julgaram a causa. Três foram favoráveis. Um deles, Cláudio de Mello Tavares, disse depois de reconhecer ser surpreendente que a conta bata à porta do trilhão: "Esse processo deve ser tomado como exemplo para o banco. Que os juros aos clientes sejam cobrados com equidade e não para extorquir". O herdeiro correntista que processa o Bradesco tem hoje 71 anos de idade e vive escondido, com medo de represálias. O processo continua. Tomare que o banco perca.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

TINÉ, 50; E PRÊMIO JORNALISTAS&CIA/HSBC

Um dos dez filhos de seu Dedé e dona Nita, o jornalista Flávio Tiné está todo pimpão em página inteira (ao lado) da edição de ontem do jornal O Estado de S.Paulo; o que, naturalmente, é orgulho de todos nós que o admiramos tanto.
O motivo da sua presença como garoto propaganda espontâneo do taludo jornal paulistano é simples: leitor fiel e cidadão correto desde quando se entende por gente.
Ele é da safra de 1937.
Pernambucano de Gravatá, Tiné está completando 50 anos de jornalismo, pois foi em 1962 que ele abraçou a profissão no extinto Última Hora, de Samuel Wainer, na capital pernambucana, onde foi preso por agentes da repressão em 1964, junto com o governador Miguel Arraes e funcionários do jornal.
Seus professores foram Milton Coelho da Graça, Múcio Borges da Fonseca e Eurico Andrade.
Tiné trabalhou no Estadão antes de ingressar na Editora Abril, entrevistando artistas da MPB para publicações como Intervalo e Contigo, ainda nos 60.
Foi também repórter de Diário do Grande ABC.
No correr da profissão, ocupou cargos de assessor de imprensa no Unibanco e Siemens do Brasil.
Aposentou-se como assessor de imprensa do Hospital das Clínicas.
Antes dele, não se fazia reportagens no HC.
Era proibido.
Depois dele, tudo mudou.
Para melhor.
Parabéns, Tiné, pelos cinquentinha de profissão.

PRÊMIO JORNALISTAS&CIA/HSBC
Termina no próximo dia 5 o prazo para inscrições e envio dos trabalhos ao Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidadeidade. Acessar site www.premiojornalistasecia.com.br. A equipe técnica de apoio pode auxiliar no momento da inscrição, pelo telefone 11-3341-2799, no caso de problemas como envio dos materiais, tamanho dos arquivos etc. O Prêmio recebe trabalhos de jornal, revista, rádio, televisão, internet, fotografia e criação gráfica. Exclusivamente neste ano, há ainda a categoria Rio+20, para trabalhos que tenham como pano de fundo a cobertura do evento. O prazo de publicação ou veiculação é entre 1º de setembro de 2011 e 31 de agosto de 2012. Mais informações pelo e-mail premio@jornalistasecia.com.br ou entre em contato com Lena Miessva: telefone 11-2679-6994.

domingo, 2 de setembro de 2012

LEMBRANDO MÁRIO CHAMIE

Passamos nós ou o tempo?
Ontem revi um amigo que há muito não via: Ives Gandra da Silva Martins, intelectual hoje no seu estágio mais apurado de criação e entendimento do tempo que passa, ou passamos.
E toda vez que o vejo, sempre sou presenteado por uma penca de novos livros de sua autoria.
E dessa vez não foi diferente; acrescida de mais uma novidade: ele acaba de entrar para o Livro dos Records, via RankBrasil, pela façanha de escrever sua rotina em poesia em quatro volumes, a que intitulou de Meu Diário em Sonetos (editora Pax & Spes, São Paulo).
Os quatro volumes são resultado de um autodesafio a que se propôs, depois de ganhar um daqueles livrinhos em branco que amigos os costumam nos dar nos fins de ano. E foi assim que ele, sem prejuízo nas tarefas do dia a dia como um dos mais reconhecidos e aplaudidos tributaristas do País, escreveu em 2010 365 poemas na forma de sonetos.
O bom desses raros encontros é que nossas conversas se estendem, girando por temas diversos.
E foi assim ontem quando fiquei sabendo que o poeta, ficcionista, tradutor e crítico literário gaúcho Carlos Nejar é um dos nomes cotados para receber o próximo Nobel de Literatura, não só por História da Literatura Brasileira (da Carta de Caminha aos Contemporâneos), de 2011, mas pelo conjunto da obra iniciada em 1960, com o livro de poemas Sélesis (Ed. Globo).
História da Literatura Brasileira é um volume de mais de 1.100 páginas, no qual se acha tudo o que diz respeito significativamente à literatura e a literatos brasileiros, incluindo gêneros e movimentos como o Concretismo dos irmãos Campos e a Práxis do paulista de Cajubi Mário Chamie; passando pela Geração de 45 que tantos bons nomes gerou, incluindo o próprio Ives.
Especialmente na vertente poética, Chamie foi um autor que enriqueceu sobremaneira a literatura brasileira.
Ao lançar a sua poesia-práxis, entre 1958 e 1960, ele mexeu em casa de aripuá, isto é: mexeu profundamente com a estrutura poética criada e defendida pelos Campos.
Lavra-Lavra (Massao Ohno, 1962) foi o seu livro mais polêmico.
Mexendo nas estantes, me deparei com alguns livros seus.
Na dedicatória de um deles (Intertexto: a Escrita Rapsódica – Ensaio de Leitura Produtora), datada de 17 de janeiro de 1998, ele não recomenda e nem deixa de me recomendar sua leitura: “Se quiser ler, leia. Uma coisa é certa: prometo continuar seu amigo”.
Noutro, no dia 26 de novembro de 2002, ele escreve: “Irmão em poesia e afeto, aceite o meu abraço, devoto e admirado”.
E continuamos amigos até que o tempo nos separou, no dia 3 de julho de 2011.
A seu respeito, na solene noite de posse como membro da Academia Paulista de Letras, Ives Gandra, depois de lembrar que a poesia de Mário foi traduzida para o inglês, francês, italiano, alemão, árabe, tcheco, russo e espanhol, o saudou dizendo que a sua poética simplesmente era "indomável", dona de um espaço muito próprio, “fonte imprevisível de significações, cabendo ao poeta, em sua práxis, revelar seu integral poder de expressão”.
E antes de desejar as boas-vindas ao novo acadêmico, Ives lembrou o que escrevera Gilberto Freyre:
“Seu verbo incisivo é unicamente seu. Não apresenta parentesco com o de nenhum outro poeta. É uma expressão nova em língua portuguesa. Em Mário Chamie, a criatividade se apresenta tão dele – e tão-somente dele – que é como se as palavras, ou relações entre palavras, nascessem com ele, como fossem de todo inventadas”.
Viva Mário!

sábado, 1 de setembro de 2012

SETEMBRO DOS FESTIVAIS DE MPB

A música brasileira de ontem continua viva, tanto que foi não foi a Globo abre o seu acervo de preciosidades e de lá nos trai pérolas como as que foram imortalizadas nos festivais de música dos anos 1960.
O programa Som Brasil levado ao ar no começo da madrugada de hoje abordou o tema.
Arrastão, A Banda, Lapinha, Universo no Teu Corpo, Disparada e Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores, entre outras, foram reinterpretadas por nomes jovens, como Maria Gadú.
Mas já não há mais festivais como os daquele tempo e, óbvio, nem grandes intérpretes, como Taiguara.
Na verdade, tudo aquilo foi uma fase; uma fase de riqueza musical agora guardada na lembrança como a Era dos Festivais.
Caetano e Chico continuam por aí.
Vandré está recolhido na região serrana do Rio, como estrangeiro no seu próprio país.
O amigo multimídia Darlan Ferreira ligou pra ele informando do que sucedia naquele horário tardio, mas ele não deu bola dizendo que o aparelho de TV estava desligado e assim iria continuar, pois ele tinha mais o que fazer: dormir, por exemplo.
Era no mês de setembro que os grandes festivais de música se iniciavam.