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quarta-feira, 27 de março de 2013

ESQUECERAM RUBENS BORBA DE MORAES

Brasiliana.
Segundo definição em minúsculo verbete do Dicionário Aurélio (Editora Nova Fronteira, 1ª edição, 3ª impressão; 1976) significa, além de feminino de brasiliano, “coleção de livros, publicações, estudos, acerca do Brasil”.
O Houaiss da Língua Portuguesa (Editora Objetiva, 1ª edição, 2001), faz uma variação: 
“Coleção de estudos, livros, publicações, filmes, músicas, material visual etc. sobre o Brasil”.
Não havia nenhuma definição sobre o termo até a segunda metade do século 19, quando foi a público a 1ª edição do Diccionario Contemporaneo da Lingua Portugueza, Feito Sobre um Plano Inteiramente Novo, imaginado e iniciado por Francisco Júlio de Caldas Aulete (1826-78) e finalizado por Antonio Lopes dos Santos Valente, “que a (edição) dirigiu até a sua final conclusão, devendo-se a esse ilustre homem de lettras a innovação do plano no interesse da obra...”, escreveu Basilio de Castelbranco na apresentação da obra.
O Dicionário Aulete, como a obra ficou conhecida, foi à praça em 1881; e é essa edição que se acha no Instituto Memória Brasil, IMB, e com prazer ora folheio. 
Pois, pois.
E nem no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (Livraria Bertrand, Lisboa, Portugal/W.M. Jackson, Inc., Rio de Janeiro), de Antonio Cândido de Figueiredo (1846-1925), há qualquer definição sobre o termo Brasiliana.
E anotemos sobre Figueiredo, que foi “incontestavelmente a maior das nossas competências actuais em matéria de lexicologia portuguesa...”, escreveu Rui Barbosa em Réplica às Defesas do Proj. de Cód. Bras., (pág. 339).
Pois, pois, de novo digo.
“Brasiliana” é termo relativamente novo e título de uma coleção da Editora Nacional para quem quiser conhecer o Brasil, lançada por Monteiro Lobato em 1931. 
Digo isso para lembrar a importância da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
Estive na inauguração e um detalhe me chamou a atenção, que foi a falta de uma referência nos discursos ao paulista de Araraquara Rubens Borba de Moraes (1899-1986).
Rubens foi um brasileiro importante. 
Ele, de certo modo, recuperou o Brasil através de tudo que se escreveu sobre o nosso país, desde a terceira década (1530) da descoberta da terra de Santa Cruz pelo português Cabral.
Rubens foi um brasileiro completo.
E por ser um brasileiro completo no item bibliografia, não custava - não é mesmo? – que se fizesse ao menos uma referência a ele na inauguração da Biblioteca Brasiliana. 
E tem a história do pacto entre ele e Mindlin, de que quem morresse primeiro passaria a biblioteca ao outro.
Rubens morreu primeiro. 
Miécio Caffé, baiano da safra dos 20 do século passado, foi para o infinito em 2003, decepcionado.
Alguém lhe garantiria um emprego público se doasse ao Museu da Imagem e do Som, MIS, SP, o seuvalioso acervo musical.
Ele fez isso e depois se arrependeu.
Pois é, de uma forma ou de outra os homens morrem.
E de uma forma ou de outra, os acervos vivem.
Rubens e Mindlin se conheceram de modo inusitado.
Rubens vendendo um terço do seu acervo para os Estados Unidos e Mindlin bloqueando a transação.

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