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segunda-feira, 4 de março de 2013

HOJE É DIA DE INEZITA BARROSO

O primeiro livro sobre Inezita Barroso foi lançado no dia 4 de março de 2011. 
O segundo, no final do ano passado (ao lado). O primeiro, a Menina Inezita Barroso (Cortez Editora), de minha autoria.
O segundo, Inezita Barroso Com a Espada e a Viola na Mão (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), de Valdemar Jorge.  
Inezita nasceu num domingo de carnaval, numa casa da região paulistana do bairro da Barra Funda.
O dia era 4, o mês março e o ano, 1925.
Define-se como contralto a potência vocal de Inezita.
Esse timbre ela traz na garganta desde tenra idade.
Ao virar cantora profissional, gravou os mais diversos ritmos e gêneros; de samba a modinha, passando pela toada, valseado, cateretê, batuque, baião, coco, congada, arrasta-pé, recortado, modas de viola...
O cientista Paulo Vanzolini, autor de alguns clássicos da nossa música popular, como Ronda e Volta Por Cima, não se conforma de ver Inezita cantando modas de viola. Por que, lhe perguntei.
“Inês tem voz de sambista. Ela é sambista, uma das maiores intérpretes de Noel Rosa, se não a maior. Eu vi muito marmanjo chorar emocionado ouvindo-a cantar sambas no Rio de Janeiro”.
Ronda foi o segundo samba que Inezita gravou no seu quarto disco de 78 RPM, lançado pela extinta RCA Victor, em 1953.
O primeiro foi Isto é Papel João, de Paulo Ruschell.
Parabéns por seus 88 anos de vida, Inezita.


Na ocasião o brincante pernambucano Valdeck de Garanhuns escreveu o seguinte poema, ao modo dos repentistas no ritmo agalopado:

Andei procurando no meu pensamento
Nas cordas sonoras do meu coração
No belo vernáculo da nossa nação
As frases mais belas pra esse momento
Palavras sublimes de bom sentimento
Que possam dizer como somos felizes
Em tê-la conosco com tantos matizes
Exemplo de vida pra bela natura
Fiel defensora da nossa cultura
Cantando as belezas das nossas raízes.

Madrinha serena da musa viola
De nós cantadores, bardos menestréis
Imortalizada em nossos cordéis
Cantando e falando aos néscios amola
Sem substituta pra passar a bola
Mantém com firmeza a sua carreira
Foi lá em Recife que a moça brejeira
Fez o seu início profissional
No Santa Isabel se mostrou genial
E na Rádio Clube bem alvissareira.

Eu falo de alguém que o sabido conhece
E quem não conhece não é vencedor
Porque não contempla o perfume da flor
E se não contempla é porque não merece
Quem lhe ouve cantar jamais se esquece
Da voz, da postura, do jeito fagueiro,
Do jeito paulista, do jeito mineiro,
Do mato-grossense, do pernambucano
Cearense, gaúcho, carioca, baiano,
Do jeito da gente, do ser brasileiro.

Já desde pequena talento mostrou
Cantava, tocava, piano, violão.
A música incrustada no seu coração
À nossa raiz ela se fixou
Cresceu floresceu o fruto brotou
Saudável já teve reconhecimento
Vingou madurou é puro alimento
Pro corpo pra alma nutrindo as pessoas
Que se forem más transformam-se em boas
Com o canto sonoro do seu argumento.

Viola, cantiga, poema e programa
Há anos e anos na nossa cultura
Não sai do viés é porta segura
Aberta pra quem a respeita e ama
É um teorema, sutil diagrama
Na Arte Real três pontos compreende
O que estou falando só ela entende
Descende de gente que usa avental
Que cava masmorras ao vício letal
E entre colunas o amor se estende.

Agora esse livro que narra a infância
Que nossa Zitinha alegre e segura
Viveu em contato com nossa cultura
E vive até hoje sem ter jactância.
Escreve Assis Ângelo com muita elegância
Cortez já publica a obra bonita
A gente se encanta com a bela escrita
Que conta a história da Ignez criança
Artista do povo, legado herança
Menina Zitinha, mulher Inezita.

Personificada na literatura
Meu livro também contém sua escrita
Caminhe, continue, assim tão bonita
Que a sua cantiga exala brandura
Meu muito obrigado por nossa cultura
Que vive em você momento garboso
Seu eu porte jovial modesto treloso
Lhe deixa por dentro do verso e da rima
Ignez Magdalena Aranha de Lima
A nossa rainha Inezita Barroso.

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