Uruguaio
de Montevideo naturalizado brasileiro Taiguara Chalar da Silva foi um dos
artistas mais censurados da ditadura militar, com dezenas de músicas impedidas
de ganhar espaço em discos; e ele foi também o mais representativo intérprete
de músicas de festivais de canções no Brasil, tanto que em 1968 lançou, pela
Odeon, o excelente LP Taiguara o Vencedor de Festivais.
Nesse
disco ele interpreta com sentimento, talento e profissionalismo ímpares onze
grandes obras, entre as quais Benvinda, de Chico Buarque, vencedora do IV Festival
da Música Popular Brasileira; Modinha, de Sérgio Bittencourt, 1º lugar do
Festival O Brasil Canta no Rio; e Helena, Helena, Helena, de Alberto Land,
campeã do 1º Festival Universitário do Rio de Janeiro.
Há
40 anos, ou seja, em 1973, Taiguara lançava pela gravadora Odeon um de seus
mais belos LPs, Fotografias.
Nesse
LP, todas as músicas são de sua autoria, com exceção da pouco conhecida Não Tem
Solução, de Dorival Caymmi e Carlos Guinle.
Taiguara
era um sujeito incrível, sempre a exibir um sorriso largo e bonito a amigos,
conhecidos e desconhecidos, como presenciei várias vezes, mesmo de punho
cerrado, em nome do socialismo e da liberdade, após espetáculos em teatros como
o do Hotel Maksoud, na capital paulista.
Fotografias
merece ser ouvido, com calma.
É
encantador.
Fui
eu quem o apresentou a um de seus ídolos, Geraldo Vandré.
E
fui eu quem, antes disso, o entrevistou para os suplementos há muito extintos
Mulher e Folhetim (acima), do jornal Folha de S.Paulo.
Taiguara
faz, sim, falta.
Lembro-me
dele, eu na sua casa, no Tatuapé, tocando ao piano a canção Que as Crianças
Cantem Livres, constante do LP Fotografias.
Lembro-me
dele também d´outra ocasião, me mostrando ao piano a música até então inédita O
Cavaleiro da Esperança, que saiu, acho, no seu primeiro e único CD pela
Movieplay.
Essa
música foi feita em homenagem a Luís Carlos Prestes.
Lembro-me
dele também chegando lá em casa e brincando com minha filha Luciana, ainda
pequenina.
Há
40 anos, logo após lançar Fotografias, Taiguara se viu na obrigação de deixar o
Brasil e partir para um exílio, digamos, voluntário, em Londres...
Viva
Taiguara!
Muito bom Assis , Taiguara é um compositor como poucos e não pode ser esquecido nunca, ou melhor tem que ser lembrado sempre.
ResponderExcluirum abraço
jc.cortinovis
Taiguara era um artista completo e uma das vozes mais bonitas da nossa música.
ResponderExcluirBom falar nele, Assis.
Uma vez, na casa do Carlos Imperial, na Barra da Tijuca, no Rio, onde estávamos hospedadas, Taiguara chegou e enquanto esperava o dono da casa, sentou-se ao piano e brindou a dupla aqui com um repertório de suas mais recentes músicas, algumas inéditas ainda...Inesquecível.
Assis, Taiguara foi o culpado por mionha quase morte aos vinte e dois anos, quando ainda estava aprendendo a tocar violão e me arriscava a cantar musicas suas que eu amava como HOJE e UNIVERSO NO TEU CORPO, esta ultima por mim oferecida ingenuamente a uma senhora da platéia, que se emocionou tanto que o marido sacou no revolver e partir pra cima de mim e chegou a colocar o revolver na minha boca, olha só que sujeito ciumento ou mesmo inseguro, sei lá..., causos à parte, Taiguara é até hoje referencia pra muita gente, como cantor, compositor e pessoa de nobre caráter, sempre deixará saudades.
ResponderExcluirAssis, Taiguara se foi e faz falta até hoje.Suas músicas são verdadeiras pérolas nos sensibilizando,tocando nossas almas e corações. Os indispensáveis trabalhos como "Fotografias" e "Imyra, Tayra, Ipy",foram meus discos de cabeceira por muito tempo. A canção "Terra das Palmeiras" me tocava profundamente. Antes,mentalmente, me incorporava à canção "O Velho e o Novo" entre outras preciosidades.
ResponderExcluirAssis,agradeço por sua obstinação e devoção em resgatar os verdadeiros valores de nossa desprezada e ultrajada cultura popular. Você é grande. Um forte abraço. Hilton Takahashi.
Obrigado Assis, por me fazer conhecer um pouco mais da história desse grande compositor tão esquecido pela mídia. Ainda bem que contamos com pessoas como você que mantem viva nossa memória cultural. Um grande abraço.
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