Diz
a lenda que um sabiá-laranjeira todos os dias exibia seu trinar do alto de uma palmeira
na Praça da Sé.
Ele
trinava e trinava ao amanhecer, mas só uma menina de rua o escutava.
Mas
um dia a menina notou que o sabiá sumira.
E
ela ficou muito preocupada com isso, até que lhe foi dito que o sabiá fora-se
embora porque as pessoas não gostavam dele.
Pois
é, simples assim: as pessoas não gostavam dele.
E
não gostavam dele porque trinava e trinava bem alto, parecendo provocação.
Em
notícia de quase página inteira o jornal Folha de S.Paulo diz hoje que o trinar
dos sabiás está incomodando os paulistanos.
Pode?
Pode
sim, especialmente quando as pessoas perdem a sensibilidade e trocam o trinar
dos pássaros pelo barulho das ruas e dos carros.
O
repórter o que nem deveria dizer, ou seja: que o belo trinar dos sabiás é
comparado ao som de uma flauta doce.
Pois
é, e desde quando o som bem tirado de uma flauta doce pode incomodar alguém, hein?
O
trinar dos sabiás servem para seus filhotes aprenderem a também trinar.
E
se os sabiás fazem isso da madrugada para o amanhecer é para não expor os filhotes
aos predadores, que não são poucos.
Uma
pergunta: você sabia que o sabiá-laranjeira é a ave-símbolo do Estado de São
Paulo, desde 1966?
Outra:
que o sabiá-laranjeira é a ave-símbolo do Brasil, desde 2002?
O
sabiá é personagem de muitas obras literárias e musicais.
Quem
não se lembra destes versos, do maranhense Gonçalves Dias constante do poema
famoso Canção do Exílio?
Minha
terra tem palmeiras
Onde
canta o sabiá
As
aves que aqui gorjeiam
Não
gorjeiam como lá...
É
de Luiz Gonzaga e Zé Dantas o baião Sabiá, cujos versos dizem:
A
todo mundo eu dou psiu
Perguntando
por meu bem
Tendo
um coração vazio
Vivo
assim a dar psiu
Sabiá
vem cá também...
Aliás,
o seguinte: o sabiá como “personagem” musical se acha na discografia brasileira
desde os primeiros anos do século passado, quando o cantor e violinista carioca,
de Campos, Mario Pinheiro gravou no estrangeiro a modinha Sabiá, de autor
desconhecido, para a Victor Record. Isso entre 1910, 1911.
O
trinar do sabiá-laranjeira pode ser ouvido na moda Disparada, de Geraldo
Vandré/Téo de Barros, numa gravação, para o selo musical Sabiá (acima),
coordenada pelo ornitólogo Dalgas Frisch.
Fica
o registro. SABIÁ-LARANJEIRA
No
dia 13 de maio de 1937, o cantor carioca Patrício Teixeira (1893-1972) entrou
num estúdio da extinta Victor, no Rio, e gravou o samba Sabiá-laranjeira, de
Max Bulhões e Milton de Oliveira, lançado à praça três meses depois.
Clique, ouça e opine:
http://www.youtube.com/watch?v=0Zx0lw1-cAA
É parece que com o passar do tempo as pessoas estão perdendo cada vez mais a sensibilidade . Se queixar do "barulho" dos sabiás ao final das madrugadas . Ao fundo da minha casa em um terreno existem algumas arvores frutíferas e na época certa , eles aparecem é uma delícia
ResponderExcluirEm homenagem ao Sabiá ouçam esta música com Patricio Teixeira 1937
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=0Zx0lw1-cAA
é inacreditável a que ponto chegam os ouvidos acostumados com barulho.
ResponderExcluirNós, aqui em casa, no bairro de Pirituba, São Paulo, temos o privilégio de acordar ao som de muitos sabiás e outros pássaros cantadores -uma bênção para nossos ouvidos musicais...