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terça-feira, 18 de novembro de 2014

MARLUI MIRANDA, A VOZ DOS NOSSOS ÍNDIOS

No novo CD de Marlui Miranda, músicas do repertório infantil dos índios Juruna.
O baiano Dorival Caymmi morou em São Paulo e aqui produziu a obra-prima Maracangaia.
Isso, na década de 50.
Anos antes, o baiano Jorge Amado morou em São paulo e em São Paulo conheceu a mulher que o acompanharia por toda a vida: Zélia Gattai.
Várias décadas depois, os baianos Caetano e Tom Zé também trocaram seus berços pela capital paulista.  Aqui os dois, em anos diferentes, compuseram Sampa e São Paulo, meu amor.
Agora me dizem que Gal Costa, de batismo Maria da Graça, está morando aqui ao lado. Eu moro no bairro de Campos Elíseos, vizinho à Higienópolis.
Gal me faz lembrar Marlui Miranda.
Gal sempre quis ser cantora. Quando era pixoxotinha ela ficava zanzando dentro de casa e procurando espaços que lhe facilitassem ecoar a voz. Um desses espaços, era o banheiro. E lá ela cantava, cantava e cantava. Outro espaço que ela adorava era a panelona que a mãe usava para fazer feijoadas. Essa panelona Gal enfiava na cabeça e cantava, e cantava, e cantava.
Marlui, como Gal, também sempre quis ser cantora.
Nos seus tempos de criança no Ceará, ela adorava ficar ao pé do rádio ouvindo os artistas da Rádio Nacional, como Luiz Gonzaga.  
Um dia, o pai chegou em casa com um monte de discos de 78 rotações. Entre esses discos, vários com gravações de números sinfônicos. Antes, ela nunca vira ou punha na mão discos desse tipo. Encantou-se. E a medida que a mãe os punha para tocar, ela emocionava-se ao ponto de chorar. E muito. No começo, a mãe preocupava-se. Depois, relaxou achando graça. Eram tão inusitadas as situações, que a mãe passou a convidar as amigas para ver a filha ouvindo discos e chorando.
Marlui Miranda, como Gal Costa, cresceu e se tornou uma das mais importantes cantoras do Brasil, emprestando a sua bela voz a, digamos, causa musical indígena.
A maior parte da discografia de Marlui é constituída por cantigas dos nossos índios. Exemplo disso é o seu novo CD, Fala de bicho, fala de gente (Sesc), que começa com a belíssima moda de ninar Duku duku.

Viva os baianos e viva a Marlui Miranda, que reencontrei no último fim de semana, depois de muitos anos.

Ouça Marlui Miranda: http://www.sescsp.org.br/online/selo-sesc/132_DIARIO+DE+VIAGEM+MARLUI+MIRANDA+E+O+POVO+DO+XINGU#/tagcloud=lista

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