Certa vez, o sanfoneiro Sivuca me
contou que fizera parte de um trio musical chamado O Mundo Pegando Fogo. Desse
grupo participavam, além dele, Hermeto Pascoal e seu irmão Zé Neto.
Hermeto é sanfoneiro e multitudo
musical, como todo mundo sabe.
Zé Neto é pianista.
Por que lembro disso?
Simples: o mundo hoje, mais do que
nunca, está pegando fogo. A Grécia, por exemplo, está numa enrascada de fazer
dó. Dó de dor, não musical.
No Brasil vê-se o que se vê: o
legislativo brigando com o judiciário e, no meio dessa briga, o governo
impotente da dona Dilma, que, aliás, outro dia andou saudando a modo muito
próprio, a nossa mandioca de sempre.
Por falar em mandioca, lembro que no
belo livro Iracema, do cearense José de Alencar, há uma passagem em que a
mandioca é citada.
Falei Iracema?
Pois bem, esse livro clássico, lançado
a público em 1865, começa assim: “Verdes mares bravios de minha terra natal,
onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba. Verdes mares que brilhais como líquida
esmeralda aos raios do sol nascente perlongando as alvas praias ensombradas de
coqueiros. Serenai, verdes mares, alisai com doçura a vaga impetuosa para que o
barco aventureiro, manso, resvale a flor das águas”.
É uma história muito bonita, de
conteúdo indigenista, que trata, mesmo ficcionalmente, de um pouco da história
dos primeiros habitantes desta terra. Pelas páginas deste livro se movimentam o
guerreiro branco Martim e a “virgem dos lábios de mel” Iracema, ora de olhos
verdes, azuis e negros como “as asas da graúna”.
É uma história que tem muito a ver com
o Brasil. Inclusive no tocante à nossa cultura popular.
Você sabia que é de autoria do mesmo
José de Alencar o romance também indigenista O Guarani, que virou tema da
primeira ópera do paulista Antônio Carlos Gomes, estreada no Ala Scalla, de
Milão, em 1870?
Ler é sempre bom.
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