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sábado, 2 de julho de 2016

LIVRO ETERNIZA ROSIL CAVALCANTI

Ele era doce e dócil, inquieto, nervoso, sereno, contraditório, autossuficiente, prepotente e amável. Ele era a mistura de tudo e mais alguma coisa. Era amigo dos amigos. Era solidário. Ele era isso e muito mais. Era jornalista, compositor, arranjador, cordelista, ator, radialista. Ele era isso tudo e muito mais. Tinha amigos e inimigos. Entre seus amigos, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Raimundo Asfora (1930/1987), poeta, advogado e deputado pela Paraíba, que fez bem a muita gente.
Estou me referindo ao pernambucano Rosil Cavalcanti (1915/1968), com “i”, pois, na Paraíba e redondezas, quem não é Cavalcanti é “cavalgado”...
Fiquei sabendo disso tudo após história contada no livro Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: andanças de Rosil Cavalcanti, de Rômulo C. Nóbrega e José Batista Alves, lançado em fins do ano passado e já praticamente impossível de ser encontrado nas livrarias do Nordeste e, no Sudeste, então...
A obra de Nóbrega e Alves é excepcional sob todos os aspectos.
A história do multitudo Rosil Cavalcanti, dividida em nove capítulos no livro de mais 400 páginas, começa em 1950, numa reunião comandada por Hilton Mota para a escolha do primeiro jornalístico da Rádio Borborema, da rede Associada do paraibano, de Umbuzeiro, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (1892 - São Paulo,1968), que nesse mesmo ano presentearia o Brasil com a televisão, que hoje é o que vemos. Hilton Mota, figura impoluta com quem trabalhei na Rádio Correio da Paraíba, no começo dos anos de 1970, era o bam-bam-bam da Borborema, na época de Rosil.
É uma história incrível essa contada no livro Pra Dançar e Xaxar na Paraíba. Os autores Rômulo Nóbrega e José Batista Alves, passaram mais de duas décadas para concluir a tarefa que se propuseram a fazer. O resultado pode ser medido pelo volume enorme de matérias publicadas pela imprensa nacional.
Antes desse livro, confesso que desconhecia a trajetória do biografado e a importância real que ele significa para a música popular brasileira, especialmente no tocante aos ritmos nordestinos ou regionais que ele tão bem desenvolveu.
O primeiro intérprete a registar em disco as composições de Rosil Cavalcanti foi o paraibano, de Alagoa Grande, Jackson do Pandeiro. Aliás, Jackson estreou em disco com uma música de Rosil: Sebastiana. Isso foi em 1953.
Depois de Jackson, vieram Luiz Gonzaga e inúmeros outros intérpretes.
O livro de Nóbrega e Alves é de um conteúdo riquíssimo, que vai ao extremo das minúcias. Os autores falam de Macaparana, o berço de Rosil. Falam da sua trajetória por boa parte do Nordeste, incluindo Alagoas e Sergipe. E falam, naturalmente de Campina Grande, a cidade que recebeu de braços abertos o autor de Sebastiana e Faz Força, Zé, essa última, lançada em disco pelo Rei do Baião.
Rosil Cavalcanti compôs pouco mais de 80 músicas, 24 delas lançadas por Jackson do Pandeiro.
Entre os clássicos populares deixados por Rosil, destaque para Tropeiros da Borborema. Essa música, uma toada, foi feita em parceria com Raimundo Asfora.
Todos os capítulos Pra Dançar e Xaxar na Paraíba, enriquem no seu conjunto, a obra e a trajetória do biografado. Detalhe: o nono capítulo, o final, traz curiosidades impagáveis sobre Luiz Gonzaga. E chega. Deixo pra vocês leitores ou futuros leitores que descubram essas curiosidades.
Pra Dançar e Xaxar na Paraíba, é um livro deliciosíssimo que traz à tona, com fidelidade, a beleza da cantiga nordestina. 




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