Páginas

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

LULA E O GRANDE SERTÃO:VEREDAS


Outro dia ouvi o Lula dizer que "as zelite" fizeram " um quase pacto diabólico".
Essa fala fez-me lembrar do tempo da ditadura militar instaurada no Brasil em 64 e finda em 85. Naquele tempo, tudo de ruim que acontecia ao País era debitado à imprensa.
Quem daquele tempo não se lembra do então ministro da justiça Armando Falcão, cearense de pouca fala e pouco tudo? Quando perguntado sobre qualquer coisa por um jornalista, ele respondia, peremptoriamente: Nada a declarar. Aqui. ao lado, o cartunista cheio de graça Fausto emenda: e isso também era válido para quando perguntado sobre seu Imposto de Renda...
A fala do Lula fez-me lembrar também o pacto com o Demo feito por Riobaldo, o personagem narrador de  "Grande Sertão: Veredas", do Rosa. Por que?
Riobaldo não acreditava no demônio, daí o quase pacto que ele fez com ele. Prá Riobaldo "o demônio não precisa existir para haver". Mais ou menos isso.
O "quase" pacto que Riobaldo fez com o Demo foi diferente do pacto que Hermógenes fez com o chefe dos infernos, para se garantir como o todo poderoso da jagunçagem.
O Lula é incrível!
Grande Sertão: Veredas surgiu no mercado em maio de 1956, há exatos sessenta anos, portanto. Foi um estouro, algo extraordinário no mercado editorial. O livro, com mais de seiscentas páginas, trouxe à literatura brasileira, uma linguagem totalmente nova. A história tem um narrador como principal personagem. São muitos os personagens que há nessa obra e tudo ocorre nos sertões de Minas e Bahia, um pouco de Goiás É fabuloso! Deus e o Diabo são personagens secundários, como Lula hoje está se tornando no Brasil.
Pôxa vida, não soube eu de nenhum evento comemorativo relacionado aos sessenta anos da obra prima que é essa de João Guimarães Rosa.
O livro começa com uma palavra inexistente em qualquer língua: Nonada. E a respeito escrevi:

Nonada não é nada
Nas veredas do Sertão
Nonada é apenas
Começo de confusão
Prá macho que nasce frouxo
pedindo a padre perdão

Nonada não é nada
É um sim, talvez um não
É Hermógenes morrendo
No meio dum furacão
É Joca Ramiro vingado
Com muito sangue no chão

Nonada não é nada
É bendito, é oração
É padre puxando reza
Na frente de procissão
Convencendo o pecador
A fazer bem ao seu irmão

Nonada não é nada
Nem é tiro de canhão
É começo de conversa
De gente forte do Sertão
Inventada por um cabra
De nome chamado João


Um comentário: