A febre mostrou sua cara amarela há poucos dias no município de Casemiro de Abreu.
Casemiro não merecia isso.
O poeta autor do poema clássico Meus Oito Anos nasceu no dia 04 de janeiro de 1839. Com dezesseis anos de idade, foi por seu pai levado a estudar em Portugal. O pai era português e a mãe, brasileira. O menino Casemiro sempre detestou o trabalho pesado. O pai era um rico negociante e ele, tudo que queria na vida era ser poeta. O pai detestava poesia, por isso o levou a Portugal.
Ao voltar ao país, Casemiro foi fisgado pela boemia. E logo enganchou-se num rabo de saia e casou. Em seguida pegou uma tuberculose das brabas e morreu no dia 18 de outubro de 1860, aos 21 anos. Antes, em 1859, ele reuniu alguns poemas e publicou o primeiro e único livro: Primaveras.
O tempo passou, e Casemiro virou o nome do município Casemiro de Abreu onde, agora, instalou-se de volta a praga da febre amarela.
Viva Casemiro de Abreu e pro inferno, a febre amarela!
Oh ! que
saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias
Do despontar da existência !
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !
Do despontar da existência !
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !
Oh ! dias de minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar !
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar !
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Caro Assis um forte abraço!Essa poesia me fez lembrar do meu tempo de Ginásio, onde aprendíamos o Portugues com livro de Domingos Pascoal Cegalla que viveu até os 93 anos !!E ainda ouvir essa poesia com Paulo Altran nossa ...emociona !
ResponderExcluirCaro Assis um forte abraço!Essa poesia me fez lembrar do meu tempo de Ginásio, onde aprendíamos o Portugues com livro de Domingos Pascoal Cegalla que viveu até os 93 anos !!E ainda ouvir essa poesia com Paulo Altran nossa ...emociona
ResponderExcluirE pra quem gosta de Poesia Leiam essa do próprio Casemiro de abreu.
ResponderExcluirSimplesmente maravilhosa.
Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.
Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.
São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.
Simpatia - meu anjinho,
É o canto de passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d’agosto
É o que m’inspira teu rosto…
- Simpatia - é quase amor!
Casimiro de Abreu