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quinta-feira, 27 de abril de 2017

AMIGOS NUMA NOITE FRIA


No fim da tarde de hoje o querido José Ramos Tinhorão bateu à porta com as mãos frias. Um frio danado tomava conta da cidade e de todos nós.
O vento assobiava lá fora, e Tinhorão foi logo perguntando se tinha algo para esquentar o corpo. E eu disse que não tinha vinho, mas tinha cachaça e uísque. E também palavras boas para conversar. E ele: "então eu quero tomar um pouco desse tal de uísque".
E começamos a falar sobre a decadência da vida moderna, da vida pós-moderna.
Falamos dos cantadores repentistas, que não se renovam.
E falamos também da não renovação dos cordelistas; e dos críticos literários, dos críticos de cinema, de arte.
Lembramos que já não há críticos de música e de teatro.
Lembramos que já não há quem pense artes plásticas como Mário Pedrosa...
Não, não estávamos falando de saudosismo. Estávamos falando de evolução e involução da vida e chegamos à conclusão que involuímos a cada dia. Quer dizer: o pensamento humano segue desastrosamente para o processo desumano. E aí, vamos até aonde?
Tinhorão viaja segunda feira a Portugal.
Desejei-lhe boa ida e boa volta.

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