A primeira referência à literatura de Cordel, impressa, surgiu na segunda metade do século 19. Saiu no primeiro Dicionário de Língua Portuguesa, do lisboeta Francisco Caldas Aulete. Ele morreu antes de ver a sua obra publicada. No seu dicionário, esse tipo de literatura aparece de modo pejorativo. O verbete traz o nome simplificado de Cordel.
A literatura de Cordel propriamente dita, tal como hoje a conhecemos, começou a ser publicada em Portugal e logo depois no Brasil. O seu expoente máximo, não é um, são dois: Silvino Pirauá e Leandro Gomes de Barros, ambos paraibanos e desaparecidos no século passado.
Os folhetos em que passaram a ser inseridos pequenos textos corridos e poemas eram chamados de "folhetos de cordel".
Esses folhetos sempre foram vendidos de mão em mão e a baixo custo. Primeiramente por uma entidade de cegos em Lisboa, por autorização do rei vigente à época. Falamos do século 16, por aí.
Os Saraus surgiram muito antes dos folhetos de cordel.
Os folhetos eram escritos por poetas do povo, mas não só.
Muitos folhetos trouxeram histórias de príncipes e princesas, de feras indomáveis, de encantamento, de cavalaria, de guerra e paz.
A donzela Teodora é um clássico dos mais belos, que encontrou no Brasil o poeta Artur Azevedo como seu primeiro adaptador. A adaptação de Azevedo para Donzela constituiu-se numa opereta.
A palavra sarau vem do latim.
O sarau foi muito praticado pela aristocracia da velha Europa. Muito tempo depois é que o sarau popularizou-se.
Hoje, cordel é chic.
Hoje, sarau ainda é chic.
A expressão literatura de cordel foi cunhada pelo fato de ser, no Brasil, vendido de mão em mão e também nas feiras livres, pendurados em cordões, barbantes. Aqui, como lá. E não é demais dizer que o sarau, como o cordel, pode se achar em todo canto: até sob varais.
Foi uma festa, pá!
E terminei fazendo uns versinhos, que foram apresentados no decorrer do sarau, estes:
SARAU PRÁ
TODOS
O sarau vem
lá de longe
Vem dos
ventos, da ventania
Vem dos
mares, vem dos montes,
Trazendo
grande alegria
Prá quem
gosta de brincar
No mundo da
fantasia
É um mundo
bonito
Que tem
canto e tem magia
Que tem
dança e tem batuque
E também tem
poesia
Declamada
com prazer
Graça e
categoria
Quem não
gosta de brincar
Sem pressa,
sem correria?
Quem não
gosta de estar
Numa bela
cantoria?
Só gosta
quem não presta
Ou tem a
cabeça vazia
O Sarau é
maravilha
É beleza, é
harmonia
É canto da
liberdade
É a vida em
sintonia
É exercício
da paz,
Da livre
cidadania
Mas um sarau
prá ser completo
Tem que ter
filosofia
Tem que ter
muita história
De amor e
valentia
Um sarau
assim bem feito
É prá todo
santo dia!
BRINCANTE
Sexta 12 assisti uma belíssima cantoria no espaço cultural Brincante. Os repentistas convidados foram o cearense Geraldo Amâncio e o paraibano Edival Pereira. Amâncio é decano do mundo do repentista e Pereira apresentador de um programa da categoria na rádio FM Imprensa, nas manhãs de domingo. Antônio Nóbrega participou da cantoria e Moreira de Acopiara e eu também.
BRINCANDO COM A HISTÓRIA (11)
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