É crise por tudo quanto é lado, não é mesmo? Dá até pra dizer que os ratos da República de hoje espalhados por ai a fora, usam terno e gravata e falam uma esquisita língua que tem haver com propina e corrupção. É como se fosse uma língua. Propines.
As cadeias do Brasil estão cheia de ratos falando propines. Fora da cadeia, também. Portanto é muito bom receber boas notícias. Agora mesmo, por exemplo, recebi a noticia de que o grande poeta matuto Geraldo do Norte está voltando às ondas hertzanas. Essa boa noticia eu as compartilho com vocês. Façam o mesmo com seus amigos etc.
"PRA GENTE SE DIVERTIR
VOU ABRIR MEU TABULEIRO
DE JANEIRO A JANEIRO
DO OIAPOQUE AO CHUÍ
MEUS AMIGOS AQUELE ALÔ.
NESTE SÁBADO, 05-08-2017
O PROGRAMA "NO TABULEIRO DO BRASIL ESTRÉIA NOVA TEMPORADA, AGORA AOS
SÁBADOS E DOMINGOS, DE 00:00 AS 3:00 DA MANHÃ.
ESPERO MAIS UMA VEZ
CONTA COM A SUA AUDIÊNCIA.
AGRADEÇO A TODOS OS QUE
CONFIARAM EM NOSSO TRABALHO, INCLUINDO VOCÊ, QUE MANTEVE CONTATO COM A
OUVIDORIA DA EBC PEDINDO A VOLTA DO PROGRAMA. ESPERO CONTAR COM SUA
ATENÇÃO PARA NOS AJUDAR A FAZER UM BOM PROGRAMA DE RÁDIO.
CONTINUEM PRESTIGIANDO O
NOSSO TRABALHO, AGORA SENDO TRANSMITIDO PELA REDE EBC DE RÁDIOS PARA TODO O
BRASIL.
VAMOS SER PARCEIROS DOS
FINAIS DE SEMANA!.
QUERO CONTINUAR UNINDO
OS MUITOS BRASIS DESTE BRASIL COM SONS, ACORDES E RIMAS PELAS ONDAS DA SUA
RADIO NACIONAL, "A EMISSSORA MAIS QUERIDA DOS BRASILEIROS". LOUVADO
SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Gota serena, bexiga lixa e cachorro da mulesta. Estas são algumas das expressões que habitam a boca do povo nordestino, desde sempre. Algumas delas eu já havia até esquecido, confesso. Mas ontem, durante um café da manhã partilhado por Ana, a mim e ao amigo Cortez, veio tudo à tona. E rimos muito. À mesa, cuz cuz de milho, tapioca, soda de rapadura, macaxeira espapaçando, suco de laranja, seriguela, café de pilão e leite de coco, de coco mesmo! Uma delícia! A semana começou comigo e Cris na casa dos amigos Paulo, Mari e Aidan, filho de ambos, no Ibirapuera. E lá estavam outros convidados para participar de mais um sarau. Reencontramos o cantor, compositor, instrumentista cearense, Graco, autor da bela canção Noturno, mais conhecida pelo verso "coração alado", imortalizada por Fagner (Graco aparece de chapéu, na última foto, ao lado de Brau Mendonça, os dois tocaram lindamente seus violões). O sarau estendeu-se até as primeiras horas da madrugada. Eu declamei uns poeminhas que ando fazendo para não endoidecer, Graco cantou e tocou, Paulo, que é agrônomo de profissão, cantou e tocou feito gente grande, ao lado de Osias e Cristina, Brau e Rosângela e Ana. Marisa veio do Ceará e declamou o décimo quinto poema do repertório de Vinte poemas de amor e uma canção desesperada do chileno Pablo Neruda (1904-1973). Foi tudo muito bom. ( foto acima) Agora há pouco o cantor, compositor e sanfoneiro, Targino Gondin, telefonou, de Petrolina, PE, para dizer que acabara de voltar de uma esticada que deu à Angola, África. Ele está com mil ideias e quer que eu me envolva nelas. Bora lá! Filme, documentário na parada. Lembrei que deixei um projeto sobre Luiz Gonzaga na França. E bora, bora! Minutos atrás, quem também ligou foi o amigo Joel dos Santos, dizendo-se animado por topar no vídeo da Plin Plin com a cearense Amelinha cantando. Eu também gosto da Amelinha. Amelinha, ex-companheira do paraibano Zé Ramalho, gravou belamente o frevo Frevo Mulher. Confira:
CÂMARA CASCUDO Hoje faz 31 anos que o memorialista da cultura popular potiguar Câmara Cascudo partiu para a Eternidade. Cascudo nasceu em 1897 e deixou uma obra monumental sobre costumes e outras coisas do povo. Proseei muito com ele na sua casa em Natal, RN. E cheguei a publicar uma ampla entrevista que fiz com ele em sua casa. Essa entrevista saiu no extinto suplemento dominical do paulistano Folha de S.Paulo, Folhetim. Encontra-se no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, gravação em fita cassete de pelo menos um encontro nosso. Chegeui a gravar provavelmente o único poema de sua autoria, Não Gosto de Sertão Verde. Confira:
Ouvi hoje à tarde, na CBN, do artista multitudo Antônio Nóbrega (foto). Ele falou, naturalmente, sobre cultura popular. A sua praia. Lembrou que falta ao governo uma pauta cultural que beneficie as pessoas que gostam de cultura. Lembrou também que há, no Brasil, centenas e centenas de orquestras de repertório erudito e essas sim contam com apoio do governo. E por que as outras não? E aí ele se referia às orquestras populares, como a de frevo de Recife. Nóbrega esteve coberto de razão no correr da entrevista que deu à CBN, ao vivo. É como se fôssemos dois Brasis, o de cima e o de baixo. Aliás, tema de um belíssimo poema do poeta popular Patativa do Assaré (1910-2002). Ouça, na voz do seu filho Cidrão:
O Brasil de baixo é o Brasil dos pobres, dos descamisados, dos sem ninguém, dos órfãos e pés no chão. Isto é, o Brasil da cultura popular. O outro Brasil, o de cima, é o dos afortunados etecétera e tal. Aqui não resisto de lembrar uma tirada atribuída ao anárquico grego Diógenes, que viveu há 4 séculos a.C. A tirada é a seguinte, segundo Diógenes: "em casa de rico não tem nada o que fazer a não ser cuspir na cara dele". Não tenho nada contra rico nem pobre. Tenho contra a burrice nacional e privilégios particulares. A entrevista findou com Nóbrega ao violão cantando uma música do rei do Baião, Luiz Gonzaga. Faz-se urgente uma pauta cultural para todos os brasileiros. Até porque os espaços da cultura popular no rádio e na tevê não existem. Não confundir cultura popular com cultura de massa, massificada, dos safadões da vida. Hoje também ouvi no rádio, na Band, acho, notícia de Brasília dando conta de que o presidente em exercício chamou o seu ministro da cultura de "secretário". Daí vê-se a importância que a cultura brasileira tem para o presidente da República. Quer dizer, ele nem sabe se tem ministério ou Secretaria da Cultura. Um horror, não? E o Secretário de Cultura do Município de São Paulo, hein? O Homem da cultura do prefeito Dória, o tal Sturm, foi demoradamente vaiado ontem à noite, 26, na abertura do 12º Festival Latino Americano de Cinema, no Memorial da América Latina. Sturm é aquele que ameaçou bater num agente cultural em maio, na Zona Leste da cidade. A que ponto chegamos, Deus do Céu!
BRINCANDO COM A HISTÓRIA (40): Eu já disse, mas não canso de repetir: O cartunista Fausto é incrível, um dos mais atentos, antenados do Brasil. O mergulho que Fausto está dando na pré história é completamente fantástico. Foi neste Blog que ele iniciou esse mergulho. Vejam que pérola é esse saque do primeiro beijo pré histórico, a descoberta do amor.
O nome de Temer ardeu nas fogueiras juninas do Nordeste de Meu-Deus-do-Céu. Queimou que fedeu, entre paus e gravetos de segunda linha. E queimou e fedeu até no último domingo, 23, em Serrita, PE.
Em Serrita, cidade sertaneja localizada há pouco mais de 500 km da capital pernambucana, umas 70.000 pessoas tomaram cachaça, comeram carne seca, rabada e buchada até o sol por de volta sua cara por aquelas bandas. Esse povo todo curtiu vaquejada, pega de boi e forró com o paraibano Flávio José e forrozeiros da região.
Foi bonita a festa, pá.
Desde 1971, Serrita vem se transformando no palco da maior missa campal do Brasil, quiçá do mundo. É festa religiosa e profana, inspirada no assassinato do vaqueiro exuense Raimundo Jacó, ocorrido no dia 08 de julho de 1954.
Raimundo, nascido no dia 16 de junho de 1912, era primo legítimo do rei do baião Luiz Gonzaga.
A missa realizada domingo passado foi a 47ª.
A Missa do Vaqueiro foi criada pelo poeta repentista Pedro Bandeira, paraibano, e pelo já referido Luiz Gonzaga, e a primeira celebração realizada pelo Padre João Câncio (1936-1989).
Lembro-me de Luiz Gonzaga contando a história do seu primo em entrevista que publiquei no extinto suplemento dominical da Folha de S.Paulo. Enquanto falava, Gonzaga emocionou-se várias vezes. Chorou, mesmo. Ele tinha pelo primo um respeito e encantamento profundos. Tão profundo e respeitoso que chegou a compor e a gravar uma belíssima música em sua homenagem. Esta:
Lembro-me também de João Câncio, a mim apresentado noutra ocasião em São Paulo, Capital. João abandonara a batina para casar-se. Assisti o abraço forte, afetuoso entre os dois. Gonzaga prometera ao amigo um "anel de doutor", pois ele acabara de concluir o curso de Direito. Quanta história!
Raimundo Jacó transformou-se numa lenda. Já era uma lenda, segundo o primo Gonzaga. Jacó parecia falar a mesma linguagem do gado. Sabia até os pontos exatos em que pastavam e se escondiam e fácil, fácil, localizava com presteza as reses perdidas. Aliás, foi a busca por uma rês perdida que o levou à morte: Um cabra o matou por inveja. Foi acusado formalmente, mas não condenado por falta de provas. Seu nome: Miguel Lopes.
Nessa história havia um cachorro, um vira lata que ia prá todo o canto com o seu dono, Raimundo Jacó. Depois de o corpo do seu dono ser localizado, velado e sepultado, o cachorro permaneceu por vários dias à beira do túmulo, sem beber e sem comer nada. morreu ali. A história é triste, acompanhe:
Um argentino fora do eixo encheu de cartas muitas representações diplomáticas para apoiá-lo na criação do Dia Internacional do Amigo. Isso foi pouco antes de o homem pôr suas patas na Lua, no dia 20 de julho de 1969. Naquele dia, Armstrong (1930-2012) -o homem da Lua- disse que o nosso planeta era uma coisinha de nada perdida no Universo. Pois bem, o Dia Internacional do Amigo virou uma realidade, comemorada no dia em que o homem desceu da Apolo XI e foi procurar São Jorge... Lembro disso porque acabo de receber um telefonema do dileto e querido amigo piauiense Jorge Melo, um dos mais festejados craques da nossa música popular e doutor de respeito na área de direitos autorais, no Brasil. Ele ligou para dizer que estava com saudade, e lembrou do Papete, que partiu há dois anos para a Eternidade. Jorge Melo iniciou a carreira há cinquenta anos, gravando discos autorais e produzindo discos dos outros. O cabra é de bom cabedal: ator, cantor, compositor, instrumentista, cordelista, o escambau. Você sabia, meu amigo, minha amiga, que Jorge recebeu há anos o desafio de pôr os pingos nos is no tocante à questão autoral dos direitos do Hino do Corinthians? Direitos autorais é uma questão complicada no mundo todo, especialmente no Brasil. Eu mesmo levei peia nessa questão. Perdi por não receber o que deveria com livros e músicas. A última vez que recebi algo do ECAD não deu prá sequer fazer uma feira aqui de lado, na rua Antonio Gordo. Há poucos dias entrou e saiu de cartaz em São Paulo, um filme sobre nosso dileto autor pernambucano João Leocádio da Silva (1935-2013). Clique para ver uma das últimas entrevistas que ele me deu:
Não sei quem dirige o filme, O que me dizem é que a trilha sonora é toda recheada de músicas do João, mas seus herdeiros não receberam até agora nadica de nada e que sequer as editoras musicais foram consultadas. Isso dá rolo. João é o autor mais frequente do repertório do Rei do baião, Luiz Gonzaga, por baixo passa de 900 o número de músicas de sua autoria, começou a gravar ali pela metade dos anos de 1950. São poucos os artistas que não têm o que reclamar do ECAD, entre os quais Caetano, Chico, Roberto, Milton e os sertanojos das paradas de sucesso. Braguinha, o grande Braguinha (1907-2006), parceiro do gigante Noel Rosa, dizia que não recebia nada ou quase nada dos direitos da extensa obra que construiu. O Vandré reclama disso até hoje.
Viver é bom demais, que o digam meninos como José Ramos Tinhorão. No dia 07 de fevereiro do ano que vem, Tinhorão entrará soberbamente na casa ainda pouco frequentada dos 90. E ontem, como toda sexta, ele chegou supimpa e serelepe dizendo que suspeitava estar entrando na chamada fase da velhice. "Ser velho é uma merda!" Rimos muito. O humor do Tinhorão é do tamanho da sua sabedoria, ou seja: enorme. No começo deste mês, o gaúcho Paixão Côrtes inaugurou a casa dos 90. Paixão, como Tinhorão, tem muito o que falar. E já falamos, trocamos ideias, sobre vida e cultura popular. Foi no tempo em que eu apresentava um programa na Rádio Trianon, daqui de Sampa.
Inezita Barroso Adorava Paixão Côrtes e dele chegou até a gravar músicas. Mas voltemos a Tinhorão. O Brasil deveria ou deverá tomar vergonha na cara e abrir-se em homenagens a José Ramos Tinhorão. Tinhorão merece todas as glórias, todos os louvores, por ser quem é e pela obra grandiosa que nos tem legado. Este ano ele já publicou livro novo e ano passado também. E agora mesmo está às voltas de outro, dessa vez sobre a poética licenciosa da arte e compositores brasileiros. Estamos nessa, junto com Rômulo Nóbrega, Roberto Luna, Kyldemir Dantas, Oliveira de Panelas, Téo Azevedo e outros e outros, amigos e comparsas. Eu já disse e repito, a obra de Tinhorão que beira uns 40 livros, precisa ser adotada em todas as escolas públicas e privadas deste país varonil. Ler faz bem, tanto que Tico e Teco agradecem. Atenção Edu Ribeiro, Barão, Audálio, Luciano Martins e Zé Hamilton Ribeiro: Preparemo-nos para uma bela entrevista sobre José Ramos Tinhorão para o portal Jornalistas&Cia. Atenção, atenção Brasil, Tinhorão está indo ocupar bela cadeira na casa de poucos, a 90. Ah! Tinhorão foi o jornalista que criou a foto-legenda no JB, por onde se aposentou. PRESENTE Um país sem passado, que não respeita seu passado, que não estuda seu passado, que não prima por seu passado, não pode ter um bom futuro. Não há futuro sem passado.
Carroças e carroceiros, desde a Idade Média existem. Os carroceiros são modernagem desde sempre. E importantíssimos, desde a Idade Média. Nesta nossa Idade, relegamos a último estágio o carroceiro. Quão idiotas somos, não é mesmo? Carroças e carroceiros são e serão importantes o tempo todo neste mundo modernoso em que vivemos. Um homem carroceiro morreu. Tinha 39 anos e era paulistano. Quantos homens paulistanos e de 39 anos há no Brasil, no mundo? Esse homem de 39 anos, paulistano, tinha por nome Ricardo Silva Nascimento. Ricardo, tantos Ricardos brasileiros, recebeu tiros no peito à queima roupa, sem poder defender-se. Ricardo foi morto pela polícia. Quantos Ricardos ainda morrerão, inocentemente, pelas balas policiais? Ricardo foi brutalmente assassinado na quarta, 12. Pessoas se movimentaram e levaram o nome do Ricardo à consciência popular. Uma missa foi rezada em memória de Ricardo. Que Deus nos proteja da Polícia!
A cultura popular e seus ditos são fantásticos, portadores de grande sabedoria, certo? A cultura popular está em todo o canto, como em todo o canto está o povo. A cultura popular é resultado da vivência do povo. E isso se acha no teatro, no cinema, na música, nas artes em geral. E uma coisa puxa a outra. Por exemplo quando algo não interessa aos político, eles dizem desconhecer a causa ou a razão dos fatos. Quer ver? Lula nunca soube de nada, especialmente das acusações que lhe são feitas, é o que se lê, é o que se ouve. O nada saber de Lula faz-me lembrar o filósofo grego da Era Clássica, Sócrates. Sócrates foi condenado à morte no ano 4.000 a.C., sob a acusação de corromper a juventude e negar os deuses do seu tempo. Corromper no sentido de convencimento de ideias e ideias. Sócrates, como se sabe, já nasceu avançadíssimo para o seu tempo. Tanto que ele e sua obra sobrevivem. Ao escolher o tipo de morte, Sócrates escolheu a cicuta. Além da obra, Sócrates legou à Eternidade a frase clássica: "Só sei que nada sei". Simplicidade profunda, profundíssima, não é mesmo? Pode se dizer que Sócrates foi vítima da Justiça de seu tempo. A Justiça destes tempos acaba de condenar o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e meio de cadeia. Justiça ou injustiça? Ao fim do laudo condenatório o juiz Sergio Mouro recorreu à sabedoria popular: "Não não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima". Uma coisa puxa a outra: "Aqui se faz, aqui se paga". Outra: "A Justiça tarda mas não falha". Mais uma : "Olho por olho, dente por dente". E esta, que está na boca de todo mundo: "Pau que bate em Chico bate em Francisco. E tem aquela também: "É pau que bate em doido!". Olho por olho etc., tem origem babilônica, tá na Bíblia. Consta que foi dita muitos séculos antes de Cristo vir ao mundo. Tem pinta de vingança. Já a Justiça tarda etc., veio do povo português, como tantas outras. A ideia de justiça foi amplamente exposta e discutida por Aristóteles. Segundo a visão aristotélica, justiça é uma coisa para ser aplicada igualmente a todos. É aquela história de a Lei ser para todos. A injustiça é uma variante da justiça, que recai muitas vezes sobre a cabeço do povo que não tem grana pra pagar a advogados de elite, como esses que estão ai a defender lustrosos nomes da República. Uma vez questionado sobre lei, Getúlio Vargas teria dito: "A Lei? Ora a Lei!". Ele também teria dito a seguinte frase: "Para os amigos tudo, para os inimigos a Lei". Para ilustrar, um poeminha que acabo de compor: Diógenes foi um craque Do escracho e do saber E viveu por muito tempo Tentando só entender Por quê se rouba tanto Desde sempre até morrer Cego, pobre e doido Ele partiu após dizer Que Deus não teve culpa De o homem escolher O verbo Ter antes do Ser Como via prá viver Assim o tempo passa Sem o homem perceber Que entrou em parafuso Nas entranhas do seu Ter E é certo que nem sabe Que perdeu-se do seu Ser. Após elo perdido partido, o que fazer? Terá salvação salvação? Ou ele irá morrer No pó e na sujeira Dos escombros do Poder?
Anastácia, a bam bam bam do Forró telefona toda feliz para dizer que as dores fortes que sentia nas penas sumiram, depois da intervenção cirúrgica feita há poucos dias no HC. Cirurgia simples, da vesícula. Agora está em casa, de molho, mas já se preparando para apresentações no Espírito Santo e em Sergipe. Depois disso, já no primeiro dia de Setembro, já estará na Espanha rumando em seguida a Portugal. É a primeira vez que sai do Brasil, de mala, mas deixando a cuia cá na terrinha. Além disso, tem novo disco chegando ao que sobrou do mercado na próxima semana ou na outra. Viva Anastácia! O sanfoneiro Targino Gondim é outro que sai do Brasil pela primeira vez. Ele viajou ontem e hoje já tem apresentação em Angola. De novo estará conosco semana que vem. Targino é o coautor do sucesso Esperando na Janela, gravado por tudo quanto foi intérprete. Gil, inclusive. Mês passado, o canal Futura e a Tevê Caatinga levaram ao ar a série de quatro episódios intitulada Sou Forró. Apresentada por Targino, a série reuniu grandes nomes do nosso forró, entre os quais Genival Lacerda e Maciel Melo. Eu participei do último episódio falando sobre danças populares. Curtam:
TÉO AZEVEDO O cantador mineiro Téo Azevedo só saiu do Brasil uma vez, hás muitos anos. Foi cantar e tocar em Portugal, onde identificou-se com as raízes populares. Em Setembro, acho que dia 19, ele não estará na Alemanha, mas na Alemanha será lançada uma produção musical sua em vinil, LP. Trata-se do primeiro de quatro discos de chorinho que ele acaba de produzir, todos com músicas suas, instrumentais. O primeiro eu já ouvi e gostei demais. Na verdade surpreendi-me deveras com o que ouvi. Téo é um danado. Ontem ele esteve conosco, trazendo à tiracolo o cantor, também mineiro, Toni Agreste e rapadura e uma boa cachaça. Viva Téo. CHIQUINHA GONZAGA A mais fértil compositora musical brasileira, Chiquinha Gonzaga (1847-1935), ainda não caiu de vez no esquecimento popular, felizmente. Chiquinha era para ser lembrada, tocada e aclamada todos os dias, inclusive nos templos de música erudita. A propósito, praticamente despercebida ocorreu a apresentação da peça Aprendiz de Maestro - O Forrobodó de Chiquinha, na Sala São Paulo, com renda destinada às Crianças e Adolescentes portadores do mal do câncer. Foi no último dia 1º. O espetáculo contou com a participação do grupo musical As Choronas. VIDA E MORTE A vida e a morte são eternos temas na cultura universal, em todas as línguas. São milhares os idiomas e dialetos falados nos quase 200 países catalogados pela Organização das Nações Unidas ONU. Temos certeza absoluta de uma coisa: que vamos morrer, e quem vai nos levar, a morte. Eterno, portanto, a penas a vida e a morte. BRINCANDO COM A HISTÓRIA (36)
Acha-se nas páginas do folclore o seguinte: "cachorro é o melhor amigo do homem". Ouvi hoje na Tevê a notícia sobre a aposentadoria de um labrador de nome Popó. Popó tem 11 anos de idade e era queridíssimo por policiais rodoviários. Uma policial, despedindo-se de Popó abraçou-se a ele e não conteve as lágrimas.
São muitas as notícias que têm cachorros como personagens.
Mais ou menos oito séculos antes de Cristo, um cidadão criou uma história de amor, paixão e guerra. Essa história andou de boca em boca por muito tempo e hoje é lida em quase todas as línguas conhecidas. Refiro-me à obra-prima Odisséia, de Homero. Homero era um cego como eu, mas muito mais criativo.
Em Odisséia acha-se um personagem chamado Argus. Argus é um cachorro. Durante uns 20 anos o seu dono, Ulisses, andou mundo afora procurando o raptor de Helena. Helena era a mulher de Menelau. Veja o resumo dessa história na música de Otacílio Batista, interpretada por Zé Ramalho.
É uma história bonita. Ao regressar, Ulisses foi imediatamente reconhecido por Argus. Argus estava terrivelmente debilitado, tanto que deu o último suspiro assim que reconheceu o seu dono.
Lembro-me de muitas histórias envolvendo cães.
Ali pelo século 5 a.C., uma cachorra, diz a lenda, amamentou os irmãos Rômulo e Remo. E surgiu Roma.
Quem, do meu tempo, não se lembra do pastor alemão de origem francesa Rim Tim Tim? O dono de Rim Tim Tim era um menino que nos momentos em que se achava em apuros, bastava dizer: "Rim Tim Tim"! Foi um seriado que passou entre os anos de 1950 e 1960.
Sim, são muitas as histórias que envolvem cães.
O alagoano Graciliano Ramos, na sua obra-prima Vidas Secas nos traz a história de uma família formada por um casal, dois filhos, um papagaio e uma cachorra. Baleia, a cachorra, é quem salva a família da fome, caçando preás. No fim da história, Baleia é morta com um tiro na cabeça. Além de Graciliano outros grandes autores brasileiros inseriram em suas histórias cachorros de todos os tipos e comportamentos. Vocês já leram o Auto da Compadecida, do paraibano Ariano Suassuna? Quem não leu, leia. E a história do Cachorro que Defecava Dinheiro, de outro paraibano, o cordelista Leandro de Barros (1865-1918)? Os cachorros prestam os mais diversos tipos de serviços ou auxílios aos seus donos, além de divertir crianças de todas as idades.
No Brasil há cerca de 6 milhões de pessoas cegas, parcial ou totalmente.
Não são ainda muitos os cegos que se utilizam de cães guia. As informações que tenho a respeito é que não é fácil treinar e cuidar de cães guia. Mas, dizem, cego com cão guia está no céu. E deve, mesmo!
Os cães surgiram lá prás bandas da Ásia, há uns 20, 30, 100 ou 300 mil anos. Os estudiosos ainda não definiram a data exata.
Os cachorros descendem dos lobos. Aliás, o nosso cartunista especial Fausto fez um homem pré histórico adotar um animal, Lobinho.
Existem cerca de 30 milhões de cães nas ruas do Brasil, abandonados.
No Brasil existem cerca de 65 milhões de domicílios. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, 44,3% desses domicílios têm pelo menos um cachorro e 17,7% um gato, no total, segundo a pesquisa do IBGE, publicada há dois anos, adotados há pelo menos 52 milhões de cachorros e 22 milhões de gatos.
Comecei este texto fazendo referência ao cachorro como melhor amigo do homem. E o homem do cachorro, o que é?
Foi não foi, nos deparamos com notícias entristecedoras. Notícias de homens que agem criminosamente contra os cães, verdadeiros seriais killer. Agora mesmo uma notícia que dói: Panda foi assassinada. Covardemente assassinada por alimento envenenado. O caso aconteceu na rua onde morava a querida Inezita Barroso, logo ali no Bairro da Água Branca, perto do Parque de mesmo nome e do Alianz Parque. Fica a pergunta, o homem que matou Panda é homem? Ou um bicho que não presta?
Eu vejo tanta gente, e tanta gente querida, que vem me ver e me ouvir, de modo que nem sei por que.
Ontem eu liguei por Boldrin, Rolando, e ele pediu pra eu ligar depois. Não entendi. Eu ligo pra Vital Farias e Vital me liga. Meia noite, duas da manhã. Algo parecido com Vandré. Sempre atento, sempre ouvindo.
Gato com Fome é um grupo que eu adoro.
Valdeck de Garanhuns acabou de sair daqui. E antes de sair, cantou, brincou, junto com a mulher Regina. E os Gato com Fome...
Gato com Fome é o nome de um grupo musical, paulistano, que se encantou com o Valdeck de Garanhuns.
É assim que é o Brasil: cultura popular em todos os meios e sentidos, campos e artes.
O mundo está doido. Mas não quero falar disso.
O mundo sempre foi maior do que imaginamos. O mundo é simples, todo simples. Nós somos imundos. Nós não gostamos de nós. Há explicação para isso?
É quase normal, porque normal não é esquecermos de tudo, de tudo e quase tudo de nós.
A tarde do dia 6 de julho de 1871 carregou um homem chamado Antonio Frederico de Castro Alves, baiano nascido no coração dos sonhos e da liberdade.
Castro Alves guerreiro, mestre da palavra e sonhador da liberdade.
Nestes tempos loucos em que vivemos, a liberdade não significa nada.
Castro Alves, que partiu para a eternidade aos 24 anos, 3 semanas e 1 dia (1847-1871), deixou a lição que não aprendemos: viver com alegria, respeitar um ao outro, cantar, dançar, dizer coisas lindas um para o outro...
Castro Alves tentou nos ensinar o viver, o bom viver, o estar bem um com o outro. Castro Alves foi e é um professor da vida, e com ele, parece, não aprendemos porque não queremos... Que pena, não é?
Castro Alves tinha muito respeito pelo seu avô materno, José Antonio da Silva e Castro, o "Periquitão", herói da Independência do Brasil. Sob o comando do avô de Castro Alves, estava Maria Quitéria.
Meu Deus, como é grande e forte a história do Brasil!
Eu, um besta, não posso reclamar de nada. Meus amigos, meus heróis, continuam a mim me abraçando.
Só não vê quem não quer ver. E sabe por que? Porque é tudo muito rápido e a história é como se fosse um passado inatingível.
O passado é presente, se quisermos.
A gente, presente, aprende com o passado.
O ontem é hoje, se quisermos.
Castro Alves, o poeta que fez a transição do romantismo para o realismo, nos leva se quisermos, a entender o social que vivemos.
A saúva, nas suas mais diferentes formas, está roendo a raiz da honestidade e do respeito brasileiros. Não é de hoje que isso acontece, mas nunca com a intensidade que tem deixado o povo tão abismado, tão surpreso, tão decepcionado, tão triste. Uma bala perdida, mais uma, achou o útero de uma jovem de 29 anos no Rio de Janeiro. Grávida de 9 meses, a jovem foi levada às pressas a um hospital público onde ainda se acha. Seu bebê, atingido gravemente, já está paralítico e entre a vida e a morte. Em São Paulo, um brasileiro foi submetido a uma cirurgia no hospital do Servidor e de lá saiu com um grampo na barriga. Depois de receber alta ele reclamou de dores intensas e os médicos disseram-lhe que não era nada. Depois de insistir durante dias, o paciente finalmente recebeu a informação do grampo, que ainda lhe provoca enormes dores. Numa cidadezinha do Triângulo Mineiro, uma mulher foi presa furtando shampoo num supermercado. Um advogado entrou com pedido de soltura no STF, onde o ministro Edson Fachin recusou o pedido e a mulher continua presa. Fachin é o mesmo juiz que soltou o Homem da Mala, pego com a mão na botija. O STF é uma loucura, não é? O Congresso também. Enquanto isso estão soltos na buraqueira Aécio e sua irmã, a mulher do Cunha, Jucá, Lula, Dilma, Renan, Gedel, Temer, Kassab, Moreira Franco, Eliseu Padilha e mais e mais e mais larápios da nossa cidadania. Aliás, sugiro que abram-se todos os presídios do País e solte-se todos que lá estão, inclusive o Sérgio Cabral, cuja mulher já está solta. Você sabia meu amigo, minha amiga, que as cadeias brasileiras abrigam pelo menos 300 mil presos provisórios. Sexta feira passada a Câmara Federal estava completamente vazia. Não, vazia não: um deputado foi flagrado marcando ponto. Detalhe: o tal estava lá porque a Justiça assim decidiu. Ele tem que marcar ponto diariamente e voltar para a cadeia à noite. Esse Brasil, melhor, as autoridades do Judiciário, Legislativo e Executivo são de lascar, não é mesmo? Prá ver como são as coisas: Eu ia falar hoje sobre a independência da Bahia. BRINCANDO COM A HISTÓRIA (34)