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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O BRASIL E REPENTE DE CEGO ADERALDO

Jornalista Audálio Dantas media palestra de Assis Ângelo sobre o Cego Aderaldo, no Sesc
Aderaldo Ferreira de Araujo entrou para a história do Repentismo como o mais importante cantador cego do país. Ele nasceu no Ceará no dia 24 de junho de 1878 e partiu para a eternidade no dia 29 de junho de 1967. Quer dizer, ele nasceu num dia de São João e foi pular fogueira no dia de São Pedro e São Paulo. Interessante, não é? Pois bem, a respeito dele falei um monte de tempo sexta passada, 11, numa das unidades do Sesc em São Paulo. Mestre Audálio Dantas, alagoana na CEPA, foi o mediador no correr do meu falatório. Uma pergunta que não me deixa calar: por quê o Brasil todo não fala do Cego Aderaldo e de outros grandes cegos, como o Cego Oliveira? Oliveira também era cearense, nascido em 1912 e desaparecido em 1997, há 20 anos por tanto.

Para o Cego Aderaldo eu fiz o poeminha que segue:


Neste mundo ainda tem 
Muito cego apaixonado
Cantando a vida em verso
De modo improvisado
Como o tempo todo fez
O bardo Cego Aderaldo

Aderaldo foi exemplo
De poeta e cidadão
Enxergava muito longe
Sem nos olhos ter visão
E lutava boa luta
Com as armas do coração

E lutava e cantava
Com uma rabeca na mão
Enaltecendo a natureza 
E os filhos da Criação
Como os peixes do mar 
E as aves de arribação

Ele era incomparável
No seu tempo de repente
Estava em todo o canto
Cantando sempre contente
Brincando com a rabeca
E fazendo verso para a gente

E não via com os olhos
Ele via com a mente!
Ele era especial
Sensível, inteligente
E mais do que ligeiro
No gatilho do repente

O repente é arte
É a alma da cantoria
É a via que transforma
Tristeza em alegra
E leva o povo todo
Ao mundo da fantasia

Um mundo fabuloso
Bonito, encantado
De violas repentinas
Por poetas habitado
E onde sempre estará
O mago Cego Aderaldo

Bom tocador de rabeca
E doutor em verso rimado
Foi primeiro sem segundo
No canto metrificado
E nunca fugiu à luta
Toda vez que foi chamado

Lutou com Patativa Sinfronio e Oliveira
Rogaciano e Pinto
E também com Zé Limeira
Aderaldo foi um marco
da porfia brasileira

Ele chegou, ele partiu 
Mas deixou verso plantado
E verso de toda a cor
Pra um dia ser lembrado
E é por isso que digo
Viva o Cego Aderaldo!

Um comentário:

  1. Olá Grande Assis, obrigado por trazer a tona a história de Aderaldo F. Araujo e muito obrigado ! por nos deliciar com este poemão sobre o mestre do repente;um baitabração, Paulo Barbosa

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