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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

JORGE MELLO, SEMPRE INOVANDO


Neste mundo de meu Deus do Céu, é tudo muito bonito e é tudo muito feio. O belo como o contrário do belo depende do ponto de vista de cada um.
Eu tenho amigos e amigas maravilhosos. Muitos são artistas, outros cidadãos comuns. Entre os artistas cidadãos, também os há, acham-se o piauiense Jorge Mello e Papete, que se foi. Se foi para onde um dia também irei. E fica assim: entre vivos e não vivos há seres incríveis. Entre estes seres, Jorge Mello.
Jorge nasceu num dia 27 de novembro, há 69 anos. Pois bem, esse cara é um cara inquieto, inquieto, inquieto, está o tempo todo pensando coisas, escrevendo poemas, escrevendo romances, e tal e coisa.
Em 1972, Jorge Mello foi um dos grandes destaques do Festival Universitário da música promovido pela extinta Tupi. Desse festival foi à praça, em disco, o baião Felicidade Geral. Foi um barulho dos infernos à época. Pois não é que o inquieto Jorge inventou de pôr guitarra, bateria e tal no baião que o também inquieto, sensível e tal e coisa Luiz Gonzaga criou? Pois é.
É verdade que a guitarra e instrumentos que tais já se achavam na MPB, colocados desde 1967 pelos baianos Gil e Caetano.
Em 1976, Jorge Mello, ainda insatisfeito com suas próprias diabruras foi aos estúdios da Warner e em pouco tempo gravou um LP inteirinho (acima) com instrumentos eletrônicos, tendo por base e temas modalidades do mundo da cantoria. O disco chamou-se Jorge Mello Integral, que a crítica especializada daquele momento considerou o melhor e tal e tal.
Esse Jorge, beirando agora os setentinha, vai longe!
Nesse fim de semana, por exemplo, ele vai estar botando para quebrar na Unidade SESC Pompéia. E os ingressos esgotados.

PAÍS DE KAFKA

Acabo de ouvir no rádio e na tevê um estudo que dá conta de que 1,3 milhão de crianças e adolescentes brasileiros estão comendo o pão que o diabo amassou. Desse total, diz o estudo que 180 mil crianças de 5 a 13 anos de idade trabalham, contribuindo dessa maneira terrível na manutenção de casa. E estamos no 3 milênio, hein?

RACISMO

Pois é, uma mulher que se diz, brasileira residente nos EUA, leva às redes sociais o seu pior de gente. Não sei o nome dela e nem quero saber, até porque a notícia que eu ouvi foi muito rápida, mas o suficiente para entender que essa pessoa é um horror. Ela xingou, esbravejou, usou palavreado chulo pára falar mal de um ser humano, uma criança negra de 4 anos adotada por um ator. Affff, Nossa! Qualquer tipo de preconceito, qualquer tipo de discriminação devem ser abolidos do repertório e da prática humanas. Somos todos iguais perante a Lei dos homens e perante Deus. Quem foge disso é, no mínimo, desumano.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

CHICO SALLES E GONTRAN BRILHAM NO CÉU

Viver é bom morrer, não.
Todo o dia nascem e morrem milhões de seres. Chora-se ao nascer e também ao morrer. Quer dizer: os começos são de prantos e os fins, também.
Sábado 25 o Brasil perdeu dois grandes nomes das artes: Chico Salles, no campo da música, e Gontran Netto nas artes plásticas.
Gontran, paulista de Vara Cruz, era um desses artistas insatisfeitos completamente com o dia dia do capitalismo. Detestava expor em galeria. Suas oras eram feitas para museus e espaços públicos, como o metrô de São Paulo.
Em 1969 Gontran foi exilado em Paris, onde morreu aos 84 anos de idade. Eu o conheci no tempo que chefiei o departamento de impressa a Companhia do Metropolitano de São Paulo. Ele era amicíssimo do brasileiro nascido no Egito Peter Alouche, engenheiro elétrico com passagem pela FAAP e Mackenzie, como professor. Peter, que também moru em Paris e formou-se em Letras pela Universidade de Nancy, integrou o time de fundadores do metrô paulistano.
Chico Salles, paraibano como eu, e engenheiro civil, era um baita sujeito. Bom de papo bom de proza e poesia. Com assento na Academia Brasileira de Literatura de Cordel, ABLC, com sede no Rio de Janeiro.
Chico trocou o município de Souza, no alto Sertão Paraibano, pela cidade do Rio de Janeiro. Na época ele tinha 18 anos de idade. Uma insuficiência respiratória o tirou do nosso convívio. Ele tinha 66 anos de idade e deixou, além de mulher e filhos, vários CDs e folhetos de cordel. O último CD, uma homenagem ao pernambucano Rosil Cavalcante autor de várias músicas gravadas pelo Rei do Baião Luiz Gonzaga. Ele entrou na música pelas mãos do humorista Mussum (1940-1994) que o apresentou aos bambas do samba do Rio. Ali pelo ano 2000 eu dei texto ao prefácio do livro Cordelinho, de sua autoria.
Em outubro de 2013 eu o incluí no projeto Rodas Gonzagueanas, que apresentei no Centro Cultural dos Correios do Rio de Janeiro. Na ocasião, ele formou ao lado de Oswaldinho do Acordeon, Anastácia, Azulão, e outros artistas da nossa boa música. Relembre clicando:


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

CANOA É PAU QUE BOIA

Brasília anda às chamas, queimando-se, pegando fogo em tudo. E nem é o caso de se falar em fogueira de vaidade. É tudo muito mais grave, é tudo pior. Lá há homens de papel em fogo. Queimando o País.
Temer continua cercado de figurinhas, ou figurões, que deveriam estar no xilindró.
O governo, ou desgoverno, do tieteense Temer faz-me lembrar a tchurma dos 40 de Ali Babá.
O Brasil tá doido, de cabeça pra baixo.
O Congresso, resultado da Câmara e Senado, está com pautas que arrepiam. Eu, heim!
Mas vamos falar de coisa melhor, ou de outro assunto. Vamos falar de canoa que é pau que boia.
Você sabe, meu amigo, minha amiga, o que é pau que boia?
Nas origens mais distantes, pau que boia é pau grande, grosso que vira canoa depois de ser escavado. É coisa antiga, como se vê. A propósito, você sabe com quantos paus se faz uma canoa?
Uma canoa, das boas, se faz é com um pau só. Mas com um pau que boia, dos bons.
A expressão "você sabe com quantos paus se faz uma canoa?" é, popularmente, dita em forma de ameaça. Mais ou menos como aquela outra que diz: "você sabe com quem está falando?".
Pois bem, essa história de canoa, é história que quase nunca dá em nada. Fica só nos ditos ou no dito por não dito. 
Cachorro costuma latir como o diabo, não é mesmo? Pois bem, você conhece a expressão "tá mais assustado que cachorro em canoa"? 
Os ditos populares são engraçados, bonitos, bobos, inteligentes e sábios. Mas eu estava falando era de Brasília pegando fogo, não era mesmo?
Será que o Temer vai chegar até o fim? 
E o futebol, heim? 
Ouvi na TV o Renato Gaúcho, do Grêmio, dizendo que "o mundo é dos espertos". Tem a ver com Temer, não tem?
Ouço na TV, notícia dando conta de que três entre cinco brasileiros morrem por negligência médica, erro médico e tal. Num ano qualquer no século passado, publiquei uma longa reportagem sobre o tema, cujo título ainda lembro: A Máfia de Branco. Saiu na revista O Cruzeiro. Quer dizer, pelo jeito, nada mudou.
Mas bom mesmo é falar de canoa, que é pau que boia.
Em 1964 a eterna rainha do rádio Emilinha Borba (1953 - 2005) lançou, com grande sucesso, a marchinha carnavalesca Se a Canoa Não Virar. Esta:


CIDADANIA

Ontem publiquei neste espaço uma nota falando sobre uma garota de treze anos, transexual que fora expulsa da escola Educar-SESC, de Fortaleza, CE. A notícia provocou uma repercussão danada depois que a mãe da menina botou a boa no trombone. Resultado: a escola Educar reconheceu o absurdo que fizeram e anulou a expulsão. Menos mal, não é?

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

O NORDESTE COMO ELE É: MARAVILHOSO.

Passa do milhar o número de municípios que formam os nove Estados nordestinos.
O Nordeste ocupa uma área que passa de 1,5 milhão de Km², área idêntica à que ocupa São Paulo.
Quem nasce no Nordeste é gente boa, tipo Cortez.
José Xavier Cortez é nordestino de Currais Novos, RN.
É no Rio Grande do Norte, terra do estudioso da cultura popular Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), que se passa a história da peça A Invenção do Nordeste, baseada no livro de mesmo título assinado pelo professor Durval Muniz de Albuquerque Jr e publicado pela Cortez Editora.
Dois atores se submetem a uma seleção para contar uma história, a história da terra de onde são originários.
No correr da preparação dos atores, são mostradas a complexidade e idiossincrasias da região, incluindo lendas e mitos. Personagens históricos como Padre Cícero e Lampião são lembrados, como lembrados também são os problemas derivados do preconceito que sofrem as pessoas de lá. Alguns recortes atuais são feitos com precisão. Caras e falas de políticos, como Renan, aparecem  nuas e cruas à platéia, que rapidamente entende o saque da direção e aplaude.
A direção e figurino da peça trazem assinatura de Quitéria Kelly.
Os atores Henrique Fontes, Mateus Cardoso e Robson Medeiros dão vida ao espetáculo. 
É raro, até hoje, um nordestino comum não ser discriminado fora da sua região. Esse é um mal que também atinge pobres, negros, analfabetos e minorias diversas que pela sua diversidade formam maioria. Exemplos disso? Se acha em todo canto e quase a toda hora. A peça, baseada no livro de Durval Muniz aborda os mais delicados problemas que afligem o Nordeste e os nordestinos. A seca, a fome, etc. Só que isso tudo é contado de modo bem humorado, com graça, gracioso, por isso é tão fácil, natural, a receptividade do público que ri e aplaude as cenas do começo ao fim.
O Nordeste continua a merecer a atenção do resto do Brasil, pois somos todos brasileiros. 
No Nordeste há muita história prá se contar. E parodiando o mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967): o Nordeste está em todo canto.




CIDADANIA

A rede SESC é formada por centenas de unidades Brasil afora. Surgiu em 1946, logo depois de Dutra assumir a presidência da República. Essa rede vive da grana do empresariado, das indústrias. E é muito boa, diga-se de passagem, porém, há sempre um porém, como já dizia Plínio Marcos. Fui assistir a peça A Invenção do Nordeste na Unidade Belenzinho do SESC. Tive dificuldade em acessar o teatro. O elevador estava quebrado e tal e nenhum funcionário ofereceu ajuda. Diabos! Não é nada não, mas um desses acasos da vida levou-me a perder a visão. Ando de bengala e tal, para facilitar os passos. Mas não é fácil andar sem luz nos olhos. Acho que os funcionários da Rede SESC poderiam ser melhor treinados para atender o público do qual faço hoje parte. E agora, neste instante, tomo conhecimento pelo Facebook de mais um caso absurdo, caracterizado pela ausência de cidadania: diz a notícia que uma menina de 13 anos foi expulsa da Escola Educar Sesc, de Fortaleza, CE,  pelo simples fato de ser transexual, quer dizer, somos ou não somos todos iguais? A nossa Constituição garante igualdade entre todos os brasileiros, certo? O SESC cearense precisa se manifestar imediatamente sobre esse assunto, até porque um país sem educação e cultura é um país infeliz, de povo bambo e sem rumo.



terça-feira, 21 de novembro de 2017

VIVA O SABER E MARCO HAURÉLIO

Quando todos nós entendermos que na história fria do tempo a fantasia e sonhos, sonhos e fantasias, o real fica mais leve antes de virar história, ou depois.

O poeta, antes de criador, é inventor d e si e do seu tempo.

A história mostra isso, mas pé preciso sensibilidade para perceber isso.

Quem foi o primeiro poeta do mundo, da história?

Há muitas e muitas interrogações, perguntas sem resposta.

Homero existiu?

Augusto dos anjos, que foi conhecer a Eternidade quando tinha 30 anos de idade, deixou sua impressão, marcante, sobre o viver e o morrer.

Entenda-se a morte como vida, na obra dele.

E aí hoje chegou-me à casa o querido Marco Haurélio, trazendo, como sempre, muitas histórias.
Histórias frias do tempo e história que o tempo fantasia, ou nós fantasiamos. Pois bem, através dele tomo conhecimento de um poeta rio-grandense do norte chamado Antônio Damasceno (1902-1947).
Damasceno foi, e ainda é, um desses grandes poetas que o Brasil esqueceu. Ele, nos seus poemas, falava com muita propriedade e uma certa razinzice sobre o comportamento humano, sobre a vida humana. Palavras chulas que usava na sua obra desnudam a formalidade hipócrita dos dias de sempre. É dele, por exemplo, Tudo é merda:

O mundo é simplesmente merda pura
E a própria vida é merda engarrafada;
Em tudo vive a merda derramada,
Quer seja misturada ou sem mistura.

É merda o mal, o bem merda em tintura,
A glória é merda apenas e mais nada.
A honra é merda e merda bem cagada;
É merda o amor, é merda a formosura.

É merda e merda rala a inteligência!
De merda viva é feita a consciência,
É merda o coração, merda o saber.

Feita de merda é toda a humanidade,
E tanta merda a pobre terra invade
Que um soneto de merda eu quis fazer.

Damasceno morreu sem nenhum reconhecimento público. No seu tempo, era bastante conhecido na cidade onde nasceu, Natal. O que lemos acima, é um soneto. Esse tipo de poesia era muito comum no século até a metade do século seguinte. É, digamos, um estilo poético não muito praticado. Mas, aqui e ali, há um poeta desgarrado a poetar no modo soneto; um estilo poético italiano...

Bom, Marco Haurélio é um desses desgarrados poetas que se divertem com categoria desenvolvendo poemas em quartetos e tercetos, isto é, sonetos.

O Marco, fico sabendo agora, que está em vias de publicar o seu primeiro livro reunindo um monte de sonetos. Aguardemos, né?

Marco Haurélio é um dos mais prolíficos poetas brasileiros da altura dos seus 43 anos de idade uns 40 livros.  E uma coisa legal é que o Marco tem buscado na história obras de Shakespeare, Alexandre Dumas e José de Alencar e, ao seu modo, traduzido, as adaptado, para o público de hoje.

A conversa hoje com Marco girou, como sempre, sobre temas os mais diversos, e um assunto só: cultura brasileira da dita erudita à popular. Além de Damasceno, falamos sobre Augusto, Nietzsche, J. Borges, José Saramago, Jota Barros, Sebastião Marinho, João Filho Salatiel Silva, Manoel D’Almeida Filho, Leandro Gomes de Barros, Patativa do Assaré, Klévisson Viana, Wagner, Mozart, Salieri, Bizet, Ariano Suassuna, Audálio Dantas, Luiz Gonzaga e Bárbara Alencar, avó do grande José de Alencar.

Tanta coisa pra dizer...
Ah! E fiquei sabendo, e isso não é fofoca, que a comadre Lucélia está enveredando pelo mundo da xilogravura.

Que maravilha!





domingo, 19 de novembro de 2017

HOJE É O DIA DA BANDEIRA

A geração do 50 cresceu ouvindo na escola que o verde da Bandeira Nacional significa, as nossas matas, florestas, e que o amarelo dessa mesma bandeira significa nossas riquezas, o ouro, o metal. Mas não é bem assim, há outa história segundo a qual o verde e o amarelo remetem as casas reais de Portugal e do Império astro-húngaro.  Pois é, não podemos nos esquecer que a nossa bandeira foi inspirada na bandeira do Império, criada por decreto do Imperador Pedro II.
A bandeira brasileira foi criada quatro dias depois de proclamada a República. Detalhe, a proclamação da República teve origem no golpe militar que levou ao poder o alagoano Deodoro da Fonseca.
O azul da Bandeira Nacional tem a ver com o céu, o mar e os rios. E o branco, paz.
Quando a Bandeira Brasileira foi criada, havia 21 Estados. Hoje o número de Estados é de 26, mas o Distrito Federal. Essa representação se acha nas estrelas de 5 pontas que aparecem sob a belíssima cor azul.
Meu amigo, minha amiga, você sabe o que significa a estrelinha vista acima da faixa Ordem e Progresso? Significa o estado do Pará. Crescemos ouvindo nos bancos escolares que a estrelinha significa a represetação do Distrito Federeal.
E a expressão Ordem e Progresso, você sabe de onde vem?essa expressão foi inspirada no positivismo do francês Auguste Comte (1798-1857)
Conte fez a alegria de meio mundo ou mundo e meio de intelectuais de seu tempo. Estamos falando dos começos da segunda parte do Século 19.
O Imperador Pedro II era doido por Comte e suas idéias.
A Ciência ganhou altíssima importância com o positivismo.
A letra do Hino à Bandeira, é de autoria do poeta Olavo Bilac ( 1865-1918) e a música recebeu a assinatura do maestro e compositor Francisco  Braga (1945).
Bilac foi aquele cara chato que ao ser informado sobre a morte do poeta paraibano Augusto dos Anjos em 1914, respondeu com cinismo ao interlocutor :"ah é! não sei quem é, nunca ouvi falar".
A gravação da paulistana Inezita Barroso ( 1925-2015) fez do Hino a Bandeira, acompanhada pela banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, é primorosa. Ouçam:

sábado, 18 de novembro de 2017

CARTUNISTA FAUSTO LANÇA LIVRO

Fausto pé um dos maiores cartunistas do Brasil, isso todo mundo sabe. O que o mundo todo ainda não sabe é que Fausto lança amanhã, 19, mais um belíssimo livro de sua lavra, cuja capa é a que abre este texto aí em cima. Esse livro surgiu no dia a dia deste Blog, como muita gente já deveria saber. 
A respeito de Fausto, o paraibano Kydelmir Dantas escreveu o que segue:

A PRÉ-HISTÓRIA DO FAUSTO

E numa manhã qualquer estava eu no trabalho, em Mossoró – RN, atendendo um telefonema e escutando do lado de lá: “Venha até o Museu Histórico que tem um jornalista de São Paulo que se interessa por cangaço e quer te conhecer.” Daí fui e encontrei o Fausto. Depois dos primeiros contatos e as visitas à História Mossoroense, fomos até o poeta Antônio Francisco. Dia seguinte, partiria eu à Campina Grande – passando antes por minha cidade Nova Floresta-PB - e o Fausto, que também estava se programando pra visitar o amigo Fred Ozanan por lá, aceita o convite pra me acompanhar. Então vi que além de chargista, caricaturista e jornalista o homem se interessava por fotografia e geologia – não podia ver uma pedra na estrada, independente de tamanho que ou fotografava ou recolhia para ‘levar pra casa’ (terminou esquecendo algumas no carro) - um mandacaru mais vistoso ou um juazeiro verde, símbolo da resistência na paisagem da caatinga nordestina; um carcará ou uma ave canora de nossa caatinga, que embelezam e encantam as paisagens do sertão de antanho e d’agora. A fala mansa, o olhar perspicaz e o cuidado no que falava ou fazia me fez ver ali ‘um cabra especial’, destes interioranos que sentem saudades do seu torrão natal e dos que não esquecem o(a)s amigo(a)s de ontem, de hoje e de sempre.

Seguindo a máxima do filósofo grego Aristóteles – assim disseram que ele disse no Séc. III A.C.: “Felicidade é ter o que fazer.”, talvez venha daí a sua ideia de retratar, rabiscar e enriquecer estórias da pré-história de animais e do homo erectus/sapiens nas suas tiras que ora me atrevo a comentar. 

O livro será lançado em evento intitulado SketchCON II pelo editor Carlos Rodrigues da Editora Criativo. Estarão presentes ao Evento mais de 40 autores, entre cartunistas, quadrinistas e artistas gráficos. Serão também lançados pôsteres de vários artistas, inclusive dois do Fausto. Apareçam por lá: Largo Ana Rosa, 33, ao lado da Estação Ana Rosa do metrô, a partir das 11 hs da manhã.

FESTANÇA DA MÚSICA INDEPENDENTE NA TOCA DO AUTOR

Ontem a Toca do Autor completou seu primeiro ano de apoio à música independente com uma festa muito bonita. Nem a chuva impediu a gostosa reunião de compositores, instrumentistas, cantores e artistas completíssimos que encontram na Rua João Adolfo, 108 o espaço acolhedor para apresentarem suas criações, sob a batuta de Alexandre Tarica. Estiveram presentes o violonista Bráu Mendonça, o violinista João Antônio Galba, compositores como Nando Távora e Cássio Figueiredos, o jornalista e músico Arnaldo Afonso,as cantoras Susie Mathias, Helen Torres e Regina, entre outros. Confira as fotos dessa alegria:









HOJE É DIA DOS MENINOS FAUSTO E CORTEZ

Eu não sei como esse mundinho besta vai acabar, mas ele começou do nada, assim à toa, numa explosão: Buuuuuuummmmm!
Essa é uma tese. A outra pode ser lida em Genesis. 
Diz-se que, como na primeira tese, tudo começou do nada.
No princípio, por não ter o que fazer, Deus decidiu se divertir. Olhou prum lado, prá outro, entendendo que tudo estava monótono demais, e aí plin, plin, e do nada surgiram o céu e a terra, misturados. No primeiro dia ele cuidou de separar uma coisa da outra, a luz das trevas. Criou o mar, as plantas, as aves e todo tipo de animal. Por derradeiro, no sexto dia, achou que estava faltando uma espécie entre os animais: éramos nós. Foi daí, da terra, que surgiu essa coisa a que todo mundo chama de homem. Depois, penalizado o arrependido, decidiu do homem arrancar uma costela e dela criar do Homem a versão feminina. Vejam só!
Não sabemos há quanto tempo foi isso. Há bilhões, trilhões de anos?
Por mais cabeção que seja o homem jamais conseguirá saber o dia em que Deus criou a Terra, o Universo.
Paremos por aqui e vamos bater palmas para pessoas a quem amamos, que nasceram em data que sabemos. 
Há poucos dias eu completei 65 anos de idade. Hoje, nesse número que me alcança é Fausto, o cartunista, um criador do Criador.
Quem também está comemorando novidade é José Xavier Cortez. Perguntinha, pois perguntar não custa: quem nasce em Currais Novos o que é? Resposta: É Cortez, hahahahaha.
Fausto é paulista de Reginópolis e Cortez, nordestino de Currais Novos, RN. Fausto nos diverte com seu bom humor explicitado na sua obra de cartunista e Cortez nos ensina, também com humor.
Há quase 40 anos, Cortez emprestou o seu nome à uma Editora que meio mundo conhece. Até eu lancei livro por ela: A Menina Inezita Barroso e Lua, Estrela, Baião: A História de um Rei.
Como Fausto, José Cortez nasceu guerreiro e cedo trocou sua cidade berço pelo ruge-ruge do Rio de Janeiro, onde fez história, ali pelos perigosos anos de 1960, como marinheiro, insatisfeito com os rumos que o Brasil começava a tomar. Resultado: findou caçado pela rebordosa. Mas a vida tinha que seguir, e ele foi para São Paulo, onde casou-se, teve filhas e tornou-se um dos maiores editores e livreiros do Brasil.
Viva Cortez!
Viva Fausto!
Cortez completa hoje 81 anos de idade.



quarta-feira, 15 de novembro de 2017

A REPÚBLICA E A BESTA TEMER

Temer, presidente ocasional, foi ao vizinho município da Capital Paulista, Itu, para dizer que o povo brasileiro é, digamos assim petulante. Só faltou dizer que o golpe de 64 existiu porque o brasileiro é autoritário. Sim, foi isso que ele falou, o brasileiro é autoritário.
Temer é uma besta, eleito na mesma chapa de uma mulher que se perdeu na vida, Dilma, Pena. 
Temer transferiu a presidência hoje pára Itu porque, segundo ele, Itu é o berço da República.
Temer é uma besta. Uma besta analfabeta. E todos nós que tivemos Dilma como presidente, nós todos, brasileiros, somos culpados, pois ela entrou nessa de presidente porque o povo elegeu Dilma.
A república brasileira começou cm o Golpe Militar. Esse golpe, de verdade, concretizou-se no dia 15 de novembro de 1889. Foi no Rio. E o primeiro cara presidente foi o alagoano Deodoro.
Temer foi a Itu para reforçar o mito de que o assunto República no Brasil começou a ser ventilado em Itu...
Foi na cidade paulista de Itu, no dia 28 de abril de 1873, que um grupo de cento e poucos maiorais realizou, digamos, um encontro convencional para discutir ops rumos do Império.
Bem, no dia 03 de dezembro de 1870, Quintino Bocaiúva reuniu intelectuais ricos, ricaços e rincões do País pára redigir e anunciar em público uma carta, digamos assim, com as bases do que seria a República proclamada pelo alagoano Deodoro.
Pois é, o berço da república não é Itu, e o Rio de Janeiro, o local do Golpe que elevou à autoridade máxima o alagoano Deodoro da Fonseca.
O militar Deodoro foi usado por militares e Temer é uma besta. E eu digo isso porque simplesmente ele desconhece a história do Brasil... Caraca!
Em 1967, acho, Inezita Barroso (1925-2015) gravou um LP incrível, maravilhosos, desconhecido certamente por todo mundo hoje. Esse disco, lançado pela extinta gravadora Copacabana, intitulou-se A |Moça e a Banda. Nesse disco, ela canta, acompanhada pela Banda da Polícia Militar de São Paulo, o Hino da Proclamação da República. Ouça:





segunda-feira, 13 de novembro de 2017

MACHADO E A VIUVINHA

Machado de Assis  é um dos nomes mais fortes da literatura brasileira. Ele nasceu no século 19, e foi se embora no século 20,(1908) no Rio de Janeiro. Foi até jornalista e cobriu com eficiência muitos debates no Senado. Deixou textos vibrantes, bonitos, bem feitos e falou sobre muitos assuntos, inclusive sobre escravos e abolição. Casou com uma portuguesa e foi feliz, certamente. A sua obra literária é extensa.
O primeiro livro de Machado de Assis recebeu o título de Cinco Minutos. Ops! Esse livro é o primeiro de José de Alencar. Trata da história de um jovem que se apaixona perdidamente por uma adolescente. É uma história muito bonita com final feliz. Final feliz também tem o seu segundo romance, A Viuvinha. Epa! Esse é o segundo livro de Alencar. Conta a história de uma jovem que vivia com a mãe. A jovem chama-se Carolina, e a mãe, Maria.
Jorge é o jovem protagonista que morre de paixão por Carolina. Só que o Jorge era, digamos, um porra-louca. Não era de trabalhar, de bater ponto, como os jovens do mundo todo fazem. Ele herdou do pai uma boa bolada, e essa bolada ele passou a torrar nos cabarés do seu tempo, ou do tempo em que o autor carioca o situou. Em três anos Jorge torra tudo e fica pobre, pobre de marré, marré. Encurtando a história: mesmo falido, sem um puto no bolso, Jorge se casa com Carolina, mas não vai às vias de fato na noite de núpcias. E com dor de corno pensa em se matar com um tiro no coco, mas é impedido por seu tutor o Sr. Almeida que o convence a mudar-se para os Estados Unidos de onde anos depois volta com os bolsos cheios de grana, e mais não vou contar, Leiam o livro e saibam por que  Carolina é chamada de Viuvinha.
Carolina, por um desses momentos inexplicáveis da vida real e ficcional, era como se chamava a mulher do fluminense Machado de Assis.
Os grandes autores sempre passearam por gêneros diversos. Caso do próprio Machado, José de Alencar e Augusto dos Anjos.
Machado de Assis foi, além de romancista, um poeta que encontrou no romantismo um bom caminho. 
O primeiro poeta romântico, assim dito com todas as letras foi Domingos José de Magalhães (1811-1882). Ele era de Niterói. Deixou uma expressiva obra, e como Machado foi também jornalista e mais do que Machado foi advogado, político e barão. Seu livro, marco do romantismo nacional intitulou-se Suspiros Poéticos e Saudades. O Machado de Assis foi de fato, um cara que deixou uma marca profunda na vida intelectual brasileira. Vocês conhecem o Teatro do Machado, vocês conhecem a poesia do Machado, vocês conhecem as crônicas do Machado publicadas nos Jornais do Rio de Janeiro. Pois é, Machado foi do nome Machado, na verdade Machado, esse Machado foi uma bomba atômica da pena e do pensamento da vida brasileira do século 19. O último livro dele, Memorial de Aires, registra de modo ficcional a Abolição dos Escravos. Voltarei a falar desse livro.


CABEDAL QUARTETO




Criado há cerca de um ano por Bráu Mendonça e Galba, o Cabedal Quarteto tem dado o que falar por onde anda, nas curtas temporadas que tem feito São Paulo afora. O falatório é dos melhores. O grupo é formado por  Bráu, violão; João Antonio Galba, violino, rabeca e outros instrumentos; Gilson Bizerra da Silva no baixo e Leandro Martins na percussão. Amanhã, 14, a partir das 20:30 hs o grupo estará exibindo seu repertório formado por pérolas da MPB e autorais, como Feira Livre do Bráu no vídeo acima, lá no Dois Santo Bar, (Rua São Vicente, 157, Bixiga) Se eu fosse você reservaria já um lugar, pelo telefone 31151903.

domingo, 12 de novembro de 2017


VIVA AUGUSTO, O POETA DA VIDA!


O que se ouve e se vê no rádio e na televisão hoje no Brasil é notícia que não presta sobre crimes de todos o tipos, de corrupção a homicídios.
Segundo as estatísticas, cerca de 60 mil pessoas são assassinadas anualmente no Brasil e outras 60 mil são vítimas das ruas, avenidas e estradas, de motoristas loucos, irresponsáveis, que não dão bola à vida alheia e nem à própria. E matam por matar.
As delegacias de polícia e presídios do País estão abarrotadas de culpados e inocentes. Cerca de 50% das pessoas que estão presas, sem acusação formal, estão enquadradas no item penal que fala de "preventiva".
A maioria ou boa parte dos que estão presos é, na linguagem chula, "pé de chinelo". 
Esse panorama, de presos pobres, está mudando desde três anos atrás, quando se iniciou a operação Lava-jato.
Nunca como nos dias atuais tantos figurões de colarinhos brancos foram pegos com mãos na botija. Gente de cabedal, importante, que olha o povo de cima pra baixo, com o nariz arrebitado. Ê, lelê!
Pôxa, mas não era sobre isso que eu ia falar aqui. 
Bem, eu queria começar este texto dizendo que chega a ser triste o fato de ninguém noticiar o aniversário de morte do poeta simbolista-parnasiano Augusto dos Anjos.
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos partiu para a Eternidade no dia 12 de novembro de 1914, dois anos depois de publicar Eu, seu único livro, de modo independente, com produção e impressão pagas com dinheiro que um irmão lhe emprestou.
Meu amigo, minha amiga, você sabe o que há em comum entre Augusto dos Anjos, paraibano, e o piauiense Firmino Teixeira do Amaral, além de poetas? 
Augusto e Firmino morreram com 30 de anos de idade. Mais jovem e tão importante quanto os dois, só o sambista carioca Noel Medeiros Rosa, que morreu com 26 anos, 4 meses, 3 semanas e 2 dias.
Noel Rosa ficou conhecido como o Poeta da Vila e deixou obras como Palpite Infeliz, lançada por sua grande intérprete, Aracy de Almeida:



Poeticamente, poderíamos classificar o já classificável Augusto como um poeta parnasiano, mas na sua obra também dá pra perceber com clareza traços fortes do Simbolismo. E uma coisa curiosíssima: Augusto também tem a ver com Romantismo, sim senhor!
Domingos José Gonçalves de Guimarães (1811 - 1877) é considerado o inaugurador da poesia romântica no Brasil.
Em 1836 Guimarães publicou Suspiros Poéticos e Saudades. Esse livro é considerado o marco da poesia romântica. É muito bonito. E ali entre as páginas 34, 40, 50, tem Augusto dos Anjos puro.
O primeiro poema de Augusto dos Anjos foi Saudade, que escreveu em 1900.
Entre os tantos belos poemas de Augusto, há Versos Íntimos. Nesse poema ele fala algo sobre homens e feras e da necessidade do homem também ser fera. Confiram:

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera

Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca que te beija!


E beleza por beleza ouçam essa menina, cuja idade não sei, mas dá um tom muito especial ao poema acima:


Eu tinha ali uns treze, quinze anos de idade quando, na escola, alguém me disse que Augusto lecionara no Liceu Paraibano. Pois é, eu estudei lá. E aí, não sei porquê, o nome Augusto ficou na minha mente e não demorou muito o achei numa livraria, num sebo talvez. Fiquei doido ao ler Eu. Depois disso, bons anos depois, descobri Schopenhauer, Nietzsche, por indicação de um amigo querido que não sei por onde anda: Gemy Cândido, autor de um dos mais completos estudos sobre o nosso poeta. Esse estudo, Fortuna Crítica de Augusto dos Anjos (1981), resultado de uma enorme pesquisa.
Viva Augusto dos Anjos!
Ah! Augusto dos Anjos casou, teve um filho morto e entrou para a história da crítica como o Poeta da Morte. É isso.









WAACK E RACISMO

O preconceito, a discriminação e o racismo andam lado a lado, juntos como irmãos siameses. São terríveis. 
No começo, bem no começo, o Brasil era habitado por índios que falavam inúmeras línguas, sendo a mais conhecida, o Tupi. E aí vieram os portugueses e outros povos de terras distantes... que acabaram com os índios e suas línguas, escravizando-os. Corria o ano de 1500 quando Cabral aportou na Costa baiana.
Entre 1539 e 1542 começaram a desembarcar em Salvador, Recife e São Luís, os primeiros negros caçados a laço na África. 
Conta a história que 5,2 milhões de africanos foram obrigados a trabalhar no Brasil até o advento da abolição, em 1888.
Europeus, negros e índios se misturaram, resultando no que somos hoje: uma população fortemente miscigenada, cantada em verso e prosa.
Depois da escravidão negra veio a escravidão branca, geral, praticada ainda hoje sob a batuta do capitalismo selvagem.
É comum a imprensa noticiar casos de exploração humana, no Brasil e em boa parte do mundo.
Pois bem, a Imprensa e redes sociais têm noticiado rumoroso caso envolvendo o apresentador de tevê William Waack. "Isso é coisa de preto", ele teria dito ao ser incomodado por um buzinaço ocorrido diante da sede do governo norte-americano, há um ano. Esse comentário, gravado por um ex-funcionário da Globo, foi tornado público na madrugada do último dia 8.
Se Waack disse o que dizem ter dito, é lamentável.
A escravidão é uma coisa horrorosa, independentemente da cor da pele. E muito já se falou sobre isso e certamente muito ainda se falará.
O preconceito, a discriminação e o racismo são males que devem ser combatidos por todo mundo, em todo canto e em todos os tempos. No Brasil é crime que dá cadeia.
Será que a Globo afastou Waack para provocar polêmica e aumentar a atenção dos telespectadores para a nova novela das nove, O Outro Lado do Paraíso? Aliás, nesse folhetim global há uma personagem que fica doida da vida ao saber que seu filho está apaixonado por uma empregada doméstica negra -"Eu não vou ter um neto preto", declara . A personagem não se diz preconceituosa, diz querer apenas o melhor para o filho. 
A Globo já enfocou várias vezes o racismo em suas novelas. Quem não lembra da Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães?
O tema também foi muitas vezes abordado pelos compositores de música popular. Quem não lembra de Nega do Cabelo Duro, de Lamartine Babo?
Outros títulos da MPB que foram lançados há quase cem anos pela indústria fonográfica: Pai João de Almirante e Luiz Peixoto; Abolição de Wilson Batista e Orestes Barbosa, Geme Negro de Synval Silva e Ataulpho Alves; Olha o Jeito desse Negro, de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy e Terra Seca, samba de Ary Barroso (ouça abaixo com Ângela Maria), entre outras.



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

ESTADO NOVO NUNCA MAIS!

O dia de hoje, 10 de Novembro, marca a instalação do famigerado sistema de governo que ficou conhecido como Estado Novo.
O gaúcho Getúlio Vargas (1882.-1954), começou a habitar o mundo da história logo após aplicar um golpe que o levou ao poder em 1930. Depois anos depois, ele botou para quebrar em São Paulo e noutros pontos do país.
A Constituição de Vargas foi uma dolorosa piada, e também um golpe, que fez o povo brasileiro sofrer profundamente.
Com o advento do Estado Novo, as liberdades no Brasil foram suspensas. O Congresso foi fechado etc. Em contraponto, os trabalhadores passaram a ter benefícios. Pois é.
Nesse mesmo ano de 1937, portanto há oito décadas, o Brasil começava a respirar ares sufocantes.
O Estado durou até 1945.
A Segunda Guerra Mundial começou com a invasão da Polônia pelas tropas de Hitler em 1939. Por esse mesmo tempo o fascismo ganhava força com a cara feia de Mussolini.
Getúlio caiu em 1945 e voltou em 1951, para 3 anos depois dar um tiro no peito e morrer.
A ascensão de Vargas ao poder coincidiu com o reconhecimento da força do rádio e firmação do disco e do cinema nacionais.
O poeta Carlos Drummond de Andrade atuou no governo Vargas como chefe de gabinete do ministro Capanema, da Educação.
O maestro Villa-Lobos também deixou sua marca no governo Varguista. 
Foi Villa-Lobos quem levou o canto orfeônico às escola. E é dele a pesquisa que fez no interior da Paraíba que resultou num monte de cantigas populares do mundo infantil.
Getúlio Vargas, quem não sabe, entrou para a história como uma espécie de paizão dos pobres. Seus discursos, aliás, começavam sempre com um chavão: "trabalhadores do Brasil". Muitas músicas foram compostas em sua homenagem ou inspiradas nele como O Retrato do Velho, lançada pelo rei da voz Francisco Alves, ouça:


Outra músicas, muitas outras músicas foram feitas por inspiração do populista gaúcho, como O Bonde de São Januário (ouça abaixo com Cyro Monteiro e Ataulfo Alves).


Nenhum governo ditatorial é bonzinho.
Todo governo personalista é ditatorial.
Democracia é outra coisa.
Encero este texto com uma dúvida: se a democracia surgiu na Grécia antiga, por que na Grécia antiga havia escravos e por que Sócrates foi condenado à morte só pelo fato de levar jovens a pensar?

PENSAR É SÓ PENSAR

Tudo liga tudo. Pois é, simples assim, no pensar poético do meu amigo e parceiro baiano Gereba. Desse modo, e após ouvir uma amiga a mim dizendo, rindo, "é isso, sem mais delongas". A mesma amiga, cujo nome não revelo para não morrer condenou-me ao fogo dos infernos por não convidá-la a ir comigo bater palmas para Anastácia, cantora e compositora que todo mundo conhece que há poucos dias apresentou-se no palco do Teatro Sérgio Cardoso, localizado ali no paulistanissimo bairro da Bela Vista. "Essa não lhe perdoo", fulminou-me. Pois, pois.
De fato, o espetáculo proporcionado por Anastácia foi inesquecível, ela estava como sempre, linda, do alto dos seus 77 anos de idade bem vividos.
Anastácia dá amostras de que está sempre de bem com a vida, e consigo, naturalmente. E disse-me estar amando.
Do mesmo modo que tudo liga tudo, uma coisa puxa a outra.
O Amor é um sentimento dos seres imperfeitos, posto que sua função é levar os seres à perfeição, que disse isso, mais ou menos assim, foi o mestre Aristóteles, que viveu muitos anos antes de Cristo nascer, isc, isc. Quer dizer, pois, pois.
O pernambucano jornalista, ator etc, Nelson Rodrigues dizia que o dinheiro compra tudo, até o amor perfeito. Mais ou menos isso. E parafraseando-o, eu diria: o dinheiro compra a amizade. Será?
A dúvida é o começo da verdade. Será?
A humanidade é verdadeiramente falsa, posto que a mentira é uma característica humana. Será?
O velho Shakespeare expôs a dúvida que perdura até os dias de hoje: " to be or not to be". E por assim dizer, penso. Conclusão: existo.
A filosofia é o modo mais profundo do pensar.
O pensar é arranca dúvidas do pensamento.
Eu gosto disso.






quarta-feira, 8 de novembro de 2017

ANASTÁCIA GRAVA SEU PRIMEIRO DVD


Os setecentos ou oitocentos lugares do teatro Sérgio Cardoso, inaugurado em 1982, estavam quase todos ocupados ontem, 7, por um público formado por artistas populares, 
amigos e admiradores da cantora e compositora pernambucana, de Recife, Anastácia. Lá estavam Téo Azevedo, Luiz Wilson, Fatel, Teca, Jorge Melo, Mineirinho da Sanfona, Sandra Belé, Lailton Araújo...
Anastácia, aos 77,  estava  radiante.
A coautora de clássicos da nossa música popular como Tenho Sede (abaixo com Gil e Dominguinhos) e Eu Só Quero um Xodó (abaixo com Elba e Dominguinhos), apareceu no palco vestindo um belo longo com motivos da terra Nordeste. "Escolhi uma roupa que lembrasse o cangaço, o sertão nordestino", disse-me ela hoje, por telefone.
No decorrer de pouco mais de 2 horas, Anastácia cantou o Nordeste e o amor das formas as mais diversas. Lembrou Venâncio, da dupla com Corumba, cantando Pau de Arara. Venâncio, um pernambucano, foi seu primeiro parceiro de jornadas na vida antes de Dominguinhos, com quem viveu 12 ou 13 anos. Com Dominguinhos ela compôs duas centenas e meia de músicas, entre as quais as duas acima citadas.
O espetáculo apresentado no Sérgio Cardoso, teatro localizado no bairro da Bela Vista, teve a participação especial dos sanfoneiros Targino Gondin e Mestrinho, do violonista Diego Figueiredo e dos cantores Mariana Aydar, Zeca Baleiro e Rappin'Hood. Hood e Anastácia interpretaram maravilhosamente bem o rap,  dela, Rebeldia. 
Diego Figueiredo e Anastácia sairão por aí cantando a vida.
Além dos artistas convidados e da banda formada por bateria, baixo, guitarra, sanfona, cavaquinho, zabumba e triângulo, oito dançarinos abrilhantaram o espetáculo, que foi registrado por sete câmeras que virará DVD a ser lançado até o próximo Carnaval.Antes disso, um novo disco da artista será lançado com a participação de Fagner, Fafá de Belém e Alcione.
O show foi maravilhoso. Anastácia está com tudo, e com justificativa: "estou amando e sendo amada", disse-me entre sorrisos.
Anastácia começou a carreira muito nova, ainda criança, na TV jornal do comércio de Recife.Ela chegou a São Paulo no começo de 1960 e por pouco não virou comissária da Varig. Com isso, ganharam os passageiros de avião e o povo brasileiro. Ela tem mais de 700 músicas gravadas, algumas em várias línguas como Inglês, Francês, Espanhol, Holandês....







segunda-feira, 6 de novembro de 2017

INOCÊNCIA, FLOR DO SERTÃO...

Muita gente confunde o Nordeste com o Norte e vice versa.
Muita gente acha que sertão só tem no Nordeste.
O mineiro Guimarães Rosa dizia através de um de seus personagens, no livro Grande Sertão Veredas, que "o sertão está em toda parte".
Pois é, o sertão está em toda parte.
Em 1872, o Visconde de Taunay, Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay, (1843-1899) publicou um livro muito bonito, um romance, que intitulou Inocência.
Inocência é o nome da personagem feminina, cujo pai fazendeiro é de atrasos, intelectualmente falando, de 1000 anos. Quarenta e cinco anos mais ou menos, gordo, já considerado velho naquela época, impunha-se completamente na vida da filha, única, órfã de mãe. Tinha ali uns 18, 20 anos, não fica claro no romance. É bela, belíssima, olhos bonitos, nariz afilado, magra, linda e gostosa. O pai dela tinha um ciúme da gota serena.
A história de Inocência passa-se no sertão de Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul.
A jovem Inocência é prometida, coisa comum à época, a um garanhão pelo pai, entenda-se, um garanhão rico e poderoso, no caso, Manecão.
E não vou contar mais essa história não. Garanto, porém que é uma história bonita e original e que podemos incluí-la no balaio do romancismo regional. Aproveito para dizer que surpreendi-me com a beleza da história desenvolvida por Taunay. Tem até um naturalista alemão nessa história...



Feriado é tão bom. Prá mim feriado é todo dia, sempre foi.


HEROÍNAS E SABIÁS DO BRASIL

Se não fosse pelos políticos que escolhemos, que sempre escolhemos, o Brasil seria de fato uma maravilha, certo?
O Brasil nos seus quinhentos e poucos anos de invasões estrangeiras é um Brasil de lutas e muitas desigualdades. Mas neles também se acham muitas coisa boas, válidas. É um país incrível, sob todos os aspectos, é ou não é?
No livro Dicionário das Batalhas Brasileiras, o autor Hêrnani Donato provou, através de documentos, que no Brasil ocorre movimentos armados, guerras, etc. todos os dias. É incrível ou não é? O livro tem umas mil páginas e foi lançado pela editora IBRASA.
Há muitos heróis e heroínas no Brasil.
Você, meu amigo minha amiga, já ouviu falar na primeira  soldada brasileira, Maria Quitéria, que lutou pela nossa independência? 
Você, meu amigo minha amiga, já ouviu falar em Barbara Pereira de Alencar, a primeira presa política do País? Ela era avó do escritor cearense José de Alencar e cabeça da Revolução Pernambucada de 1817 e do Movimento Confederação do Equador, 1824.
E da primeira maestrina brasileira, Chiquinha Gonzaga? Ela, aliás, foi também compositora e autora da nossa primeira marchinha de carnaval: Ó Abre Alas.
E de Branca Dias?
Pois é, há muitas interrogações na história do Brasil. Uma dessa interrogações pode se findar com as pesquisas que estão sendo feitas em torno de um achado em Olinda, PE. Trata-se de escombros do que pode ter sido a primeira sinagoga em solo brasileiro. No local é possível que tenha vivido a cristã-nova Branca Dias, personagem inserida na cultura popular do Nordeste.
Branca Dias, segundo o históriador José Joffely, era paraibana como ele, aliás.
Na Paraíba houve outras personagens incríveis como a poeta Anayde Beiriz, personagem de grande destaque na política daquela terra e presente no documentário Paraíba Mulher Macho, da diretora Tizuka Yamasaki.

Branca Dias se acha nas páginas do romante A Pedra do Reino do conterrâneo Ariano Suassuna.
Ah! Você sabia, meu amigo minha amiga, que Nova York foi fundada por judeus pernambucanos e que o Judaísmo foi criado 18 séculos a.C. Essa é a religião mas antiga.

PIPILAR DE SABIÁS

Ali pelas duas da madruga de hoje, acordei com o gostoso pipilar de sabiás. Sabiás fazem ponto nas árvores aqui em volta de casa. Pois é todo o dia é assim. Eles pipilam durante 40 minutos e até uma hora depois silenciam e voltam umas duas horas depois. Uma beleza!
E há quem não goste de canto de passarinho! Pode?


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

RELIGIÃO E GATO COM FOME


Todo dia é dia bom para quem está vivo e gosta de viver.
Ontem, 31, boa parte do mundo comemorou ou debruçou-se em questionamentos sobre os quinhentos anos dos atritos que o alemão Martinho Lutero (1433-1546) provocou no catolicismo, resultante daí o protestantismo, ou a igreja Luterana.
O cristianismo começou no século 1, o catolicismo no século 3. O islamismo, no século 6. No século 16 foi o que se viu com Lutero.
O catolicismo ainda é a religião que aglutina o maior número de seguidores. O judaísmo, que começou dezoito séculos a.C. é a religião mais antiga e com seguidores que não chegam nem a milhão.
Todas as religiões e credos devem ser respeitados por todos em qualquer ponto do mundo.
Diz-se popularmente que discussão sobre religião, futebol e política sempre acaba em bomba. Em parte isso é bastante comum, ainda nos tempos de hoje no Oriente Médio. Foi lá, aliás, que escribas escreveram o Velho Testamento.
Por que digo tudo isso, aqui e agora?
Falar de música sempre foi e será coisa muito boa.
A música está em todo canto, com trocadilho e tudo.
O mês de outubro terminou ontem batendo palmas para um espetáculo que contou com a presença do trio Gato com Fome, paulistano. A meu lado a amiga Cris Alves não parava de felicitar-se pelos bons momentos apresentados pelos artistas que ocupavam o palco do Teatro Sérgio Cardoso, ali no bairro do Bexiga. Na ocasião foram interpretadas dúzia e meia de composições cujos autores iam de Lamartine Babo a Ari Barroso, Tom Jobim e Billy Blanco.
Tinha muita gente bonita na platéia, inclusive o compositor Carlinhos Vergueiro. Carlinhos, não custa lembrar, foi um dos últimos parceiros do paulista Adoniran Barbosa (Torresmo à milanesa).
O trio Gato com Fome é do Caraca! Mas o som a que foi submetido o espetáculo não estava legal, a direção do teatro poderia ver isso, não?