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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

E QUE VIVAM AS CORUJAS!

Há quem duvide, mas eu já fui criança. Já fui criança e pus no ar coruja. Sei, sei, você não sabe o que é por coruja no ar. Por coruja no ar é empinar coruja. Sei, sei, que você não sabe: coruja é pipa, coruja é papagaio, coruja é pipa no ar.
Eu já empinei pipa, tá bom?
Na minha Paraíba querida, pipa ou é papagaio ou é, principalmente, coruja.
Essa história de pipa papagaio e coruja é uma história longa, data de dois três ou não sei quantos séculos antes de Cristo.
Pela minha lembrança e histórias a mim contadas, a coruja dos meus impulsos vem da velha, da velhíssima China. Ou como dizem os outros: da antiga China, a.C.
Essa história me vem à pauta pela conversa que há poucos minutos tive com meu querido amigo Rômulo Nóbrega, paraibano da cepa.
Feliz feito um passarinho diante de um saco de alpiste, Rômulo acaba de me contar da alegria de estar com o neto Hugo.
Hugo, de cinco anos de idade, é filho de uma alemã e do único varão do Rômulo, Rodolfo.
Pois bem, Hugo está na casa do Rômulo, em Campina Grande. E agora fica até um pouco difícil saber dos dois quem é criança...
Pois bem, Rômulo não para de mostrar a vida nordestina ao neto Hugo. E os dois já galoparam juntos, e os dois já andaram juntos, e os dois já voaram juntos e os dois já nadaram juntos nos açudes e os dois já pescaram juntos e os dois já empinaram corujas juntos.
As corujas do meu tempo me deixaram marcas; marcas profundas de alegria, de vida, de uma vida que não volta mais.
As corujas s]ão em mim adulto, as meninas da minha memória mais livre, mais bonita...
Foi muito bom ser menino empinador de corujas e na linha que dava vida a elas iam meus recadinhos escritos com letras infantis às estrelas.
Eu, através das corujas, dos fios ou linhas que davam vida a elas, eu mandava mensagens para as minhas namoradas estrelas...
Pipas, papagaios ou corujas, foram inventadas há muitos séculos, como eu disse ali atrás.
As corujas de antes de Cristo, ou pipas ou papagaios, foram usadas como meios de comunicação nas guerras de antigamente.
Cada pipa, cada papagaio, cada coruja tinha uma cor ou forma que servia para identificar amigos ou inimigos em guerra. Depois disso, bem depois, a pipa, papagaio ou coruja serviu de inspiração para a criação do para-raio.
As corujas que Rômulo e Hugo empinam em Campina são as corujas da minha infância, são as corujas da minha lembrança, são as corujas da minha vida, são as corujas com suas cores múltiplas que ainda me fazem lembrar o encanto que foi a infância do sertão, do amanhecer, da aurora da minha vida. Isso parece coisa de Casemiro de Abreu, mas não é não. Tampouco de Augusto dos Anjos.
Ao mandar mensagem às estrelas, via linha que dava vida às corujas do meu tempo, eu sem saber estava alimentando o adulto que hoje sou. É por isso que vivo bem, alimentado pelo menino que fui.
Que assim seja sempre. E que os adultos se alimentem da criança que foram.
A cantora paraibana Socorro Lira tem uma música que fala de pipa. Vital Farias a acompanha, ouça, localizando o cursor na metade do álbum abaixo:


FAUSTO 44

Nos primeiros anos antes de completar 65 anos de idade, o cartunista, desenhista e não sei que lá mais Fausto foi criança. Há exatos 42 anos, num dia 2 de janeiro como o de hoje, ele iniciou a sua carreira profissional. E virou mestre. E viva Fausto!





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