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terça-feira, 22 de maio de 2018

ALBERTO DINES NÃO MORREU



Os relógios de São Paulo marcavam 7:15 h. Nessa hora o coração do jornalista carioca Alberto Dines parou. Parou no dia do abraço, que é hoje. De vida eu tinha meses no ano em que Dines estreou no jornalismo: 1952. O africano Mia Couto, jornalista e escritor, nasceria 3 anos depois.
O que é que tem a ver Alberto Dines com Mia Couto?
Hoje de manhã terminei de ouvir o primeiro romance do jornalista, poeta e romancista, Mia Couto. Título: Terra Sonâmbula (capa ao lado), lançado aqui pela Companhia das Letras. É de 1992.
Terra Sonâmbula é história que se passa na Moçambique arrasada desde 1965. Nessa história há de tudo: há briga do ser humano pela sobrevivência e seus conflitos internos e externos, entremeada de sonhos e pesadelos, dramas etc. É um livro lindo que retrata os absurdos da vida. Nessa história há personagem que morre e ressuscita. Histórias de fantasmas, com ditos populares, lendas e mitos, feiticeiros e mar revolto. É um livro incrível!
Depois de estrear na Revista Cena Muda, Dines passou pelas extintas Visão e Manchete, assumiu a editoria de Cultura do extinto Jornal Última Hora de Samuel Wayner.
Em 1965, Mia Couto tinha 10 anos de idade.
Em 1965, Alberto Dines revolucionava a imprensa brasileira com os cadernos que inventou no Jornal do Brasil.
Mia Couto e Alberto Dines são revolucionários e em comum têm o jornalismo nas veias.
Eu conheci Dines na Folha, jornal paulistano em que ele estreou como Ombudsman. Essa figura, a de ombudsman, nem existia por aqui ainda. Esse personagem, dele, surgiu nas páginas da Folha apontando os erros cometidos pela própria Folha. A seção, assinada por Dines, chamava-se Jornal dos Jornais.
Reencontrei Dines na redação da tevê Brasil, no Rio, onde fui gravar um especial sobre Luiz Gonzaga, o rei do baião. E a última vez que nos vimos foi, acho, no lançamento de um livro de Audálio Dantas ou de José Hamilton Ribeiro, amigos queridos, aqui em São Paulo.
Mia Couto está vivo, Dines também.

JORNALISTA&CIA

Imperdível o caderno especial que o pessoal do News Letter, Jornalistas e Cia fez com o mestre Alberto Dines. Confira no link acima.

DIA DO ABRAÇO

Em 1969, o baiano Gilberto Gil levou à Praça a belíssima Aquele Abraço, ouça:






Um comentário:

  1. Oh Assis Ângelo!
    Adorei a forma carinhosa com que reverencioreverenciou o Dines.
    Ainda,a perspicácia associativa entre as épocas DinesxMia.
    Mais ainda - mais e mais mesmo - pelo fecho do seu artigo: "Mia Couto está vivo, Dines também."

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