Ele era um homem do bem, um cidadão na acepção da palavra. Estudou Direito na Universidade de São Paulo, USP. A vida o fez combatente das atrocidades do mundo, especialmente as cometidas no Brasil por brasileiros.
Na mais completa concepção da expressão, pode-se dizer que o paulista de Mogi das Cruzes Helio Pereira Bicudo, foi o tempo todo defensor dos Direitos Humanos.
Helio Bicudo nasceu no dia 5 de Julho de 1922. E hoje, de manhã, ele partiu para a Eternidade, sem nos avisar.
Conheci o Dr. Helio na segunda parte dos anos de 1970. Eu era repórter da Folha. Uma vez fui escalado para uma reportagem sobre o famigerado Esquadrão da Morte, comandado pelo temido Delegado Fleury, que numa ocasião jogou suas patas sujas em mim. Depois de concluída, os originais foram entregues ao então editor da Folha Bóris Casoy, que os engavetou. Quer dizer: a Folha não publicou a minha reportagem, que continha entrevistas com Fininho, Zé Guarda e Correinha, do Esquadrão. O então Secretário da SSP, o já citado Fleury e o Dr. Helio. Essa reportagem acabei publicando no Pasquim. Antes, entreguei pessoalmente ao Dr. Helio uma cópia dos originais. A razão era simples, eu estava sendo ameaçado de morte e no material que entreguei ao Dr. Helio eu dizia de onde vinham as ameaças. O ano era 1978. A reportagem foi capa do Pasquim, clique para ver:
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terça-feira, 31 de julho de 2018
segunda-feira, 30 de julho de 2018
JULIO DE CASCUDO, PADIM CIÇO E LAMPIÃO
O que há em comum entre o estudioso da cultura popular Luís da Câmara Cascudo, o religioso Cícero Romão Batista e o cangaceiro sanguinário Virgulino Ferreira da Silva, se o primeira era do Rio Grande do Norte o segundo do Ceará e o terceiro de Pernambuco?
Não, não vale dizer: o Nordeste os unia.
Luís da Câmara Cascudo nasceu em 1898, mesmo ano em que nasceu o cangaceiro Lampião.Opa!
O Padre Cícero, além de tentar cooptar o temido bandoleiro pernambucano para combater a Coluna Prestes (1925-1927) e lhe dar um título fajuto de capitão, morreu de morte morrida no dia 20 de julho de 1934, 4 anos e 11 dias antes do fim trágico do dono do coração da baiana Maria Bonita (1910-1938).
Dá pra sacar algunas cositas entre los personagens acá citados?
O grande Câmara Cascudo, que nos legou cerca de 150 títulos sobre nossos hábitos e costumes, morreu de morte morrida no dia 30 de julho de 1986.
Há muita coisa escrita sobre Câmara Cascudo, mais ainda sobre Padre Cícero e muito mais sobre Lampião e o Cangaço.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há livros, discos em diferentes formatos, folhetos de cordel, revistas e jornais antigos, filmes etc. Ai em cima, uma amostra.
A primeira vez em que o nome de Padre Circero aparece em disco é no começo da primeira década do século passado, mas essa história é pra depois.
A respeito do três, escrevo o poeminha:
Cascudo e Padim Ciço
Mais o mito Lampião
decidiram caminhar
sem rusga ou confusão
E assim eles partiram
No lepo lepo do chão
A ideia era cumprir
Não só essa missão
mas viver intensamente
os mistérios do Setão
Aprendendo ou ensinando
Cada qual uma lição
Cascudo não demorou
A aprender sua lição
Depressa ele espalhou
que a paz é precisão
Em qualquer parte do mundo
No Piaui ou no Japão
O Padim Ciço gostou disso
E até disse no sermão:
Quem mata é bandido
E de Deus não tem perdão
Seja quem for o morto
Precisará de oração
Muito quieto no seu canto
rezava o bandido Lampião
Ouvindo Cascudo falar
Sobre paz e precisão
E Padim Ciço a condenar
O irmão que mata irmão
MÁRIO QUINTANA
No dia 30 de julho de 1906 nasce em Alegrete, RS, um dos mais sensíveis poetas da nossa língua. Ele não casou, não teve filhos e morreu praticamente abandonado num quarto de hotel que Porto Alegre. Esse hotel, que era do ex jogador de futebol Falcão, foi tombado pleo Governo do Estado, e transformado numa espécie que museu em homenagem a Quintana, aliás, é de Quintana o poeminha que diz:
Esse que ai estão
atravancando meu caminho
Eles passarão
E eu passarinho
Não, não vale dizer: o Nordeste os unia.
Luís da Câmara Cascudo nasceu em 1898, mesmo ano em que nasceu o cangaceiro Lampião.Opa!
O Padre Cícero, além de tentar cooptar o temido bandoleiro pernambucano para combater a Coluna Prestes (1925-1927) e lhe dar um título fajuto de capitão, morreu de morte morrida no dia 20 de julho de 1934, 4 anos e 11 dias antes do fim trágico do dono do coração da baiana Maria Bonita (1910-1938).
Dá pra sacar algunas cositas entre los personagens acá citados?
O grande Câmara Cascudo, que nos legou cerca de 150 títulos sobre nossos hábitos e costumes, morreu de morte morrida no dia 30 de julho de 1986.
Há muita coisa escrita sobre Câmara Cascudo, mais ainda sobre Padre Cícero e muito mais sobre Lampião e o Cangaço.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há livros, discos em diferentes formatos, folhetos de cordel, revistas e jornais antigos, filmes etc. Ai em cima, uma amostra.
A primeira vez em que o nome de Padre Circero aparece em disco é no começo da primeira década do século passado, mas essa história é pra depois.
A respeito do três, escrevo o poeminha:
Cascudo e Padim Ciço
Mais o mito Lampião
decidiram caminhar
sem rusga ou confusão
E assim eles partiram
No lepo lepo do chão
A ideia era cumprir
Não só essa missão
mas viver intensamente
os mistérios do Setão
Aprendendo ou ensinando
Cada qual uma lição
Cascudo não demorou
A aprender sua lição
Depressa ele espalhou
que a paz é precisão
Em qualquer parte do mundo
No Piaui ou no Japão
O Padim Ciço gostou disso
E até disse no sermão:
Quem mata é bandido
E de Deus não tem perdão
Seja quem for o morto
Precisará de oração
Muito quieto no seu canto
rezava o bandido Lampião
Ouvindo Cascudo falar
Sobre paz e precisão
E Padim Ciço a condenar
O irmão que mata irmão
Para saber mais sobre o mestre Luis da Câmara Cascudo, leia entrevista que fiz com ele para o exctinto suplemento dominical Folhetim, do jornal Folha de S. Faulo, republicada depois no NewsLetter Jornalista e Cia
MÁRIO QUINTANA
No dia 30 de julho de 1906 nasce em Alegrete, RS, um dos mais sensíveis poetas da nossa língua. Ele não casou, não teve filhos e morreu praticamente abandonado num quarto de hotel que Porto Alegre. Esse hotel, que era do ex jogador de futebol Falcão, foi tombado pleo Governo do Estado, e transformado numa espécie que museu em homenagem a Quintana, aliás, é de Quintana o poeminha que diz:
Esse que ai estão
atravancando meu caminho
Eles passarão
E eu passarinho
quarta-feira, 25 de julho de 2018
NA FLIP A PORNOGRAFIA DE HILDA HILST
Com a presença de gente de todo canto, foi inaugurada hoje a 16ª Feira do Livro de Paraty - FLIP. A feira, que contará com a presença de autores nacionais e estrangeiros, se estenderá até o próximo dia 29. A homenageada deste ano é a paulista de Jaú Hilda Prado Hilst (1930-2004).
Ainda nos dias de hoje continua
sendo tabu falar de sexo. Hipocrisia pura. A pornografia é filha do sexo, a
temática é antiga e não escandalizava tanto. Os velhos gregos falavam
abertamente sobre sexo e putaria em geral. Eram devassos na compreensão extrema
do termo. Os romanos também não eram brinquedo na cama, no chão, sei lá!
Na obra de Aristófanes (447 a.C -
385 a.C), há putaria explícita. Na obra de Ovídio (43 a.C - 17 d.C) também. Ele
chegou a fazer até um guia para iniciantes
Calígula (12 d.C a 41 d.C) fazia coisas de arrepiar
poste.
E o Marquês de Sade hein? Esse botou pra lascar.
E Henry Miller.
Mais
pra cá, Jorge Amado também andou botando suas unhas pra fora. Ele gostava da
coisa.
Entre as mulheres, Adelaide Carraro e Hilda Hilst deixaram marcas profundas no imaginário popular.
Hilda, que chegou a
assinar parceria musical com Adoniran Barbosa, deixou de lado a sua obra bem
comportada e partiu para o “vamos ver”. Queria ser lida de qualquer jeito, por
isso partiu para a pornografia explícita.
E como esquecer os “catecismos” de
Carlos Zéfiro, que faziam a alegria da molecada?
Zéfiro começou a publicar seus
catecismos em 1949. Eram proibidos, vendidos ás escondidas. Publicou uns 500
até o começo dos anos de 1970. Viraram clássicos. São cult, raríssimos hoje.
Zéfiro fez escola e com o seu nome verdadeiro, Alcides Aguiar Caminha, também
assinou música com Nelson Cavaquinho. Incrível, não é?
No acervo do Instituto Memória
Brasil, IMB, se acha uma quantidade enorme de catecismos e que tais sobre o
fabuloso mundo do sexo. É vasta a literatura pornográfica em quase todas as
línguas. A propósito, quem não conhece ou nunca ouviu falar do clássico Kama Sutra? Escrito há mais de 500 anos por um indiano, Nesse livro há centenas de posições diferentes de como fazer sexo. Pode?
terça-feira, 24 de julho de 2018
FALTAM BONS CANDIDATOS ÀS PRÓXIMAS ELEIÇÕES
Já tivemos uns 40 presidentes da República e mais de vinte vices que assumiram as rédeas do poder. Alguns de modo definitivo como Sarney, Itamar e Temer, esse aos trancos e barrancos.
Sarney foi acusado de roubo, de desvio de altas somas do erário público. O mesmo ora ocorre com o vice de Dilma.
A República Brasileira foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889. O primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, teve como vice o seu conterrâneo alagoano Floriano Peixoto.
Deodoro assumiu o poder através de um golpe militar. Ele era Marechal.
Deodoro, que fechou o Congresso Nacional e impôs Estado de Sítio ao País. Ele foi o primeiro presidente a renunciar ao cargo e no seu lugar assumiu Floriano que botou prá quebrar no rigor do termo.
A primeira República durou até 1930, quando outro golpe militar elevou ao poder o gaúcho Getúlio Vargas. Esse, como os dois primeiros, prendeu, torturou e matou, além de exilar Washington Luís que deveria entregar o cargo ao sucessor Julio Prestes, eleito pelo voto popular.
O vice presidente na chapa de Getúlio foi o paraibano João Pessoa Cavalcanti, que tombou a tiros numa confeitaria da capital pernambucana.
Getúlio governou sem vice, pois.
Getúlio deu dois golpes. Um em 1930 eo outro em 1937, que é o ano em que surge o famigerado Estado Novo.
Depois de dar um tiro no peito, no dia 29 de agosto de 1954, o potiguar Café Filho passa a mandar na República. Mas por pouco tempo. No seu lugar, entra Carlos Luz. Por pouquíssimo tempo. Por fim, no lugar de Luz entra Nereu Ramos e depois Juscelino Kubistschek. O governo de Juscelino foi tranquilo, embora os militares se movimentassem para impedir a sua posse.
Naquele tempo, anos 50, o vice-presidente recebia votos como o cabeça da chapa. E assim foi com o Jânio e Jango. Jânio renunciou e Jango, depois de assumir foi deposto pelos militares em 1964. E a história segue.
Uns 20 políticos são candidatos à chefia da nação.
O candidato líder nas pesquisas, o militar aposentado Jair Bolsonaro, já tentou 3 vezes ter vice na sua chapa, está na estaca zero. O ex governador de São paulo, Geraldo Alckmin também ainda não convenceu ninguém a seguí-lo na chapa.
Está faltando candidato de presença, que transmita segurança, respeito e confiança aos eleitores na verdade está faltando candidatos às próximas eleições. A princípio, estamos fritos. E eles, profissionais da política, também.
Sarney foi acusado de roubo, de desvio de altas somas do erário público. O mesmo ora ocorre com o vice de Dilma.
A República Brasileira foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889. O primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, teve como vice o seu conterrâneo alagoano Floriano Peixoto.
Deodoro assumiu o poder através de um golpe militar. Ele era Marechal.
Deodoro, que fechou o Congresso Nacional e impôs Estado de Sítio ao País. Ele foi o primeiro presidente a renunciar ao cargo e no seu lugar assumiu Floriano que botou prá quebrar no rigor do termo.
A primeira República durou até 1930, quando outro golpe militar elevou ao poder o gaúcho Getúlio Vargas. Esse, como os dois primeiros, prendeu, torturou e matou, além de exilar Washington Luís que deveria entregar o cargo ao sucessor Julio Prestes, eleito pelo voto popular.
O vice presidente na chapa de Getúlio foi o paraibano João Pessoa Cavalcanti, que tombou a tiros numa confeitaria da capital pernambucana.
Getúlio governou sem vice, pois.
Getúlio deu dois golpes. Um em 1930 eo outro em 1937, que é o ano em que surge o famigerado Estado Novo.
Depois de dar um tiro no peito, no dia 29 de agosto de 1954, o potiguar Café Filho passa a mandar na República. Mas por pouco tempo. No seu lugar, entra Carlos Luz. Por pouquíssimo tempo. Por fim, no lugar de Luz entra Nereu Ramos e depois Juscelino Kubistschek. O governo de Juscelino foi tranquilo, embora os militares se movimentassem para impedir a sua posse.
Naquele tempo, anos 50, o vice-presidente recebia votos como o cabeça da chapa. E assim foi com o Jânio e Jango. Jânio renunciou e Jango, depois de assumir foi deposto pelos militares em 1964. E a história segue.
Uns 20 políticos são candidatos à chefia da nação.
O candidato líder nas pesquisas, o militar aposentado Jair Bolsonaro, já tentou 3 vezes ter vice na sua chapa, está na estaca zero. O ex governador de São paulo, Geraldo Alckmin também ainda não convenceu ninguém a seguí-lo na chapa.
Está faltando candidato de presença, que transmita segurança, respeito e confiança aos eleitores na verdade está faltando candidatos às próximas eleições. A princípio, estamos fritos. E eles, profissionais da política, também.
segunda-feira, 23 de julho de 2018
VOLTAIRE: O ATEU, O SÁBIO E DEUS
Nestes tempos loucos, bicudos, em que as fácil fácil perdemos o bom senso e a paciência fundamentais para o bom viver; é ótimo ler ou reler as lições contidas no conto O Ateu e o Sábio, do Voltaire (François-Marie Arouet; 1694-1778), escrito em 1775 três anos antes de o autor morrer em Paris, onde nasceu.
Podemos considerar esse um livro raro e pouco conhecido.
Meia dúzia de personagens forma a história engendrada por Voltaire: Jenni, um porra louca devasso filho de um doutor em teologia, Freind; Boca Vermeja, amante do padre inquisidor Caracucarador, que condena a fogueira Jenni. Ai rola um triangulo amoroso. E segue a história com Freind; o sábio e doutor em teologia, discutindo em alto nível questões referentes à fé, à criação ( incluindo homens e bichos) e a existência de Deus.
São interessantes as definições que Freind apresenta ao correr os debates com Bacharel de Salamanca e o inglês Birton.
A história parece ter sido escrita agora, de tão atual que é.
A formação de Voltaire foi católica, mas passou a vida toda criticando essa religião. Em particular mantinha muita distancias dos jesuítas. Tinha ali uns 20 anos, quando fez publicar um folheto em que metia o pau na política da sua época. Resultado: foi levado a curtir uma temporada na Bastilha. Aliás, ele foi preso lá duas vezes. Depois teve que sair da França para morar na Inglaterra, onde desenvolveu quase toda a sua extensa obra.
Voltaire criticava a Igreja, mas dizia que: "Se Deus não existisse, tinha que ser inventado" é dele também a frase: "Posso não concordar com tudo o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo".
Friend é o alterego de Voltaire em O Ateu e o Sábio.
É sempre importante ler Voltaire.
Os editores bobos e intelectuais de meia-tigela não consideram O Ateu e o Sábio uma obra maior de Voltaire, por isso esse é um livro bastante difícil de se achar por ai.
As coisas boas, incluindo a leitura de livros, têm que ser compartilhadas.
E como termina essa história?
O que acontece com o filho devasso do doutor Friend?
O final, muito bonito, termina no último capítulo.
Podemos considerar esse um livro raro e pouco conhecido.
Meia dúzia de personagens forma a história engendrada por Voltaire: Jenni, um porra louca devasso filho de um doutor em teologia, Freind; Boca Vermeja, amante do padre inquisidor Caracucarador, que condena a fogueira Jenni. Ai rola um triangulo amoroso. E segue a história com Freind; o sábio e doutor em teologia, discutindo em alto nível questões referentes à fé, à criação ( incluindo homens e bichos) e a existência de Deus.
São interessantes as definições que Freind apresenta ao correr os debates com Bacharel de Salamanca e o inglês Birton.
A história parece ter sido escrita agora, de tão atual que é.
A formação de Voltaire foi católica, mas passou a vida toda criticando essa religião. Em particular mantinha muita distancias dos jesuítas. Tinha ali uns 20 anos, quando fez publicar um folheto em que metia o pau na política da sua época. Resultado: foi levado a curtir uma temporada na Bastilha. Aliás, ele foi preso lá duas vezes. Depois teve que sair da França para morar na Inglaterra, onde desenvolveu quase toda a sua extensa obra.
Voltaire criticava a Igreja, mas dizia que: "Se Deus não existisse, tinha que ser inventado" é dele também a frase: "Posso não concordar com tudo o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo".
Friend é o alterego de Voltaire em O Ateu e o Sábio.
É sempre importante ler Voltaire.
Os editores bobos e intelectuais de meia-tigela não consideram O Ateu e o Sábio uma obra maior de Voltaire, por isso esse é um livro bastante difícil de se achar por ai.
As coisas boas, incluindo a leitura de livros, têm que ser compartilhadas.
E como termina essa história?
O que acontece com o filho devasso do doutor Friend?
O final, muito bonito, termina no último capítulo.
sábado, 21 de julho de 2018
A SOLIDÃO COMO OPÇÃO
É tocante, mas não absurdo, o fato de alguém optar por viver sozinho.
A notícia que ouvi há pouco, na CBN, dando conta de que um índio vive só, sem ninguém, no meio da mata, vestido de palha, monitorado por funcionários da FUNAI há 22 anos, aí sim, é um fato absurdo.
O índio sem nome, sem parente, aderente nem aldeia, pois pelos brancos dizimada, teve por todo esse tempo a sua privacidade invadida, quebrada, arrombada, sem chave, sem ferrolho. Isso, sim, é um horror!
Viver só, é uma opção, seja onde for, e seja homem, seja mulher, embora saibamos -e a história mostra isso- que ninguém é ilha, que ninguém nasce para viver só e curtir a solidão.
A opção de viver só é, quase sempre, provocada por uma situação, por um meio, por um ambiente.
Nem uma árvore, nem um pé de coco, nasce e frutifica sozinho.
Ouvindo a notícia do índio que teve a história dos seus antepassados violentada, extinta, lembrei da violência que fazem os invasores de terras e de mentes. Invasão é conquista violenta.
O Brasil continua sendo violentado, como se vê no caso do índio de Rondônia, representante natural de todos os seus ancestrais.
Sinto pena de nós.
Na escola, eu ficava encantado com as histórias que ouvia dos professores sobre os primeiros habitantes da nossa terra. As crenças, os mitos... Quanta coisa!
O sol, a lua, a chuva, relâmpagos e trovões, deuses. O sentido disso tudo para os índios é bem maior e mais bonito do que o sentido que damos nós a essas mesmas coisas.
Os índios falam, falam, nunca deixam de falar, dialogam, contam histórias, ouvem histórias e dialogam suas questões entre si. A fala, o diálogo é coisa mágica em qualquer idioma, em qualquer dialeto e lugar.
Um ser junto com outro ser é mais forte do que um ser sozinho. Os índios, especialmente os índios mostram isso.
Vocês já leram Iracema? O romance indigenista do cearense José de Alencar?
ODISSEIA 2
Aperreado por não lembrar algumas coisas, Tinhorão achou absurdo o fato de hoje em dia ser tão difícil localizar o telefone de alguém. Lembrou que no passado recente bastava pegarmos a lista telefônica e lá procurar o nome e o número telefônico de alguém e pronto. Hoje é tudo moderno, mas atrasado e esquisito. Tinhorão não tem computador. Alguns índios têm.
Antes de despedir-se e lamentar o fato de estar esquecendo coisas, recomendou, cheio de graça: "Envelhecer é uma coisa terrível, o velho fica esperando, fica esperando o quê, fica esperando morrer, agora, se fica esperando morrer por que não morre de uma vez? Vou dar um conselho a vocês mais jovens: antes de envelhecer, morram!"
Aos 90 anos de idade, Tinhorão optou por viver com mulher e 9 gatos. Isso me fez lembrar uma das últimas entrevistas do pernambucano Nelson Rodrigues, em que ele pede que os jovens envelheçam, confiram:
sexta-feira, 20 de julho de 2018
MISTÉRIOS DO UNIVERSO: O HOMEM NA LUA
Esse negócio de estatística é uma negócio danado, não é mesmo?
Aprendemos na escola que há 9 planetas no Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.
Agora os bidus da ciência dizem que há milhares, milhares e milhares de planetas fora do Sistema solar, no universo.
Há uns anos, descobriu-se um novo planeta no Sistema Solar. Esse planeta, é 2015 RR245, está há mais de 14 bilhões de km além do Sol.
O planeta 2015 RR245, foi descoberto num mês de Julho.
No dia 12 de Julho de 1997, os bam bam bans da NASA capitaneados por uma mulher, mandaram ao espaço o samba Coisinha do Pai, de Jorge Aragão, Almir Guineto e José Carlos da Vila, na voz da carioca Beth Carvalho. A ideia era fazer com que essa música acordasse um robô em Marte. Não sei no que deu, mas essa história deu samba na voz da própria Beth:
Existem já muitas músicas que falam dos planetas do Sistema Solar. Marte é o mais lembrado. Marte, no imaginário popular é o planeta cujos habitantes são todos verdinhos. A Elis, por exemplo, mandou ver nessa gostosa canção:
Há exatos 59 anos, o norte americano Neil Armstrong pôs os pés na cara da lua. Um horror! Ele disse: "um pequeno passo para o Homem, mas um grande salto para a Humanidade".
Eu tinha ali uns dezessete anos e vi tudo.
Eu vi o homem pisar no solo lunar. Eu e muitos também viram e outros viram, mas dizem que não viram. E há quem não viu e garante, por isso, ou nem por isso, que foi tudo invenção do homem.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há livros, revistas, jornais, folhetos de cordel et cétera. Claro, e músicas que tratam dessa temática. Ah! Achei legal a narração feita de toda movimentação que levou o homem à Lua. Ouça essa história:
ODISSÉIA
Meu amigo Tinhorão, que todo mundo conhece, bateu hoje à minha porta aperreado. Sua aperreação tinha a ver com um nome e um telefone. O nome: Eduardo Pontin. Eduardo foi a pessoa que prefaciou o mais novo livro de Tinhorão Primeiras Lições de Samba, acho, que acaba de sair com a chancela do Instituto Cultural Glória ao Samba. Ele e Pontim estarão semana que vem em Curitiba, PR, na festa de lançamento desse livro, só que Tinhorão não lembrava o nome de Pontim e tampouco seu telefone. E aí foi minha vez de me aperrear. Após peripécias de um cego ao telefone, que sou eu, acionei o querido Ayrton Munhaini. E aí pronto! Essa história terminou bem. Falei com Pontin que falou com Tinhorão. E tudo foi risada.
Aprendemos na escola que há 9 planetas no Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.
Agora os bidus da ciência dizem que há milhares, milhares e milhares de planetas fora do Sistema solar, no universo.
Há uns anos, descobriu-se um novo planeta no Sistema Solar. Esse planeta, é 2015 RR245, está há mais de 14 bilhões de km além do Sol.
O planeta 2015 RR245, foi descoberto num mês de Julho.
No dia 12 de Julho de 1997, os bam bam bans da NASA capitaneados por uma mulher, mandaram ao espaço o samba Coisinha do Pai, de Jorge Aragão, Almir Guineto e José Carlos da Vila, na voz da carioca Beth Carvalho. A ideia era fazer com que essa música acordasse um robô em Marte. Não sei no que deu, mas essa história deu samba na voz da própria Beth:
Existem já muitas músicas que falam dos planetas do Sistema Solar. Marte é o mais lembrado. Marte, no imaginário popular é o planeta cujos habitantes são todos verdinhos. A Elis, por exemplo, mandou ver nessa gostosa canção:
Há exatos 59 anos, o norte americano Neil Armstrong pôs os pés na cara da lua. Um horror! Ele disse: "um pequeno passo para o Homem, mas um grande salto para a Humanidade".
Eu tinha ali uns dezessete anos e vi tudo.
Eu vi o homem pisar no solo lunar. Eu e muitos também viram e outros viram, mas dizem que não viram. E há quem não viu e garante, por isso, ou nem por isso, que foi tudo invenção do homem.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há livros, revistas, jornais, folhetos de cordel et cétera. Claro, e músicas que tratam dessa temática. Ah! Achei legal a narração feita de toda movimentação que levou o homem à Lua. Ouça essa história:
Meu amigo Tinhorão, que todo mundo conhece, bateu hoje à minha porta aperreado. Sua aperreação tinha a ver com um nome e um telefone. O nome: Eduardo Pontin. Eduardo foi a pessoa que prefaciou o mais novo livro de Tinhorão Primeiras Lições de Samba, acho, que acaba de sair com a chancela do Instituto Cultural Glória ao Samba. Ele e Pontim estarão semana que vem em Curitiba, PR, na festa de lançamento desse livro, só que Tinhorão não lembrava o nome de Pontim e tampouco seu telefone. E aí foi minha vez de me aperrear. Após peripécias de um cego ao telefone, que sou eu, acionei o querido Ayrton Munhaini. E aí pronto! Essa história terminou bem. Falei com Pontin que falou com Tinhorão. E tudo foi risada.
quinta-feira, 19 de julho de 2018
ESSE MUNDO CACHORRO É DOS GATOS
Já faz tempo, muito tempo, que vi ou li em algum lugar que para cada um de nós há 8 ratos. Numa boa? Na verdade, acho que há muito mais ratos para cada 1 cidadão, se contarmos os que atuam deliberadamente em nome da política.
Últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, acho que de 2010, indicam que passa de 52 milhões no número de cães de raças diversas, vira-latas inclusive, habitando os mais de 60 milhões de domicílios do País. O cachorro é tema riquíssimo no folclore de qualquer país, até do Brasil. Isso na literatura de cordel, na literatura clássica, na poesia, no teatro, na música... Vocês lembram desta?
O número de gatos e menor: 22 milhões.
Não gosto de rato, mas conviveria numa boa com cães e gatos.
O cachorro é amigo do homem, segundo velho dito popular confirmado no dia a dia. E o gato?
O gato, ao contrário do cachorro que está tomando conta do mundo, é manhoso e cheio de onda. Quer dizer, o gato e a gata.
Fica o registro
CLEMENTINA DE JESUS
A grande e querida Clementina de Jesus, a Quelé, está ausente fixamente da nossa presença desde 19 de julho de 1987, ela era carioca, nascida em 1901. Foi descoberta para a música no começo dos anos de 1960. No final dos anos de 1970 eu a entrevistei para o Folhetim (extinto suplemento da Folha de S.Paulo). Ela gravou poucos discos, mas todos ótimos. Clementina, negra descendente de escravos, chegou a gravar com o craque Geraldo Filme. Viva Clementina!
FUTEBOL
Hoje é o dia nacional do futebol, você sabia? A data foi criada em homenagem ao esporte Clube Rio Grande, do Rio Grande do Sul. Esse é o timo de futebol mais antigo do País. Foi criado em 1900.
Últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, acho que de 2010, indicam que passa de 52 milhões no número de cães de raças diversas, vira-latas inclusive, habitando os mais de 60 milhões de domicílios do País. O cachorro é tema riquíssimo no folclore de qualquer país, até do Brasil. Isso na literatura de cordel, na literatura clássica, na poesia, no teatro, na música... Vocês lembram desta?
O número de gatos e menor: 22 milhões.
Não gosto de rato, mas conviveria numa boa com cães e gatos.
O cachorro é amigo do homem, segundo velho dito popular confirmado no dia a dia. E o gato?
O gato, ao contrário do cachorro que está tomando conta do mundo, é manhoso e cheio de onda. Quer dizer, o gato e a gata.
Fica o registro
CLEMENTINA DE JESUS
A grande e querida Clementina de Jesus, a Quelé, está ausente fixamente da nossa presença desde 19 de julho de 1987, ela era carioca, nascida em 1901. Foi descoberta para a música no começo dos anos de 1960. No final dos anos de 1970 eu a entrevistei para o Folhetim (extinto suplemento da Folha de S.Paulo). Ela gravou poucos discos, mas todos ótimos. Clementina, negra descendente de escravos, chegou a gravar com o craque Geraldo Filme. Viva Clementina!
FUTEBOL
Hoje é o dia nacional do futebol, você sabia? A data foi criada em homenagem ao esporte Clube Rio Grande, do Rio Grande do Sul. Esse é o timo de futebol mais antigo do País. Foi criado em 1900.
quarta-feira, 18 de julho de 2018
A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM
A Copa de 18, na Rússia, findou. E o Brasil dançou antes do tempo. Dançou e rolou. O rolar, no caso, ficou por conta do Neymar. Esse deita e rola em qualquer gramado. Eêêê Neymar!!! Aliás, o camisa dez da Seleção Canarinho virou personagem de quadrilhas juninas. Confira:
Enquanto Neymar deitava e rolava nos campos russos, nossos políticos do Congresso Nacional e fora dele, armavam grandes jogadas. O resultado dessas jogadas veremos em breve.
O militar deputado Bolsonaro, pré candidato a presidente da República, queria como vice outro ex militar: Augusto Heleno, general que andou em missão no Haiti, mas o partido, PRP, o vetou. E agora? Um militar, na corrida à presidência, já é muito, dois, então....
Uma quantidade enorme de brasileiros foi agitar bandeiras na Rússia. E muitos deles aprontaram. Fizeram coisas horrorosas. Coisas que nem quero lembrar, mas vocês sabem. Quero ver essa turminha bagunceira, horrorosa, aprontando no Qatar, que sediará a próxima Copa.
Lá a coisa não é brincadeira, não.
Olha o mestre Fausto antecipando as coisas:
DO PRÓPRIO BOLSO
O que vocês acharam da presidente da Croácia que comprou passagem do próprio bolso para ir assistir o desempenho da Seleção de seu país na Rússia? E ela não fez só isso. Ela também tirou do próprio bolso grana para auto custear-se na Rússia. Detalhe: como se não bastasse, ela ainda foi se misturar com torcedores patrícios.
domingo, 15 de julho de 2018
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES
A Croácia acaba de perder da França, a França acaba de ganhar...
Poxa, o mundo torceu pela Croácia. Torceu pela Croácia por ser a Croácia, um país-nação sofrido, lascado, derrubado, mas forte. A prova, mais uma vez, foi mostrada ao mundo hoje.
Na verdade, a Croácia não perdeu pra França.
Na verdade, na verdade, a França não ganhou da Croácia.
Na verdade, na verdade, na verdade, o mundo ganhou com a Croácia e França em campo, na Rússia.
Eu cresci ouvindo que comunista comia criancinhas. Quanta mentira!
A ditadura de esquerda é tão violenta quanto a ditadura de direita. A história mostra isso. Hoje desde ontem, com olhos abertos, entendemos que na real a história não é bem assim.
Enfim...
A Iugoslávia, do marechal Tito, sufocou a vida. Dessa vida, surgiram seis países, entre eles, a Croácia.
O time croata entrou em campo decidido a mostrar que mais do que ideologia, a mente e o corpo são fortes. Mas, no primeiro momento... titubeou. Um gol de cabeça contra. Depois, um pênalti nervoso, à toa.
Pois é.
Na vida fundamentalmente é preciso que todos nós tenhamos calma, tranquilidade. Que exercitemos a paciência.
E aí vem a China. Incrível a China!
O território croata e o povo da Croácia cabem perfeitamente no mapa do Estado da Paraíba.
A Paraíba, nas suas dimensões territoriais, mede 56,5 mil quilômetros quadrados.
A Croácia, nas suas dimensões territoriais mede 56,5 mil quilômetros quadrados...
Viva a Paraíba, viva a Croácia!
A íris-croática é a flor símbolo da Croácia e a flor-de-lis é a flor símbolo da França.
E parabéns a França!
Poxa, o mundo torceu pela Croácia. Torceu pela Croácia por ser a Croácia, um país-nação sofrido, lascado, derrubado, mas forte. A prova, mais uma vez, foi mostrada ao mundo hoje.
Na verdade, a Croácia não perdeu pra França.
Na verdade, na verdade, a França não ganhou da Croácia.
Na verdade, na verdade, na verdade, o mundo ganhou com a Croácia e França em campo, na Rússia.
Eu cresci ouvindo que comunista comia criancinhas. Quanta mentira!
A ditadura de esquerda é tão violenta quanto a ditadura de direita. A história mostra isso. Hoje desde ontem, com olhos abertos, entendemos que na real a história não é bem assim.
Enfim...
A Iugoslávia, do marechal Tito, sufocou a vida. Dessa vida, surgiram seis países, entre eles, a Croácia.
O time croata entrou em campo decidido a mostrar que mais do que ideologia, a mente e o corpo são fortes. Mas, no primeiro momento... titubeou. Um gol de cabeça contra. Depois, um pênalti nervoso, à toa.
Pois é.
Na vida fundamentalmente é preciso que todos nós tenhamos calma, tranquilidade. Que exercitemos a paciência.
E aí vem a China. Incrível a China!
O território croata e o povo da Croácia cabem perfeitamente no mapa do Estado da Paraíba.
A Paraíba, nas suas dimensões territoriais, mede 56,5 mil quilômetros quadrados.
A Croácia, nas suas dimensões territoriais mede 56,5 mil quilômetros quadrados...
Viva a Paraíba, viva a Croácia!
A íris-croática é a flor símbolo da Croácia e a flor-de-lis é a flor símbolo da França.
E parabéns a França!
PARAÍBA, FRANÇA E CROÁCIA, É GOL!
A Croácia é um país pequenino, nação pequenina, que nem a Paraíba. Aliás, a Croácia cabe inteirinha no território paraibano.
A extensão territorial da Paraíba é de 56,5 mil km².
A extensão territorial da Croácia é de 56,5 mil km² Não, você não entendeu errado. É isso mesmo. O tamanho territorial da Paraíba e da Croácia é o mesmo, e mais: o número de habitantes da Paraíba e da Croácia é de 8 milhões de habitantes, dividido por 2 dá 4, isso mesmo: tanto a Paraíba quanto a Croácia têm 4 milhões de almas viventes, rindo, chorando e torcendo pela vitória hoje, em território russo.
A nação croata respira o ar da liberdade desde o final da primeira metade dos anos de 1990.
Foi em 1991 que o povo da Croácia rebelou-se contra o governo Tito da Iugoslávia, extinta, pulverizada.
No embate pela independência, a Croácia perdeu cerca de 10.000 pessoas. A extinta Iugoslávia, o mesmo número.
Aquele baião de Luiz Gonzaga, Paraíba, cabe certinho na vida guerreira da Croácia. Ouçam:
A extensão territorial da Paraíba é de 56,5 mil km².
A extensão territorial da Croácia é de 56,5 mil km² Não, você não entendeu errado. É isso mesmo. O tamanho territorial da Paraíba e da Croácia é o mesmo, e mais: o número de habitantes da Paraíba e da Croácia é de 8 milhões de habitantes, dividido por 2 dá 4, isso mesmo: tanto a Paraíba quanto a Croácia têm 4 milhões de almas viventes, rindo, chorando e torcendo pela vitória hoje, em território russo.
A nação croata respira o ar da liberdade desde o final da primeira metade dos anos de 1990.
Foi em 1991 que o povo da Croácia rebelou-se contra o governo Tito da Iugoslávia, extinta, pulverizada.
No embate pela independência, a Croácia perdeu cerca de 10.000 pessoas. A extinta Iugoslávia, o mesmo número.
Aquele baião de Luiz Gonzaga, Paraíba, cabe certinho na vida guerreira da Croácia. Ouçam:
Nos campos russos em que transcorre a Copa 2018, o time croata mostrou com quanta garra se forma um povo. Foi uma beleza, aliás tem sido uma beleza acompanhar os croatas brincando com a bola, brigando pela vida, dando exemplo de coragem e determinação. O desfecho será daqui a pouco contra a França. A propósito: foi na França, precisamente em Paris, que em maio de 1904 foi criada a Federação Internacional de Futebol, Fifa.
A Fifa foi criada por um advogado inglês, por um banqueiro holandês e por dois franceses, um deles o editor Jules Rimet.
O território francês passa dos 500 mil km² e a sua população anda em torno dos 70 milhões de pessoas.
Eu gosto da França, mas vou torcer prá a Croácia ganhar.
E por falar na França, foi ontem, 14 o seu grande dia, o dia em que a violência deu vez à liberdade.
quinta-feira, 12 de julho de 2018
A VERRUGA DO TEMER
O Brasil é uma coisa doida. O Brasil e o mundo todo. Pessoas, umas, acham que são tudo. Tem até umas que acham que estão acima do bem e do mal.
O mundo moderno ou modernoso em que vivemos transforma gente em bicho, em coisa.
Michel Temer é uma coisa, digamos. Uma besta!
Neymar, aquele que cai o tempo todo rolando prá fora do campo também. O Brasil é um país fantástico. Fantástico, eu disse.
A realidade no Brasil é tão fantástica quanto os contos de Kafka (1883-1924).
No começo deste ano, Neymar teve um dedinho do pé esquerdo, o mindinho, machucado, sabe-se lá como. O Brasil ficou em polvorosa com o dedo mindinho machucado do Neymar. O mundo esportivo então, nem se fala. Hoje 12, ali pelas 15 horas, o horror que é Temer deixou em polvorosa a Imprensa Mundial.
Temer saiu jaburu do Jaburu (Palácio) prá um atendimento médico na emergência ou sei lá da Câmara dos Deputados.
Depois de tanto reboliço, de tanto disse-me disse e não sei que lá não sei que lá, não sei que lá, descobriu-se: o Temer, sim essa besta, fora ao Hospital para retirar uma verruga sabe-se lá Deus Onde.
Ah Temer...pede as contas!
VIVA GUILHERME DE ALMEIDA!
Guilherme de Almeida nasceu em 1890. Mario de Andrade, em 1897. Augusto Sardinha (Garoto) nasceu no ano de 1915.
O que é que Guilherme, Mário e Garoto têm em comum?
Guilherme, Mário e Garoto nasceram em São Paulo. Além disso, os três participaram da Revolução Constitucionalista de 1932. Guilherme e Garoto foram ao Front.
Garoto chegou a ser ferido, a bala, e encerrou a sua participação num hospital. Após isso voltou e transformou-se num revolucionário do violão no Brasil. Mas Mario foi tão importante na revolução de 32 quanto Guilherme e Garoto.
O mais completo intelectual paulistano Mario de Andrade agarrou a bandeira de 32 para forçar Getúlio Vargas a aceitar que o Congresso Nacional promulgasse uma Nova Constituição. E isso ocorreu em 1934.
A Constituição de 1934 não foi uma das melhores do País, mas essa pé outra história.
Guilherme de Almeida foi um dos mais brilhantes poetas que o Brasil já deu.
Guilherme, além de poeta, foi advogado, jornalista, tradutor.
Guilherme, que foi um dos 70 e poucos paulistas exilados após a Revolução, falava e escrevia fluentemente em Grego, Latim, francês espanhol, inglês e arranhava a fala e a escrita noutras línguas como o alemão e italiano. Ele traduziu Voltaire e outros cabras bons da França etc.
Guilherme de Almeida morreu no dia 11 de julho de 1969.
A Revolução Constitucionalista de 1932 era para ter começado no dia 14 desse mesmo mês de julho. Mas começou no dia 8, quando Vargas nomeou Augusto Inácio do Espírito Santo Cardoso (1867-1947) como ministro da guerra. E é aí que entra nessa história o gaúcho Bertoldo Klinger (1884-1969), que comandava uma unidade do Exército em Mato Grosso. Klinger desafia Cardoso e o começo do fim da Revolução Constitucionalista de 1932 está aí.
Essa história é incrível!
Eu disse que o 9 de julho começou no dia 8 e que era prá começar no dia 14. Na verdade, a Revolução Constitucionalista de 1932 começou no dia 23 de maio, com o assassinato de 4 estudantes que viraram uma sigla: MMDC.
A morte desses estudantes foi presenciada pelo racialista Cesar Ladeira (1910-1969). Vamos ouvir um pouco o Cesar Ladeira e Guilherme de Almeida? Ah! Ia me esquecendo de dizer que alguns poemas de Guilherme de Almeida ganharam melodia.
sexta-feira, 6 de julho de 2018
BRASIL COPA EU E TU. VIVA FAUSTO!
A França acaba de despachar a seleção do Uruguai prá seu lugar. Fez bem. Foi jogo bonito.A França foi melhor, claro, mesmo sem gol do menino Mbappé, não é mesmo Peter?
Depois de ganhar 5 Copas, o Brasil está com jeito de chegar ao Hexa.
Em 2002, quando a seleção brasileira faturou o penta Campeonato Mundial, meu querido amigo Gereba compusemos isto aqui:
A minha mulher Lúcia narrou para mim o chôro de um Uruguaio em campo. Isso me fez lembrar que mais grana tenham todos tudo, o ser humano prevalecerá.
Viva o Uruguai!
O Fausto, gênio do traço como Paulo Caruso, Jaguar, Alcyr, Angeli e tantos queridos amigos que tive até aqui, a alegria de conviver; e chega de conversa! o Fausto fez para esse Blog esta beleza:
Depois de ganhar 5 Copas, o Brasil está com jeito de chegar ao Hexa.
Em 2002, quando a seleção brasileira faturou o penta Campeonato Mundial, meu querido amigo Gereba compusemos isto aqui:
O tempo passou e sei lá por quais razões o Brasil até aqui, não fechou meia dúzia de vitórias totais na Copa. Em 2010, eu e meu querido Jarbas Mariz, compusemos uma história musical assim:
É claro que eu brinco com muitos amigos sobre a seleção brasileira. Brinco dizendo coisas sérias. O futebol de hoje não é o mesmo futebol de ontem, veja, sabemos. Mas lembrar Didi, Vavá, Pelé, Garrincha, é coisa boa demais. Mas isso é ontem. Hoje é a globalização das pernas turbinadas....A minha mulher Lúcia narrou para mim o chôro de um Uruguaio em campo. Isso me fez lembrar que mais grana tenham todos tudo, o ser humano prevalecerá.
Viva o Uruguai!
O Fausto, gênio do traço como Paulo Caruso, Jaguar, Alcyr, Angeli e tantos queridos amigos que tive até aqui, a alegria de conviver; e chega de conversa! o Fausto fez para esse Blog esta beleza:
quinta-feira, 5 de julho de 2018
50 ANOS SEM ROSIL CAVALCANTI
O livro Pra Dançar e Xaxar na Paraíba, de Rômulo Nóbrega, foi lançado há 2 anos em Campina Grande PB com a presença de muita gente boa, incluindo músicos como Mahatma, aí com sua sanfona. |
A passeata dos 100 mil foi realizada, no Rio, em Junho. No mês seguinte, o paraibana Geraldo Vandre dava os toques finais a guarania que viraria uma espécie de hino alternativo.....
No dia 10 de julho de 1968, os nordestinos perdiam um dos seus maiores compositores: Rosil Cavalcanti.
Ao todo, Rosil compôs 82 músicas. Desse total duas dezenas foram gravadas originalmente por Jackson do Pandeiro
A primeira música gravada por Jackson foi Sebastiana, de Rosil.Ouça-o contando um pouco dessa história.
O tempo passou levando o campinense Rômulo Nóbrega a publicar, em parceria com o pesquisador de MPB José Batista Alves, uma das biografias musicais mais minuciosas e completas, “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: andanças de Rosil Cavalcanti”.
O texto abaixo é de autoria de Rômulo. Leiam-no:
Foi
nesse ritmo que Jackson do Pandeiro (1919 – 1982) se lançou no cenário nacional com o coco
“Sebastiana”, onde em Recife fez sucesso com esta música em dias que antecederam o carnaval de 1953, em
meio ao mais fervoroso clima de frevo naquela capital Pernambucana.
Quem estava por trás de
tudo isto? Ele, Rosil Cavalcanti (1915/1968), o pernambucano de Campina Grande,
como ele mesmo se intitulava, dado ao apego e carinho que tinha por esta cidade
e onde conheceu seu grande amor Maria
das Neves Ramos Coura, com quem se casou. Nascido em 20 de
dezembro de 1915, no engenho Zabelê, no atual município de Macaparana (Pe),
desde a infância e juventude participa das moagens de cana, fabrico de
rapadura, de açúcar, cachaça, ouve estórias do povo, as cantadeiras de novenas,
emboladores de coco, violeiros, participa de sambas (forrós).
De família tradicional
na política de Pernambuco, Rosil de Assis Cavalcanti trabalhou toda vida como
funcionário público. Em sua adolescência estuda nos melhores colégios
recifenses, nos anos de 1930, Colégio Oswaldo Cruz e Marista, destacando-se nas
atividades artísticas e no jeito brincalhão e espirituoso Seu primo de segundo
grau, Joaquim Francisco chegou a ser governador do estado. Em 1943, com pouco
mais de 20 anos, outro parente de Rosil assumiu a prefeitura da cidade de
Macaparana, que manteve até a gestão passada sob influência da família. Na
mesma década de 1940, Zé Francisco, Pai de Joaquim Francisco, iniciou sua
carreira política como deputado estadual. Maviael Cavalcanti foi deputado
estadual por vários mandatos. Maviael Cavalcanti Filho, foi prefeito na última
gestão. Mas a paixão de Rosil era outra. Em Aracaju formou sua primeira dupla “O
Tabareu e o Turco da Prestação” ao lado de Pedro Telles. Em João Pessoa refez a
dupla “Café com Leite”, com José Gomes (o futuro Jackson do Pandeiro), na Rádio
Tabajara e em Campina Grande foi onde atingiu o auge de toda sua riqueza
artística, pois atuou como cômico e crítico ora estava fazendo o povo rir,
cantar, brincar, dançar, ora provocando polêmicas, denunciando situações
erradas, dando suas opiniões, fazendo seus comentários como âncora, algo
inusitado para a época através de seus programas policiais que muitas vezes
trouxe problemas para si, onde enfrentou severas agressões.
Embora ríspido em certos
momentos, de pavio curto, Rosil conseguia angariar a simpatia e amizade de
todos e se tornou mais conhecido quando lançou o programa “Forró de Zé Lagoa”,
pela Rádio Borborema de Campina Grande, cujo comandante era o próprio, que se
caracterizava do “Capitão Zé Lagoa”.
Teve oitenta e duas
músicas gravadas originalmente pelos mais renomados cantores: Jackson, Marinês,
Genival Lacerda, Teixeirinha, Abdias, Zé Calixto, Luiz Gonzaga, Ary Lobo, Trio
Nordestino, Ademilde Fonseca, Jacinto Silva dentre outros. Sucessos como Meu
Cariri, Sebastiana, Cabo Tenório, Faz Força Zé, Aquarela Nordestina, Mané
Cazuza, Assunto Novo, Moxotó, Forró na Gafieira, Lição de Tabuada, Saudade de
Campina Grande, Na base da Chinela, Amigo Velho, Tropeiros da Borborema, Quadro
Negro, foram mais tarde regravados por muitos intérpretes como Clara Nunes, Gal
Costa, Zé Ramalho, Dominguinhos, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Biliu de
Campina e mais recentemente por Lucy
Alves.
Falecido prematuramente
no dia 10 de julho de 1968, fato que comoveu não só Campina Grande, mas toda a
região nordestina, a radiofonia campinense perdeu um dos seus grandes sustentáculos na difusão
da cultura nordestina, isto porque a famosa Rádio Borborerma transmitia em
ondas médias e tropicais, atingindo suas ondas até países do exterior.
Tudo isto é narrado no
livro “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: andanças de Rosil Cavalcanti”, (445 p), de
autoria de Rômulo C. Nóbrega e José Batista Alves, que foi lançado em outubro
último, ano do seu centenário. Encantado com a riqueza de informações
abrangendo Rosil e todo seu grupo, o promotor público Agnello Amorim prefaciou
esta biografia numa rica e harmoniosa história onde há o envolvimento mútuo de
Rosil e Campina Grande.
Por fim, Rosil deixou um
legado a esta cidade abraçada por ele, quando musicou o poema do tribuno
Raymundo Asfora, “Tropeiros da Borborema”, uma associação perfeita entre letra
e música, interpretada por Luiz Gonzaga, onde colocou os tropeiros num patamar
muito bem sedimentado, ofuscando ainda hoje os demais benfeitores e
construtores desta cidade como os boiadeiros, fabricantes de farinha e de rapadura,
os comerciantes pioneiros e seus fabulosos artífices.
quarta-feira, 4 de julho de 2018
LOBATO, UM GÊNIO BRASILEIRO.
O Brasil é pródigo em talento. Talento de todos os tipos, de todas as formas, de todo canto, de Norte a Sul do país.
Falar dos mestres do traço Fausto, Ziraldo e Paulo Caruso, e seu irmão, Chico, é moleza. É como tirar pirulito da boca de criança. Fácil, fácil.
Os mestres dos traços entre os quais citados, recriam o mundo a cada instante. A cada segundo.
Poucos minutos atrás, aproveitei o telefonema do Fausto pra lhe dizer, ou lembrar, que hoje completam-se 70 anos do encantamento do mestre taubateano Monteiro Lobato, de batismo José Renato Monteiro Lobato (1882-1948).
Monteiro Lobato foi um gênio em vários aspectos da vida, especialmente brasileira.
Monteiro Lobato foi um dos formandos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Chegou a ser promotor na cidade onde nasceu. Muito cedo, casou-se com uma Maria;Maria Pureza Natividade, com quem a história registra ter sido pai 4 vezes.
Monteiro Lobato virou escritor por acaso. Isso quem diz sou eu.
No começo, bem no começo do Séc. XX, José Renato Monteiro Lobato herdou de um parente uma fazendo no Vale do Paraíba. Mas ele não era do ramo, não nasceu para ser fazendeiro. Ele encheu-se da atitude dos capiaus da região que tacavam fogo em todo canto, em tudo que era mato.
Os capiaus do séc.19, 20, podiam tacar fogo em tudo que quisesse. E Lobato foi se enchendo com aquele comportamento. E um dia mandou uma carta pra redação do jornal O Estado de S.Paulo. A carta, enviada à seção de reclamação dos leitores, foi publicada na forma de artigo com o título Velha Praga, em novembro de 1914. Chamou atenção de meio mundo, na época. Nessa carta/artigo, Lobato detonava o governo, às autoridades vigentes. Pouco tempo depois, já ficando famoso, reuniu uma dúzia de textos e publicou num livro a que intitulou Urupês.
O livro Urupês foi o primeiro da carreira de escritor, originalmente publicado na gráfica do massudo jornal paulistano....Quer dizer: o primeiro livro de Monteiro Lobato foi publicado de modo independente e foi nesse livro que surgiu o polêmico personagem Jeca Tatu.
Jeca Tatu, uma espécie de fungo malévolo, parasita, foi criado principalmente para chamar atenção das autoridades federais da época.
Esse Jeca foi apresentado ao Brasil como um ser sem futuro, sem iniciativa. Um ser dormente, lascado, feito, amarelo com bicho de pé, unhas compridas, podres, desdentado, magrelo, barrigudo, que não pensava além do próprio nariz e nem podia, porque não sabia, era iletrado, vivia ao deus-dará. Ele trazia consigo todas as doenças que um corpo e uma mente podia trazer. Era o retrato do atraso , da vida em preto e branco, um zero ou dois ou tres a esquerda.. Era um nada a margem de tudo. Lobato foi terrível na sua criação, e nessa criação, ele alcançou seu objetivo: chamar a atenção das autoridades para todos os problemas que viviam os homens do campo.
Urupês, o primeiro livro de Monteiro Lobato, está completando nesse mês e ano, 100 anos da primeira edição.
Monteiro Lobato foi um gênio, sensível como criador e frio com empresário.
Dois dias antes de morrer de uma convulsão mental em julho de 1948, Lobato concedeu uma entrevista altamente reveladora de sua personalidade, ao repórter paulista de Itapetininga Murilo Antunes Alves (1919-2010).Ouça:
Monteiro Lobato foi um brasileiro preocupado com o Brasil, como poucos até hoje.
Ao Brasil, Monteiro Lobato entregou a sua vida. Foi crítico, participante da vida nacional. O presidente da República à epoca, Washington Luís o fez embaixador cultural nos Estados Unidos. Lá ele escreveu o romance O Presidente Negro, que não fez sucesso lá nem aqui. Mas, no texto era como se previsse a eleição de Obama ao poder. Essa ficção virou história.
Monteiro Lobato brigou com poderosos do seu tempo, inclusive Getúlio Vargas. Getúlio, puto com a campanha O Petróleo é Nosso, mandou seu autor, Monteiro Lobato, à cadeia.
Quanta história, meu Deus!
É curioso e verdade: no dia 3 de Outubro de 1953 o gaúcho Vargas criou a Petrobrás. Três anos depois, o pernambucano Luiz Gonzaga criou e cantou : Marcha da Petrobrás.
Em 1918, Lobato publicou Urupês. Nesse livro formado por 13 contos e um artigo, um desses intitulado O Comprador de Fazendas, chegou às telas do cinema em 1951. E lá está interpretando o personagem principal o ator Procópio Ferreira. E atenção: nesse filme também está o Rei do Baião Luiz Gonzaga, cantando músicas do seu repertório. Confira:
Falar dos mestres do traço Fausto, Ziraldo e Paulo Caruso, e seu irmão, Chico, é moleza. É como tirar pirulito da boca de criança. Fácil, fácil.
Os mestres dos traços entre os quais citados, recriam o mundo a cada instante. A cada segundo.
Poucos minutos atrás, aproveitei o telefonema do Fausto pra lhe dizer, ou lembrar, que hoje completam-se 70 anos do encantamento do mestre taubateano Monteiro Lobato, de batismo José Renato Monteiro Lobato (1882-1948).
Monteiro Lobato foi um gênio em vários aspectos da vida, especialmente brasileira.
Monteiro Lobato foi um dos formandos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Chegou a ser promotor na cidade onde nasceu. Muito cedo, casou-se com uma Maria;Maria Pureza Natividade, com quem a história registra ter sido pai 4 vezes.
Monteiro Lobato virou escritor por acaso. Isso quem diz sou eu.
No começo, bem no começo do Séc. XX, José Renato Monteiro Lobato herdou de um parente uma fazendo no Vale do Paraíba. Mas ele não era do ramo, não nasceu para ser fazendeiro. Ele encheu-se da atitude dos capiaus da região que tacavam fogo em todo canto, em tudo que era mato.
Os capiaus do séc.19, 20, podiam tacar fogo em tudo que quisesse. E Lobato foi se enchendo com aquele comportamento. E um dia mandou uma carta pra redação do jornal O Estado de S.Paulo. A carta, enviada à seção de reclamação dos leitores, foi publicada na forma de artigo com o título Velha Praga, em novembro de 1914. Chamou atenção de meio mundo, na época. Nessa carta/artigo, Lobato detonava o governo, às autoridades vigentes. Pouco tempo depois, já ficando famoso, reuniu uma dúzia de textos e publicou num livro a que intitulou Urupês.
O livro Urupês foi o primeiro da carreira de escritor, originalmente publicado na gráfica do massudo jornal paulistano....Quer dizer: o primeiro livro de Monteiro Lobato foi publicado de modo independente e foi nesse livro que surgiu o polêmico personagem Jeca Tatu.
Jeca Tatu, uma espécie de fungo malévolo, parasita, foi criado principalmente para chamar atenção das autoridades federais da época.
Esse Jeca foi apresentado ao Brasil como um ser sem futuro, sem iniciativa. Um ser dormente, lascado, feito, amarelo com bicho de pé, unhas compridas, podres, desdentado, magrelo, barrigudo, que não pensava além do próprio nariz e nem podia, porque não sabia, era iletrado, vivia ao deus-dará. Ele trazia consigo todas as doenças que um corpo e uma mente podia trazer. Era o retrato do atraso , da vida em preto e branco, um zero ou dois ou tres a esquerda.. Era um nada a margem de tudo. Lobato foi terrível na sua criação, e nessa criação, ele alcançou seu objetivo: chamar a atenção das autoridades para todos os problemas que viviam os homens do campo.
Urupês, o primeiro livro de Monteiro Lobato, está completando nesse mês e ano, 100 anos da primeira edição.
Monteiro Lobato foi um gênio, sensível como criador e frio com empresário.
Dois dias antes de morrer de uma convulsão mental em julho de 1948, Lobato concedeu uma entrevista altamente reveladora de sua personalidade, ao repórter paulista de Itapetininga Murilo Antunes Alves (1919-2010).Ouça:
Monteiro Lobato foi um brasileiro preocupado com o Brasil, como poucos até hoje.
Ao Brasil, Monteiro Lobato entregou a sua vida. Foi crítico, participante da vida nacional. O presidente da República à epoca, Washington Luís o fez embaixador cultural nos Estados Unidos. Lá ele escreveu o romance O Presidente Negro, que não fez sucesso lá nem aqui. Mas, no texto era como se previsse a eleição de Obama ao poder. Essa ficção virou história.
Monteiro Lobato brigou com poderosos do seu tempo, inclusive Getúlio Vargas. Getúlio, puto com a campanha O Petróleo é Nosso, mandou seu autor, Monteiro Lobato, à cadeia.
Quanta história, meu Deus!
É curioso e verdade: no dia 3 de Outubro de 1953 o gaúcho Vargas criou a Petrobrás. Três anos depois, o pernambucano Luiz Gonzaga criou e cantou : Marcha da Petrobrás.
Em 1918, Lobato publicou Urupês. Nesse livro formado por 13 contos e um artigo, um desses intitulado O Comprador de Fazendas, chegou às telas do cinema em 1951. E lá está interpretando o personagem principal o ator Procópio Ferreira. E atenção: nesse filme também está o Rei do Baião Luiz Gonzaga, cantando músicas do seu repertório. Confira:
terça-feira, 3 de julho de 2018
SELEÇÃO NORDESTINA
Reginaldo Fortuna (1931-1994) foi um dos maiores cartunistas do Brasil. A prova aí está, na que ele fez para o livro: "A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira". |
Suécia e Suíça, bobagem...
No dia 29 de junho de 1958, a Suíça caiu diante dos craques Pelé, Garrincha, Vavá, Zagalo...
A Seleção Brasileira de Futebol de 1958 levou no seu bojo 4 nordestinos, incluindo os nomes já citados.
Em 1962, outros grandes nordestinos, craques, nos trouxeram o bicampeonato mundial da Fifa. Zagalo estava lá, fazendo bonito.
Éramos bi em 1962.
O tempo passou.
Em 1970, depois de muita confusão, Zagalo assumiu a titularidade de técnico.
Em 1970, pela primeira vez, o Brasil acompanhou o campeonato mundial de futebol da Fifa ao vivo, em cores.
O técnico, repito: Zagalo.
Zagalo está vivo e continuará vivo nos próximos séculos.
Zagalo é nordestino de Alagoas. O único nordestino vivo da Seleção de 1958.
Em todos os momentos em que o Brasil levantou a taça de campeão, e foram 5, nordestinos estiveram presentes. Repito: em todos os momentos que o Brasil levantou a taça de campeão, nordestinos estiveram presentes.
Em 1958, Zagalo fez o que fez perante o mundo.
A Seleção Brasileira de hoje, com o alagoano Firmino, corre o risco de trazer para o Brasil a taça hexa.
Zagalo é alagoano.
Firmino é o único representante do Nordeste na Seleção de Tite. Detalhe: Firmino integra o time da cidade dos Beatles, Liverpool.
Firmino é o 7º brasileiro mais bem pago do futebol mundial. E aí?
E como eu não tenho o que fazer, na verdade nunca tive o que fazer, eu fiz um texto que o meu querido amigo Jarbas Mariz achou de musicar:
Em 1962, outros grandes nordestinos, craques, nos trouxeram o bicampeonato mundial da Fifa. Zagalo estava lá, fazendo bonito.
Éramos bi em 1962.
O tempo passou.
Em 1970, depois de muita confusão, Zagalo assumiu a titularidade de técnico.
Em 1970, pela primeira vez, o Brasil acompanhou o campeonato mundial de futebol da Fifa ao vivo, em cores.
O técnico, repito: Zagalo.
Zagalo está vivo e continuará vivo nos próximos séculos.
Zagalo é nordestino de Alagoas. O único nordestino vivo da Seleção de 1958.
Em todos os momentos em que o Brasil levantou a taça de campeão, e foram 5, nordestinos estiveram presentes. Repito: em todos os momentos que o Brasil levantou a taça de campeão, nordestinos estiveram presentes.
Em 1958, Zagalo fez o que fez perante o mundo.
A Seleção Brasileira de hoje, com o alagoano Firmino, corre o risco de trazer para o Brasil a taça hexa.
Zagalo é alagoano.
Firmino é o único representante do Nordeste na Seleção de Tite. Detalhe: Firmino integra o time da cidade dos Beatles, Liverpool.
Firmino é o 7º brasileiro mais bem pago do futebol mundial. E aí?
E como eu não tenho o que fazer, na verdade nunca tive o que fazer, eu fiz um texto que o meu querido amigo Jarbas Mariz achou de musicar:
segunda-feira, 2 de julho de 2018
HOJE É DIA DE TÉO AZEVEDO
Téo Azevero ladeado pelos jornalistas José Ramos Tinhorão e Assis Ângelo |
http://tvcultura.com.br/videos/44606_selecao-viola-minha-viola-teo-azevedo.html
Téo Azevedo já teve músicas gravadas em várias línguas como interpretes como o norte americano Charlie Musselwhite. Ouça:
Falar sobre Téo Azevedo eu já falei e tantos outros também já falaram:
http://assisangelo.blogspot.com/2018/03/teo-azevedo-e-descoberto-na-alemanha.html
DOIS DE JULHO
Hoje é o dia da Independência da Bahia, que teve como heroína a baiana Maria Quitéria (1792-1853). Ela foi a primeira soldada do exercito brasileiro. Morreu pobre, anonima e cega em Salvador, BA. Pouco depois da independência da Bahia o poeta Castro Alves escreveu uma pérola a respeito:
É a hora das epopéas,
Das Iliadas reaes.
Ruge o vento — do passado
Pelos mares sepulchraes.
É a hora em que a Eternidade
Dialoga a Immortalidade...
Falia o heróe com Jehovah!...
E Deus — nas celestes plagas
Colhe da gloria nas vagas
Os mortos de Pirajá.
Ha destes dias augustos
Na tumba dos Briaréos.
Como que Deus baixa á terra
Sem mesmo descer dos céos.
É que essas lousas rasteiras
São — gigantes cordilheiras
Do Senhor aos olhos nús.
É que essas brancas ossadas
São — columnas arrojadas
Dos infinitos azues.
Sim! Quando o tempo entre os dedos
Quebra um sec′lo, uma nação...
Encontra nomes tão grandes
Que não lhe cabem na mão!...
Heróes! Como o cedro augusto
Campêa rijo e vetusto
Dos sec′los ao perpassar,
Vós sois os cedros da historia,
A cuja sombra de gloria
Vai-se o Brasil abrigar.
E nós que somos faiscas
Da luz desses arrebóes,
Nós, que somos borboletas
— Das chrysalidas de avós,
Nós, que entre as bagas dos cantos,
Por entre as gottas dos prantos
Inda os sabemos chorar,
Podemos dizer: — «Das campas
Sem mesmo descer dos céos.
É que essas lousas rasteiras
São — gigantes cordilheiras
Do Senhor aos olhos nús.
É que essas brancas ossadas
São — columnas arrojadas
Dos infinitos azues.
Sim! Quando o tempo entre os dedos
Quebra um sec′lo, uma nação...
Encontra nomes tão grandes
Que não lhe cabem na mão!...
Heróes! Como o cedro augusto
Campêa rijo e vetusto
Dos sec′los ao perpassar,
Vós sois os cedros da historia,
A cuja sombra de gloria
Vai-se o Brasil abrigar.
E nós que somos faiscas
Da luz desses arrebóes,
Nós, que somos borboletas
— Das chrysalidas de avós,
Nós, que entre as bagas dos cantos,
Por entre as gottas dos prantos
Inda os sabemos chorar,
Podemos dizer: — «Das campas
Sacudi as frias tampas!
Vinde a Patria abençoar!...
Erguei-vos, santos fantasmas!
Vós não tendes que corar...
(Porque eu sei que o filho torpe
Faz o morto soluçar...)
Gemem as sombras dos Gracchos,
Dos Catões, dos Spartacos,
Vendo seus filhos tão vis...
Dize-o tu, soberbo Mario!
Tu, que ensopas o sudario
Vendo Roma — meretriz!...
Al! Que lagrimas candentes
Choram orbitas sem luz!
Que idéa terá Leonidas
Vendo Sparta nos paúes?!..,
Alta noite, quando pena
Sobre Arcole, sobre Iena,
Bonaparte — o rei dos reis,
Que dôr d′alma lhe rebenta.
Ao ver su′aguia sangrenta
No sabre de Juarez?!...
Porém aqui não ha grito,
Nem pranto, nem ai, nem dôr...
O presente não desmente
Do seu ninho de condor...
Vinde a Patria abençoar!...
Erguei-vos, santos fantasmas!
Vós não tendes que corar...
(Porque eu sei que o filho torpe
Faz o morto soluçar...)
Gemem as sombras dos Gracchos,
Dos Catões, dos Spartacos,
Vendo seus filhos tão vis...
Dize-o tu, soberbo Mario!
Tu, que ensopas o sudario
Vendo Roma — meretriz!...
Al! Que lagrimas candentes
Choram orbitas sem luz!
Que idéa terá Leonidas
Vendo Sparta nos paúes?!..,
Alta noite, quando pena
Sobre Arcole, sobre Iena,
Bonaparte — o rei dos reis,
Que dôr d′alma lhe rebenta.
Ao ver su′aguia sangrenta
No sabre de Juarez?!...
Porém aqui não ha grito,
Nem pranto, nem ai, nem dôr...
O presente não desmente
Do seu ninho de condor...
Mãos, que, outr′ora de crianças
A rir — dentaram as lanças
Dos velhos de Pirajá...
De homens hoje, as empunhando,
Nas batalhas afiando,
Vão caminho de Humaitá!...
Basta!... Curvai-vos, ó povo!...
Eil-os os vultos sem par,
Só de joelhos podemos
Nest′hora augusta fitar
Riachuelo e Cabrito,
Que sobem para o infinito
Gomo jungidos leões,
Puxando os carros dourados
Dos meteóros largados
Sobre a noite das nações.
A rir — dentaram as lanças
Dos velhos de Pirajá...
De homens hoje, as empunhando,
Nas batalhas afiando,
Vão caminho de Humaitá!...
Basta!... Curvai-vos, ó povo!...
Eil-os os vultos sem par,
Só de joelhos podemos
Nest′hora augusta fitar
Riachuelo e Cabrito,
Que sobem para o infinito
Gomo jungidos leões,
Puxando os carros dourados
Dos meteóros largados
Sobre a noite das nações.
-
- Bahia - 1867.
domingo, 1 de julho de 2018
TUDO COMEÇOU COM TANGO
O potiguar de currais Novos José Xavier Cortez acaba de telefonar prá mangar de mim. Isto é, prá dizer que está numa rede depois de deleitar-se com canjica, pamonha, cuz cuz e tapioca e outras coisinhas próprias do período junino. Coisa boa, né?
Junho terminou levando consigo os minguados festejos do mês que se registraram aqui e acolá, sem muita empolgação, com música diferente etc.
As festas de São joão, que começam no dia 13 e terminam no dia 29 de junho nos foram trazidas pelos portugueses. Os portugueses nos legaram muitas coisas boas, fora os exemplos ruins que culminaram em prisão, tortura e morte.
Na minha infância eu esperava com ansiedade o mês de São João. Besta que nunca fui, eu esperava São João prá comer tudinho do que acaba de comer o amigo José Cortez e adorava assar milho na fogueira, mas minha mãe, minha avó e minha tia me assustavam dizendo que brincar com fogo ou fogueira fazia menino mijar na cama. Que coisa! Eu gostava também de soltar fogos, bombinhas, estrelinhas, essas coisas. E também de soltar balão e de fazer bandeirinhas, de cortar bandeirinhas na forma de "M". E de quadrilhas? Eu adorava arribar as saias compridas das meninas vestidas de matutas. Cheguei a levar uns cascudos por isso.
Das quadrilhas, além de ver as meninas dançarem, eu gostava de ouvir os sanfoneiros, os triangueiros, os zabumbeiros e todo mundo cantando música de São João. Muita coisa de Luiz Gonzaga, claro.
Pouca gente sabe: a música que se tocava e cantava não era marchinha nem toada, nem canção, como tal conhecemos hoje. A primeira música feita prá São João foi um tango, sem letra, assinado por Irineu de Almeida e gravado pelo grupo Choro Carioca, que tinha a frente o mestre Pixinguinha. Isso foi ali pelos finais da segunda década do século passado. A gravadora? Favorite Record.
A segunda música, São João na Roça, foi uma cançoneta assinada pelo compositor E. de Souza, interpretada por alguém que se identificava apenas como Campos, da etiqueta Columbia, há muitos anos extinta, cuja sede era no Rio de Janeiro.
A partir dos anos de 1930 é que o tema São João (e Santo Antônio e São Pedro) passou a frequentar com mais intensidade o repertório dos artistas nacionais, como Chico Alves, Araci de Almeida e Carmen Miranda. Mas foi Luiz Gonzaga, o rei do Baião, o artista que deu identidade ao gênero marchinha Junina.
Você sabia que até a cantora lírica Bidu Sayão gravou música junina? Ouça:
Junho terminou levando consigo os minguados festejos do mês que se registraram aqui e acolá, sem muita empolgação, com música diferente etc.
As festas de São joão, que começam no dia 13 e terminam no dia 29 de junho nos foram trazidas pelos portugueses. Os portugueses nos legaram muitas coisas boas, fora os exemplos ruins que culminaram em prisão, tortura e morte.
Na minha infância eu esperava com ansiedade o mês de São João. Besta que nunca fui, eu esperava São João prá comer tudinho do que acaba de comer o amigo José Cortez e adorava assar milho na fogueira, mas minha mãe, minha avó e minha tia me assustavam dizendo que brincar com fogo ou fogueira fazia menino mijar na cama. Que coisa! Eu gostava também de soltar fogos, bombinhas, estrelinhas, essas coisas. E também de soltar balão e de fazer bandeirinhas, de cortar bandeirinhas na forma de "M". E de quadrilhas? Eu adorava arribar as saias compridas das meninas vestidas de matutas. Cheguei a levar uns cascudos por isso.
Das quadrilhas, além de ver as meninas dançarem, eu gostava de ouvir os sanfoneiros, os triangueiros, os zabumbeiros e todo mundo cantando música de São João. Muita coisa de Luiz Gonzaga, claro.
Pouca gente sabe: a música que se tocava e cantava não era marchinha nem toada, nem canção, como tal conhecemos hoje. A primeira música feita prá São João foi um tango, sem letra, assinado por Irineu de Almeida e gravado pelo grupo Choro Carioca, que tinha a frente o mestre Pixinguinha. Isso foi ali pelos finais da segunda década do século passado. A gravadora? Favorite Record.
A segunda música, São João na Roça, foi uma cançoneta assinada pelo compositor E. de Souza, interpretada por alguém que se identificava apenas como Campos, da etiqueta Columbia, há muitos anos extinta, cuja sede era no Rio de Janeiro.
A partir dos anos de 1930 é que o tema São João (e Santo Antônio e São Pedro) passou a frequentar com mais intensidade o repertório dos artistas nacionais, como Chico Alves, Araci de Almeida e Carmen Miranda. Mas foi Luiz Gonzaga, o rei do Baião, o artista que deu identidade ao gênero marchinha Junina.
Você sabia que até a cantora lírica Bidu Sayão gravou música junina? Ouça: