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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

FILME E CORDEL PARA JACKSON DO PANDEIRO



Jackson do Pandeiro foi um dos mais importantes compositores e interpretes da nossa melhor música popular. Paraibano de Alagoa Grande, nasceu em 1919. Seu centenário está sendo comemorado em várias partes do País. Estreou em disco, em 1953. Deixou uma obra extensa, incluindo pelo menos duas inéditas. Uma delas composta em parceria com a pernambucana Anastácia. A outra, abre este texto.
Um filme a respeito do artista dirigido por Marcus Vilar e Cacá Teixeira acaba de ser lançado:"Jackson, na Batida do Pandeiro". Primeiro foi exibido em Campina grande, depois em Brasília e João Pessoa. Tomara que ocupe todos os telões do Brasil, pois o que é bom deve ser mostrado pra todo mundo.
Ainda há poucos folhetos de cordel contando a história desse grande artista. 
O pernambucano Cacá Lopes, cantor compositor e violonista, acaba de enviar a este blog "Um Cordel para Jackson", de sua autoria. Gostei. E tomara que vocês também gostem.

UM CORDEL PARA JACKSON
               Cacá Lopes

O mundo dos forrozeiros
Canta para celebrar,
O centenário de um astro
Da cultura popular,
Mestre Jackson do Pandeiro
Que fez o povo xaxar.

Feliz o Brasil festeja
Seus cem anos de idade,
Relembrando o rei do ritmo
Sua genialidade,
Comparado a Gonzagão
Nossa maior majestade.

No tronco do juremá
Ouviu O CANTO DA EMA,
Ficou lá imaginando
Como curar o problema,
De um amor mal resolvido
Sem aumentar o dilema.

O jeito foi convidar
Comadre SEBASTIANA
Pra dançar na gafieira
Todo final de semana
Mas a dança diferente
Jackson não achou bacana.

Pois a morena gingava
Pulava feito guariba,
Chamando o seu parceiro
Zé de baixo, Zé de riba,
Aí cantou UM A UM
O filho da Paraíba.

Na toada improvisada
Xaxado, coco e forró,
Com sua CABEÇA FEITA
Foi desatador de nó,
Só NA BASE DA CHINELA
Lá no seu BODOCONGÓ.

Feito CANTIGA DO SAPO
SERENOU a noite inteira,
O CABO TENÓRIO disse
Tem FORRÓ NA GAFIEIRA,
CAPOEIRA MATA UM
Sem precisar de peixeira.

O CHICLETE COM BANANA
Ele um dia misturou,
Virando um samba-rock
Todo mundo aprovou,
Cantou MINHA ZABELÊ
VITALINA adorou.

Convidou SETE MENINAS
Pra’ um FORRÓ EM LIMOEIRO,
Em CAMPINA e CARUARÚ
TUM, TUM, TUM com o festeiro
Que pôs VIOLA NO FREVO,
Num XOTE DO SANFONEIRO.

E se TEM MULHER TÔ LÁ
Mote do Paraibano,
No FORRÓ EM SURUBIM
Disse eu VOU DE TUTANO,
Porque tem muita sustança
Pra quem tem ainda plano.

Tocou TAMBOR DE CRIOULA
Em casa e também na rua,
ROSA, AMOR DE MENTIRINHA,
Quando o homem foi à lua,
Cantou de MORENA BELA
A CANTIGA DA PERUA.

Sobre o Rio de Janeiro
Fez homenagem bacana,
Em várias composições,
Devido a saudade insana,
Demonstrou isso na letra
XOTE DE COPACABANA.

Nosso Jackson do Pandeiro
Venceu na vida com garra,
Dizia que a vida era
Feito SINA DE CIGARRA,
No lugar aonde chegava
Com certeza tinha farra.

Se TEM ZÉ NA PARAÍBA?
COMO tem! Disse o artista,
Mais do que COCO DO NORTE
Zé a se perder de vista,
Feito CASACA DE COURO
Ou buraqueira na pista.

É cultuado por nomes
Da música nacional,
Na nossa “EME-PÊ-BÊ”
Um artista excepcional,
Na galeria dos astros
Há tempo é imortal.

Um dia Chico Buarque
Grande ídolo brasileiro,
Ao compor uma canção
Fez um verso bem certeiro,
E espalhou pra todo mundo:
Vá de JACKSON DO PANDEIRO!
.

NOVO ESPAÇO CULTURAL


 

Um comentário:

  1. Beleza! Este cordel foi impresso pela Coleção "Uma Acorda de Cordel" do editor José Augusto, de Mossoró-RN, em agosto deste ano e capa do Eliakim Antônio, de Agrestina-PE.

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