Os ataques irracionais dos bolsonaristas contra a
Democracia me lembraram do dia 8 de dezembro de 1980, quando radicais de
direita atiraram contra a sede da Agência Brasileira de Reportagens, ABR, no
bairro paulistano de Perdizes. Eu e uma dúzia de colegas integrávamos essa
agência. Ninguém ficou ferido, só a Democracia.
O atentado em Brasília fez-me lembrar, também, de
reportagem que publiquei na Folha, denunciando a ausência do Estado na
periferia do município paulista de Ribeirão Pires. O Estado me processou, em
1983, mas fui absolvido.
Estamos vivendo momentos perigosos e de angústia.
Essa onda de violência provocada pela direita
radical faz com que fiquemos todos em estado de alerta.
O atual ministro da justiça e e segurança, André
Mendonça, acaba de invocar a lei de segurança nacional contra o jornalista
Ricardo Noblat e Aroeira, autor de uma charge que associa Bolsonaro ao Nazismo.
Os cidadãos de bem e as entidades democráticas
não podem se descuidar do que ora ocorre em Brasília.
Quem não lembra dos ataques incendiários às
bancas de revistas, entre 1979 e 1980?
E da bomba que explodiu na Sede da OAB, em 1980?
E do atentado ao Rio Centro em 1981?
E do atentado contra o Estadão em 1983?
Não podemos nos esquecer disso nem das outras barbáries
cometidas contra a democracia no tempo da ditadura militar (1964-85).
O Brasil não pode ser tomado pelas forças
irracionais do obscurantismo.
Não custa lembrar: em 1983, a Lei de Imprensa,
foi aplicada pela última vez, acho, contra mim. À época o governador de São
Paulo era o biônico José Maria Marim, em última instância o cara que levou o
jornalista Vladimir Herzog (1937-75) à morte, nos porões do DOI-Codi.
No Brasil o presidente
Torce por ditadura
Gosta de quem não presta
E de quem presta ele tortura
Que bicho tem na cabeça?
Um vírus doido, sem cura!
Aparece na tevê
Com pinta do Grande Irmão
Aquele do George Orwell
Sujeito sem coração!
Bolsonaro quer o povo
Comendo na sua mão
Pandemia da burrice
Ataca bolsonaristas
Que aos berros vão às ruas
Detonando jornalistas
Como nos velhos tempos
Faziam os nazi-fascistas
Os bobos dançam de quatro
Como pede o presidente
É uma dança esquisita
Uma dança diferente
Como diria Gonzaga
No seu cantar inocente...
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