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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

ALBERTO NEPOMUCENO, 100 ANOS




Você já ouviu falar de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830)?
E de Carlos Gomes, hem?
Gomes nasceu em 1836. Sobre ele até escrevi um livrinho para o chamado público jovem.
Em 1836 também nasceu um cidadão de nome Juvenal Galeno.
Garcia era do Rio.
Gomes era de São Paulo e Galeno, do Ceará.
Em 1864 nasceu, em Fortaleza, um cara chamado Alberto Nepomuceno. Ele começou os estudos em Recife, para onde a família mudou-se em 1872. 
A nossa história, a história de todo mundo, dá um livro, como já foi dito. 
Nepomuceno, ainda adolescente, comeu o pão que o diabo amassou. Mas ele insistiu, porque a música e o Brasil estavam nele de forma inseparáveis. E assim foi por toda a sua vida. 
Alberto Nepomuceno teve bolsa de estudos recusada pelo Império, para estudar música na Europa. 
Sem grana, sem nada, deixou Recife, voltou por pouco tempo a Fortaleza e daí seguiu para o Rio de Janeiro. A partir do Rio, fez uma breve turnê por alguns estados nordestinos com o propósito de angariar meios para estudar na Europa. E assim foi. 
Itália, Alemanha, França. 
Em 1895, Nepomuceno voltou ao Brasil cheio de glórias e convites para mostrar em tudo quanto era lugar a obra que começou a construir desde a Europa. 
José Maurício Nunes Garcia era um cidadão pobre e que encontrou na Igreja o meio para se formar. Carlos Gomes era vintém sem valor, depois de Garcia. 
Nepomuceno também não era procedente de boas posses. 
Podemos até dizer que Garcia foi o nosso primeiro compositor erudito. 
O primeiro compositor brasileiro a ganhar o mundo foi Carlos Gomes, seguido de Alberto Nepomuceno. 
Nepomuceno foi o embrião da música nacionalista nos tópicos mais clássicos. 
E Heitor Villa-Lobos, hem? 
Nepomuceno achava que a música lírica era canto para se cantar na língua de cada país, no caso em português. Nossa língua. 
E assim pensando, assim fez quando voltou da Europa. 
Em Coelho Neto, Osório Duque-Estrada (autor do Hino Nacional) e Juvenal Galeno Alberto Nepomuceno encontrou o ponto para se firmar no nacionalismo musical. Pensamento esse que Villa-Lobos assumiu completamente. 
A propósito, Nepomuceno foi o primeiro compositor-maestro brasileiro a levar Villa-Lobos a palco. 
A história é longa. 
Alberto Nepomuceno morreu no dia 26 de outubro de 1920. Sozinho, na casa de um amigo. Pobre. 
Nepomuceno punha melodias em poemas. O último poema que ganhou melodia dele foi A Jangada, do seu conterrâneo Juvenal Galeno (1836-1931).

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