O pai e a mãe, José e Maria, abandonaram o filho Valente.
Valente era Assis.
José de Assis Valente nasceu negro e pobre e nordestino, da Bahia.
Adotado por um casal preconceituoso, Assis Valente cresceu com o coração esborrotando de mágoa.
Ele veio ao mundo no dia 19 de março de 1911. Seu torrão-berço foi Santo Amaro da Purificação. O mesmo de Caetano, Betânia e Manoel Pedro dos Santos, o primeiro cantor profissional a gravar discos no Brasil.
O menino Assis, foi crescendo, crescendo e no Natal de 1932 entrou em parafuso e compôs a obra-prima Boas Festas, em que diz:
Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim,felicidade
Eu pensei que fosse uma
brincadeira de papel
Já faz tempo que pedi
Mas o meu Papai Noel
não vem... com certeza já morreu
Ou, então felicidade
É brinquedo que não tem...
Assis Valente pulou fora da gene familiar e foi em busca de seu destino.
Com arranjo de Pixinguinha, Boas Festas foi gravada originalmente pelo argentino nacional Carlos Galhardo (1913-85), em 1933 (abaixo).
Caricaturista, Assis Valente não seguiu carreira. Era a música que o chamava para a história.
Casado em 1941, pai de uma menina, logo separou-se e, mentalmente perturbado tentou matar-se uma vez, duas vezes, três vezes...
José de Assis Valente matou-se diante do mar do Flamengo, no Rio, no dia 6 de março de 1958.
Um dia o cantor Roberto Luna, meu amigo e conterrâneo, disse que Assis Valente era uma pessoa muito agradável, muito alegre. Talvez fingisse, ressaltou Luna.
José de Assis Valente, gravado por Inúmeros intérpretes da nossa música, é um compositor ainda a ser descoberto.
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