Páginas

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

CASCUDO PEGA A ESPANHOLA (FINAL)


No baião Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, é dito que a Paraíba é uma terra pequenina. Nem tanto. A Paraíba é grande sim, senhor.
No ranking dos nove estados nordestinos, territorialmente falando, o território paraibano é o quarto entre os menores: Sergipe, SE; Alagoas, AL e Rio Grande do Norte, RN.
Mas não sobre a Paraíba que agora quero falar.
A extensão territorial do Rio Grande do Norte é de 52.811,047 km², tem 167 municípios e cerca de 3,5 milhões de habitantes. Ao sul faz limite com a Paraíba e a oeste, com ceará.
Brincando, brincando, cabem na terra de Luís da Câmara Cascudo oito Brasílias, com espaço sobrando pra quem quiser se divertir, bater continência pro Presidente Cloroquina ou, até mesmo, meter a mão no bolso do povo, isto é, no erário público.
Nestes tempos pandêmicos, tenho lembrado a assassina gripe que atacou o Brasil nos fins do segundo semestre de 1918. Muita gente morreu em todo canto, inclusive na terra de Luís da Câmara Cascudo.
A própria peste pegou cascudo, mas pelo jeito não lhe deixou sequelas. Tanto que a respeito disso ele não faz nenhuma referência em quaisquer de seus livros.
A notícia de que Câmara Cascudo pegou a gripe espanhola se acha numa nota discreta publicada no mais antigo jornal do país e da América do Sul, O Diário de Pernambuco.
Naquele tempo, de muitas doenças e poucas curas, a população foi explorada pelo comércio clandestino que anunciava remédios milagrosos, como o sais de quinino, tônicos diversos, e chás caseiros, entre outros.
Juntando isso tudo daria, talvez, um bom frasco de cloroquina para Bolsonaro beber.
Em São Paulo, os remédio milagrosos se multiplicaram.
Usaram até mel de abelha com limão e cachaça para curar a Espanhola. Vem daí, aliás, a invenção da nossa gostosíssima caipirinha.
Pois é.
Particularmente não conheço nenhuma música feita para lembrar, no Brasil, a gripe espanhola. Nos estados unidos, porém, o cantor e compositor Willie Johnson deixou sua impressão na música Jesus is Coming Soon.
A pandemia que ora assusta o mundo todo, continua crescendo na grande maioria dos municípios da região Potiguá. Natal, capital do RN, é um dos mais atingidos.
Enquanto isso, em Brasília, o Presidente Cloroquina tira onda da pandemia.

"A MARCHA DOS MORTOS"



A literatura de cordel é literatura para todos, incluindo letrados e não letrados.
Esse tipo de literatura é pu-ra-men-te pupular, mas apreciada, também, por eruditos de todos os tipos. Incluindo músicos e teatrólogos.
Há folhetos de todos os tipos. Incluindo os de ocasião, feitos nos calor do momento em que os fatos ocorrem. Eu mesmo escrevi quatro folhetos nessa linha (reprodução das capas acima).
Esse tipo de literatura chegou ao Brasil logo depois da família real, à frente dom João VI.
Um dos primeiros folhetos a cair nas mãos de brasileiros foi a Donzela Theodora, obra prima do gênero.
A primeira adaptação da Donzela foi feita pelo teatrólogo, poeta e jornalista Arthur de Azevedo. A respeito, leia mais: https://assisangelo.blogspot.com/2017/04/e-viva-sabedoria.html
Houve um tempo em que qualquer grande tema que ocupasse a atenção das pessoas virava, imediatamente, folheto.
Não sei, nesta maquininha doida chama internet deve haver muitos exemplos do que ora digo.
O cordelista era chamado comumente de repórter, por trasportar e adaptar fatos à modalidade poética "cordelística".
O jornalista desempenha uma função fundamental na sociedade.
Há poucos dias, o presidente norte americano irritou-se com a pergunta de uma repórter que o contestava com dados às mãos. Incapaz de enfrentar a profissional, o presidente virou as costas e foi embora.
O tal presidente, Trump, tem ganhado notoriedade por xingar jornalistas. O mesmo faz a sua cópia mal amanhada, Bolsonaro.
O presidente Bolsonaro acaba de voltar suas armas contra a imprensa brasileira.
Para Bolsonaro, os jornalistas provocam pânico e dão informações erradas ao povo.

Diante da pandemia  
O Presidente debochou 
Dizendo ser gripezinha  
Sim, foi isso o que falou  
Que diachos há com ele  
Perdeu a sela, endoidou? 

Seu sonho de consumo  
Atenção, muita atenção! 
É pôr tranca no Congresso  
É dar força à repressão  
Ou é mandar pra o xilindró  
Quem lhe faz oposição? 

Ele marcha para trás 
Comandando pelotão 
Incitando seus cavalos 
Contra a paz e união 
É um zero à esquerda 
À direita é Cramunhão 

Pena tudo, penam todos  
Penam jovens jornalistas  
Que quando podem perguntam 
Sobre nazi-fascistas  
Irritado Presidente 
Diz ser todos comunistas 
...

Clique: https://institutomemoriabrasil.com.br/pagina/1471804/reporter-entrevista-piolho-do-cramunhao/
Mas Bolsonaro é um mentiroso contumaz, provocador. À propósito, recomendo a leitura do belíssimo e histórico texto da jornalista Eliane Brum: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-08-07/a-marcha-dos-mortos.html