O jogo político é um jogo muito rápido.
É um jogo em que as palavras são armas.
Os políticos esgrimem palavras. Nesse jogo, muitos caem.
O jogo político é um jogo de cartas, de olho no olho.
Muitas vezes esse jogo finda em punhaladas. Pelas costas.
Há poucos dias o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o Ministro da Economia Paulo Guedes, agrediram-se publicamente. Maia dizia que Guedes era um cara despreparado para a função. Por sua vez, Guedes dizia que Maia era comprado pelas esquerdas. E assim o pau cantava, entre ambos.
No último fim de semana, os amigos do deixa-disso juntaram os dois para abaixarem as armas e altearem a bandeira da paz.
Sobrou para o bode.
A briga dos dois foi, como se diz na Paraíba, uma briga dos diabos. Diz-se: "Deu bode, entre fulano e beltrano".
Dá bode é dar confusão. E foi o que foi.
O bode é um animal que a antiguidade domesticou lá pras bandas do Oriente Médio. Nem Cristo ainda existia.
O bode, como lembra querida Anninha colaboradora do IMB, é a representação do Demo.
Lá na minha terra há a máxima segundo a qual do bode se aproveita tudo, menos o berro.
Ariano Suassuna (1927-2014) e Elomar Figueira Mello estão na nossa história como os maiores criadores e exportadores de bode no Brasil. A coisa é tão séria que Elomar, incomparável violeiro, é apelidado de Bode.
Entre os caprinos de Elomar houve um bode chamado Orellana, em homenagem ao nervoso e irritadiço conquistador espanhol Francisco Orelana (1511-46). Esse bode de Elomar (acima) virou personagem do cartunista Henfil (1944-88).
Por Orellana do Elomar/Henfil não podia ver jornal, revista, livro que comia tudo.
Elomar adora ler. Eu, também.
A paz entre Maia e Guedes foi celada com um jantar cujo o principal cardápio foi um guizado a bode.
Pois, deu bode.