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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

ÉPOCA DENUNCIA ESQUEMA DA ABIN-BOLSONARO

Amigo leitor você já leu a matéria de Guilherme Amado publicada na última edição da Revista Época ?
O jornalista traz à tona informações bombásticas contidas em relatório da Agência Brasileira de Inteligência, Abin.
Segundo o que se lê, as informações colhidas pela Abin visavam orientar os advogados do senador filho de Bolsonaro, Flávio, que continua enrolado mais do que rabo de porco no tal caso das "Rachadinhas" do tempo em que ele era deputado do Rio de Janeiro.
Flávio é acusado de integrar esquema de desvio de verba pública. Isso é crime. Crime também é o governo fazer uso de equipamento do Estado para proveito próprio e de apaniguados.
Não dá pra esquecer que o atual presidente da República foi eleito com discurso de moralidade, honestidade etc.
Existem engavetados, na Câmara, pelo menos cinco pedidos de abertura de Impeachment contra Bolsonaro.
O caso aqui revelado pela Época é cabeludo. Cabeludíssimo.
Por muito menos Collor e Dilma foram obrigados a deixar o governo.
Collor renunciou pra não ser impeachado. E Dilma...
A respeito desse grave assunto, o presidente da República ainda não disse nada. Ele gosta mesmo é de dizer absurdos contra a pandemia provocada pela Covid-19. A última trata de um "kit-covid": hidroxicloroquina e azitromicina. Que será distribuído nas farmácias populares. O detalhe é que essa brincadeira está orçada em 250 milhões de reais. Pode?
Ainda bem que a Imprensa livre é pró-sociedade. 

CONFISCO DE VACINA

Incrível! Agora o governo anuncia, através do seu ministro general da Saúde, que está preparando documento que visa o confisco de vacina contra a Covid-19. Parece brincadeira, não é mesmo? É Bolsonaro atirando no seu oponente político, João Dória. E o povo, como fica nessa, hein? 

Kafka deve estar morrendo de rir, na sua tumba.

NEGRO NO PASSADO, NEGRO NO PRESENTE

Há momentos em que a morte chega para salvar.
Negrinha não tinha nome de batismo, nem de cartório. Nem pai, nem mãe. Ficou órfã e aos 7 anos foi adotada por uma senhora viúva e rica, sem filhos. Essa senhora, Inácia, era o cão em pessoa.
Católica, Inácia costumava receber na sua ampla casa pessoas de destaque na alta sociedade. Inclusive o vigário, de cuja a Igreja ela fazia gordas doações.
Para o vigário, essa senhora era uma santa.
A pequena Negrinha passava horas e horas que nem um bichinho abandonado, sem dizer palavra nos cantos de parede. O seu divertimento era o cuco da parede que saía de hora em hora pra cantar a hora. Sempre de cabeça baixa, mal vestida, mal tudo, Negrinha andava que nem uma sombra no casarão de quem a adotou.
Mas Negrinha não nasceu para viver.
Negrinha servia mais pra receber croques de Dona Inácia, que adorava fazer isso. Era viciada nisso.
No dia em que a Inácia não dava croques na pobre Negrinha, sempre caladinha e acuada, ficava irascível, nervosa, soltando impropérios.
Negrinha não servia pra nada, só pra receber croques. E xingamentos.
Ah! E tem a cena do ovo. Chocante! Não, não vou contar.
Um dia chegam à casa duas belas sobrinhas da Inácia.
Os serviçais descarregaram baús de brinquedos das duas meninas. Brancas, claro. Estavam de férias.
Entre os brinquedos, brinquedos de todo o tipo, havia uma boneca que só faltava falar e cantar.
Negrinha ficou encantada com o que via. Enfeitiçada.
Foi ali, num momento mágico, que pela primeira vez o rosto de Negrinha iluminou-se com um sorriso.
À distância, Inácia a tudo observava. Devagar, aproximou-se e autorizou que Negrinha brincasse com suas sobrinhas. E assim foi feito.
Mas o dia da partida das meninas chegou e a boneca foi junto com elas.
Se já era triste por natureza, triste ainda mais ficou Negrinha com a partida da "sua" boneca.
E nem uma semana se passou, quando a morte chegou e levou Negrinha cheia de tristeza.
Essa história que aqui reconto é do original paulista Monteiro Lobato.
O livro em que Monteiro conta essa história foi publicada em 1920. A personagem dá título ao livro, que é de contos.
Negrinha me fez lembrar a história de duas primas mortas por um único tiro de fuzil, há exatamente uma semana. Foi no Rio de Janeiro, numa favela. E até agora o autor do tiro que acertou as duas meninas, uma de 4 e outra de 7 anos, não foi identificado. Mas indícios fazem crer ser o autor um policial.
Por que balas perdidas acertam tanto pessoas negras, hein?
Ainda há muitos pontos comuns entre a sociedade escravocrata e a sociedade de hoje.
Alguém aí pode explicar por que ainda se mata tanto pardos e negros, na nossa sociedade?

CASCUDO, UM MESTRE DO SABER

 Luís da Câmara Cascudo foi o mais importante estudioso da cultura popular brasileira. Falava várias línguas, inclusive a do amor e da compreensão entre os seres.

Eu tive a alegria de privar da sua atenção, da sua amizade, do seu carinho. Leia: ESPECIAL J&Cia: LUÍS DA CÂMARA CASCUDO