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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

NOSSA LÍNGUA, NOSSA PÁTRIA

Meu amigo você sabe
O que é o popular?
É um jeito de dizer
Ou é um jeito de falar?
Palavrinha e palavrão
É cultura popular?

Você meu amigo, você minha amiga, sabe quem é o seu Jonas?
Eu não conheço seu Jonas pessoalmente, mas o que sei sobre ele é algo maravilhoso.
Seu Jonas é baiano e tem 95 anos de idade. Figuraça. E fala pelos cotovelos. Diz histórias de ontem para o hoje dos seus filhos, que ficam encantados.
Outro dia, neste Blog, escrevi o termo "afunhenhado".
Até aí, nada demais.
Ocorre que uma das filhas de seu Jonas, Cilene, viu nesse termo uma identificação de linguagem do pai.
Achei graça.
O linguajar dos nordestinos é um linguajar diferente, com sotaques diferentes. Eu gosto.
Num ano qualquer do século passado, a cineasta Tizuka Yamasaki dirigiu uma belíssima peça intitulada Memórias de Embornal.
O ator desse monólogo era o mineiro Jackson Antunes.
Esse monólogo começa com um texto em off extraído de um livro meu e de Téo Azevedo intitulado Dicionário Catrumano (reprodução da capa do livro, acima).
Você sabe o que é afunhenado?
Você sabe o que é oxente?
Você sabe o que é tinindo?
Você sabe o que é aluado?
E rapagariga, você sabe o que é?
E aperreado, hein?
Lampião foi acoitado por muita gente. O que isso quer dizer?
E afolozado?
E fulerage?
Pois é, o Brasil tem uma língua só, grosso modo falando.
Vários sotaques e etnias nos enriquecem.
A língua é a fala de um povo.
A língua é o que nós somos.
Um país sem língua, é um país sem voz, mudo, sem propósito.
A língua é vida, muito além da boca.
Há a língua culta e a língua do povo.
Estou com as duas.
O poeta carioca Olavo Bilac (1865-1918) gerou uma obra-prima em soneto sobre a nossa língua, a língua que falamos. Leia: A ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO
A língua que falamos é a língua pela qual nos entendemos. Desde expressões como afunhenhados a tinindo.
É isso, seu Jonas?

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