O amigo diz:
- A situação tá braba, num tá?
Eu:
-Tá. Poderia ser mais leve, né?
Leveza por leveza é algodão.
Houve um tempo que algodão era chamado de "ouro branco", no Brasil. O café e o petróleo, de "ouro negro".
O Brasil sempre foi um pobre país rico, abusado por tudo quanto é político. Poderosos. Mesmo assim, continua rico, mesmo com o seu povo pobre. Passando fome e até morrendo, principalmente nestes atuais, horrorosos, de Nova Coronavírus e COVID-19.
Há pouco o amigo chargista Fausto telefonou pra dizer da tristeza que sente pelos rumos que seguem nossa política.
Ele:
-Nossa esperança está nas urnas. Não votei no Bolsonaro e muitos que votaram nele certamente estão arrependidos. Bolsonaro não é louco. O que ele não tem é sentimento para compreender e acudir as pessoas mais necessitadas do nosso país. Enfim, foi ele quem disse: "um dia todo mundo vai morrer".
Fausto é um cidadão consciente do tempo em que vive.
Ontem 14, no meio da noite, a querida cantora e compositora Anastácia, pernambucana da cepa, telefonou pra dizer da tristeza que é a Pandemia que ora está destruindo o mundo. Mas sempre levada pela otimismo que a caracteriza, contou: "acabo de gravar participação no novo disco de Sérgio Reis. Cantamos juntos Eu Só Quero Um Xodó. Foi lindo, menino!"
E pra você ver, ela continuou:"o Sérgio é bolsonarista, mas é uma pessoa maravilhosa".
Concordo plenamente. E é assim que tem que ser.
Pouco antes da desgraça pandêmica que nos ataca, recebi aqui em casa o cantor e compositor Eduardo Araújo, figura maravilhosa, também apoiador de Bolsonaro. E daí? Cada qual é cada qual e o respeito nos une.
A beleza da democracia está no fato de as pessoas sensíveis e inteligentes, respeitarem-se multuamente.
Vital Farias e Oswaldinho da Cuíca são bolsonaristas, mas isso não impede de serem meus amigos. Ora!
Horas antes de Anastácia telefonar, telefonou-me o cantor e compositor piauiense Jorge Mello.
Jorge tem uma trajetória artística muito bem construída. Ele compõe com esmero. Sabe o que diz na sua poética musical. Mas é uma poética apolítica, como apolítico é ao autor. "Onde tem política, pulo fora", diz.
Jorge, para os padrões normais, é um ser esquisito.
Jorge não escreve prefácio pra ninguém, não costuma telefonar pra ninguém, é isolado no seu canto onde mora numa chácara, em Embu-Guaçu,SP, e nunca sentou-se numa poltrona de platéia. Quer dizer: nunca assistiu a um espetáculo de quem quer que fosse. "Eu sou de palco.Depois do show atendo em fila a quem me procura e vou embora".
Além de artista, Jorge Mello é advogado especializado em Direitos Autorais. "Vivo bem", garante.
Quando me telefonou, mostrava uma tanto emocionado. Mesmo depois de dizer que sentimento não é com ele. E declamou, declamou, declamou.
A vida é mesmo assim: a gente nasce, vive e morre.
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