O Novo Coronavírus, que num passe de mágica transforma-se em COVID-19, está pegando todo mundo. Todo o mundo.
O número de mortes provocado pela Covid-19 já matou pra lá de 2 milhões. Só nos EUA, mais de 500 mil. No Brasil, mais da metade de 500 mil.
É muita gente morrendo sufocada, não é mesmo? Triste, muito triste.
Indiferente a essa desgraça, esse pandemônio, o presidente Bolsonaro fecha os olhos e dá de ombros como se nada tivesse ocorrendo no nosso solo pátrio.
Bolsonaro, ao contrário do que deveria fazer joga absurdamente contra a população brasileira. Ele só pensa naquilo, isto é: reeleição.
Como se vê, o Brasil é um barquinho de papel flutuando sem rumo num mar em tempestade.
Até quando o presidente da República continuará à solta, cometendo crimes contra nós, hein?
Quando o número de mortes provocada pela Covid-19 chegou a 100 mil, escrevi um poema.
Quando o número de mortes chegou a 200 mil, escrevi um poema.
Quando o número de mortes chegou a 250 mil, escrevi um poema.
Confira abaixo os poemas que fiz para marcar a tragédia que é a Covid-19:
Quem foi que disse que música não tem a ver com política? Tudo é política, já dizia o dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956). A música popular é riquíssima, no Brasil e no mundo inteiro. A música popular registra tudo que se passa com o popular, quer dizer: com o povo, com a vida do povo. Em 1952/53 o Nordeste vivia mais uma seca terrível. Naquele tempo, o Brasil tinha 22 Estados. Mas o governo não dava bola ao Nordeste, como hoje. Não era brinquedo o que o Nordeste vivia naquele tempo, com o sol torrando a terra nada sobrevivia. A não ser a esperança, que não morre à toa. O abandono era total. Cada um por si. Mas os nordestinos sobreviviam, como costumam sobreviver a todas as intempéries. Políticas, inclusive. O gaúcho Getúlio Vargas, caudilho, tomou o poder em 1930. Em 1937, ele deu mais um golpe: Estado Novo. Em 1939, Hitler assustou o mundo invadindo países e matando gente. Getúlio virou seu aliado. No ano de 39, um pernambucano preto e semi-analfabeto deixava as fileiras do Exército para se aventurar nos puteiros do Rio de Janeiro. Era sanfoneiro: Luiz Gonzaga. Em 1945, Getúlio foi obrigado a renunciar à presidência. O governo que substituiu Getúlio, Gaspar Dutra, foi breve. Durou quatro anos. Em seguida, Getúlio voltou pela força dos Diários Associados do magnata da Imprensa Assis Chateaubriand (1892-1968). Até então, na nossa música, ninguém ousara expor as mazelas do País. A não ser, timidamente, o embolador Manezinho Araújo (1910-1993). Manezinho estreou no mercado fonográfico em 1933, com Se Eu Fosse Interventô e Minha “Pranta Forma”. LEIA MAIS: MANEZINHO ARAÚJO E O HINO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Em 1953 o Nordeste comia o pão que o Diabo amassava. Destemido, o pernambucano de Carnaíba, José Dantas, filho de outro José e Josefina, centrava-se nas amarguras do seu povo e compunha Vozes da Seca.
Vozes da Seca, um baião, foi a primeira música constante da discografia brasileira que denunciava aos ouvidos do grande público as mazelas vividas pelo povo nordestino. No Congresso, um Deputado levantou-se para dizer que essa música tinha a força de qualquer discursos contra fome, a seca, a dor e todas as demais mazelas sofridas por um povo abandonado pelo poder público.
Logo depois de Dantas, veio outro pernambucano chamado Luiz Vieira. No poema, Se Eu Pudesse Falar, denuncia também o sofrimento do povo pobre.
Getúlio matou-se com um tiro no peito em 1954. Cinco anos depois Gonzaga gravaria uma música de engrandecimento às riquezas do País: Marcha da Petrobrás. Zé Dantas foi um dos mais conscientes cidadãos pernambucanos. Intelectual de boa cepa. Foi médico, mas encontrou no viver da simplicidade a grandeza de um povo que retratou em mais de 40 composições gravadas por Luiz Gonzaga. Os dois se conheceram em 1947, em Recife, mesmo ano em que conheceu sua primeira e única mulher, Iolanda Simões, com quem teve três filhos. Detalhe: a primeira música de Zé Dantas foi feita em homenagem à sua mulher, à época namorada. Título: Flor Ingrata, que foi gravada muitos anos após a morte do autor... LEIA: NO CÉU MAIS UMA ESTRELA, IOLANDA DANTAS • ZÉ DANTAS, REFERÊNCIA GONZAGUEANA Em 1949, Gonzaga gravava a primeira música de Zé Dantas: Vem Morena, cujo o título original era Resfolego da Sanfona. Nome completo desse cidadão nascido de Carnaíba: José de Souza Dantas Filho, nascido no dia 27 de fevereiro de 1921.