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sexta-feira, 9 de abril de 2021

JORNALISTAS&CIA FAZ EDIÇÃO HISTÓRICA

Neste mundo torto de homens de dinheiro, "poderosos", que se acham maiores do que Deus, faz-se importante divulgar cada vez mais gestos e ações de pessoas brilhantes e comuns como o do goleiro Wagner do Campinense, PB, que num gesto espontâneo de grandeza dobrou-se ao próprio tamanho para uma entrevista ao repórter Rogério Roque, de João Pessoa, PB.
Foi tudo muito natural. E bonito. 
Essa naturalidade foi vista por gente do mundo todo, em 2019.
A última edição do newsletter Jornalistas&Cia é dedicada aos jornalistas portadores de algum tipo de deficiência física, visual e tal. É nessa edição que se acha o belíssimo e tocante depoimento do repórter Rogério sobre o cidadão Wagner.
O que o newsletter Jornalistas&Cia fez foi algo histórico, pois até hoje nenhum órgão da Imprensa jogou o olhar e luzes a esse mundo habitado por profissionais portadores de "defeito de fábrica" ou "defeitos" adquiridos no decorrer do tempo como eu, aliás.
Brilhante essa edição. Leia-a, na íntegra: ESPECIAL J&CIA: Dia do Jornalista

VIVA O NORDESTE EM SAMPA!

São Paulo é uma terra gigante, de gigantes.
São Paulo é uma Babel, de gigantes nordestinos. Homens e mulheres, lembremos. Pretos e brancos, altos e baixos, todos.
Pelo menos 3,5 milhões de nordestinos habitam o território paulistano. 
Eu, Tom Zé, Jarbas Mariz, Cacá Lopes, Costa Sena, Darlan Zurc, Carlos Silvio, José Cortez, José Nêumanne, Luiza Erundina, Zeca Baleiro, Luiz Wilson, Gereba, Chico César, Anastácia e uma "galera do barulho", como diz Anninha da Hora.
Eu sou de lá, e por ser de lá como lembrava o compadre Dominguinhos em gravação "reincidente" de Zé Ramalho, cá estou em Sampa desde 1976.
Ô cidade boa.
Aqui desenvolvi a carreira de jornalista iniciada em João Pessoa, PB.
Aqui encontrei e reencontrei muitos conterrâneos, Vandré, Hermeto, Roberto Luna e tantos e tantos.
O professor e amigo Anderson telefona pra dizer que seu pai Luiz Gonzaga Sobrinho está completando 60 anos de idade. Já passei por isso.
Seu Luiz Gonzaga, homônimo do Rei do Baião, nasceu no município potiguar de Bom Jesus. Chegou em São Paulo em 1974 e cinco anos depois casou-se com sua conterrânea Elza, com quem gerou três filhos: Emerson, Anderson e Robson.
Seu Luiz, pai desses meninos aí, é o nordestino que honra o torrão paulistano.
E assim do nada, de repente, Anna da Hora que ora me escuta pergunta: "E a Tia Ciata do samba, era nordestina?".
Pois é, que pergunta!
Hilária Batista de Almeida (1854-1924), por todos chamada por Tia Ciata, nasceu na Bahia e viveu a vida toda no Rio de Janeiro. Foi na sua casa famosa que o samba deu os primeiros passos, ainda agarrado às pernas do maxixe: Pelo Telefone.
Ouça na voz do primeiro cantor profissional do Brasil, Bahiano: 

 

MEU CARO AMIGO

Amigo Juca, senti saudade e cá estou a escrever o que se passa por aqui.
Eu ia mandar esta carta pelo Correio, mas o Correio esta cada vez pior. 
Pois bem, a coisa não tá mole. Parece que tá todo mundo doido. 
O povo reclama do governo e o governo reclama do povo. Pode?
A doidura é geral. 
O motivo disso é a pandemia da Covid.
Já não dá nem pra sair, porque o medo é grande. Óbvio. 
A molecada sem ter o que fazer, tá enchendo a cara nas baladas da vida.
Quanta irresponsabilidade.
E aí em Portugal, é a mesma coisa?
As "meninas da vida", veja você, manifestaram há pouco em Minas o temor apavorante que tem do vírus. Estão certas. Rogam as autoridades sanitárias que as incluam na programação onde se acham as pessoas na linha de risco.
Estão falando sério, viu, ameaçam greve. É sério. Esse negócio de prazer pode dar lucro, mas o risco é danado.
A situação por essas plagas é assustadora. 
Veja só, meu amigo, os botecos estão fechados, as praças estão fechadas, os parques estão fechados, quase tudo está fechado, menos a bocarra do presidente Bolsonaro. 
Da boca de Bolsonaro, você já sabe, só sai porcaria, acusação contra inocentes e tal.
Agora mesmo ele voltou a sua ira contra o ministro Barroso, do STF. 
Por que fez isso? 
Ontem 8 no começo da noite, o Barroso atendeu ação de senadores para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, desse por aberta a CPI da Covid-19. A ideia é atender a responsabilidade de quem não agiu nem age contra esse maldito vírus transformado em pandemia. Claro, todo mundo sabe que o Bolsonaro é o culpado disso tudo, pois não tomou as providências cabíveis contra a pandemia.
O que acho disso?  
Acho que o presidente é o principal culpado pelas mortes de brasileiros desassistidos por ele.
E acho também que ele deve pagar por isso.
Eu sinto muito pelos outros e por mim também, mais pelos outros. 
Eu já não vejo com os meus olhos, por isso não poderia sair sozinho, nem a pau. 
Nesse tempo pandêmico aproveito para ouvir livros, ouvir rádio e ora ou outra o noticiário da TV.
Só se fala em pandemia, em pobreza, gente passando fome, perdendo emprego e a esperança. 
Agora tão brigando por futebol. Pois é, futebol.
Ah, eu ia me esquecendo, o Maracanã não trará mais o nome de Pelé.
Um abraço. 
Os meninos mandam lembranças.