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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (1)

Para Tom Zé, antena viva da musicalidade paulistana.

Jornalistas&Cia e Portal dos Jornalistas encontraram um jeito diferente de homenagear São Paulo neste seu aniversário de 468 anos: em prosa, verso e música. E o autor da façanha é o jornalista, escritor, cordelista, letrista e estudioso da cultura popular brasileira Assis Ângelo, dono de um acervo que contabiliza mais de 210 mil itens, entre discos (dos mais antigos 78 rpm aos CDs, passando pelos de vinil), partituras, livros, esculturas, pinturas, cordéis e tudo o que se pode imaginar de manifestações culturais produzidas no País. 

Assis estudou por quase três décadas as canções que de algum modo exaltam São Paulo, sua gente, seus costumes, seus bairros, suas mazelas, e catalogou nada menos do que 3 mil delas, compostas por centenas de artistas. Tem compartilhado esse estudo e esse conteúdo em exposições, instalações culturais, palestras, entrevistas e resolveu agora compartilhá-lo neste Jornalistas&Cia e no Portal dos Jornalistas, presenteando os leitores com um pouco dessa singela jornada, em que mostra como a música, a poesia e a literatura, de um modo geral, fazem um bem danado para a cidade e sua gente. 

Neste especial, além de contar um pouco dessa jornada, Assis nos brinda com trechos de gravações de históricas entrevistas que fez ao longo de quase 50 468 anos de transpiração e inspiração São Paulo anos de carreira, com alguns dos mais ilustres nomes da cultura popular brasileira, gente que já se foi, como Nelson Gonçalves, Paulo Vanzolini, Silvio Caldas e Zica Bérgami, entre outros, e outros que aqui ainda estão. Esses aceitaram o convite de mostrar o amor e o carinho que têm pela cidade, que ao longo de seus 468 anos, tem conseguido harmonizar as mazelas de uma sociedade desigual com a esperança de um mundo melhor, impedindo que o concreto, o asfalto, a miséria, a violência, as doenças infectem o espírito dos milhões que aqui vivem e que encontram na cultura e na arte um fio de esperança para apaziguar as tensões e os problemas do dia a dia e para elevar a alma e enlevar a mente, na busca de uma vida plena, melhor, mais doce e suave. A edição traz ainda a transcrição da entrevista que ele fez em novembro de 1980 com Adoniran Barbosa, ícone maior da música paulistana. 

Só que Assis, com a autoridade de quem estuda há décadas, com afinco, a cultura popular, tendo São Paulo como seu grande farol, revela: “A cidade de São Paulo não tem um hino oficial. É a única das grandes capitais brasileiras que não tem seu hino. E quero aqui fazer uma conclamação, um desafio: que a Prefeitura e a Câmara Municipal se unam para dar à cidade o hino que ela tanto merece. Seja via concurso público ou mesmo eleição das canções que ganharam os corações e as mentes dos paulistanos”. 

Desafio feito, deixamos agora nossos leitores com esse especial histórico, que mostra São Paulo em prosa, verso e música. 

Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli

Boa leitura!

A maior e mais importante cidade do Brasil e da América do Sul ainda não tem hino oficial

Mais de 7.500 compositores de várias partes do Brasil, e até do estrangeiro não ficaram indiferentes ao que viram e sentiram sobre a capital paulista. Dos mais famosos, por exemplo, Carlos Gomes, Chiquinha Gonzaga, Cornélio Pires, Ary Barroso, Tom Jobim, João de Barro (Braguinha), Taiguara, Rita Lee, Chico, Gil e Caetano, Luiz Gonzaga, Billy Blanco (autor da Sinfonia Paulistana − 1978), Tião Carreiro, Raul Torres, Teixeirinha, Eduardo Gudin, Carlinhos Vergueiro, Geraldo Filme, Jarbas Mariz e uma citação especial a Elza Soares, que cantou a cidade em várias canções. Certa vez, ali pelos fins dos 1980 e 1990, brincando o rei da embolada Manezinho Araújo soltou para mim uma quadra singular: São Paulo é Paulo/De São Paulo eu vim de lá/Quem não gosta de São Paulo/Do que é que vai gostar?

Lembrando isso, desse encontro com Mané na casa dele, contei ao maestro e ao professor de música da Universidade da Paraíba Jorge Ribbas e ele, de bate-pronto, tomou o mote em desafio e desenvolveu a embolada que abre este texto.

São Paulo é Paulo, de São Paulo eu vim de lá quem não gosta de São Paulo, do que é que vai gostar?

No universo tem estrela, tem planeta não me venha de veneta procurar qualquer lugar

Precisa mesmo achar o seu paraíso de tudo que for preciso você pode desfrutar

São Paulo é Paulo, de São Paulo eu vim de lá quem não gosta de São Paulo, do que é que vai gostar?

Nessa cidade todo mundo se reúne tantas são as competências que você vai encontrar

Eu desafio, meu amigo, minha amiga encontrar outra cidade mais gostosa de morar

São Paulo é Paulo, de são Paulo eu vim de lá quem não gosta de São Paulo, do que é que vai gostar?

Lá tem poeta, cantador e seresteiro tem sambista, jornalista, todo tipo de lidar toda ciência traduz a malemolência paulista ou são paulistano – nortista, do estrangeiro,

Pode vir de outro planeta – que se engraça do lugar

São Paulo é Paulo, de São Paulo eu vim de lá quem não gosta de são Paulo, do que é que vai gostar?

São Paulo é Paulo − Autores: Manezinho Araújo e Jorge Ribbas

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