Do velório e sepultamento do corpo do compositor e instrumentista carioca José Barbosa da Silva, o Sinhô, participaram boêmios, atores, músicos, poetas, malandros e prostitutas. O ponto de "encontro" da plebe rude ocorreu na capela do cemitério São Francisco Xavier, no Rio. Isso no dia 4 de agosto de 1930. Poucos meses antes do gaúcho Getúlio Vargas assumir o poder depois de um golpe que vitimou conhecidos políticos da época.
O poeta Manuel Bandeira (1886-1968), que também compareceu ao velório, escreveria depois num dos seus livros, Crônicas da província do Brasil, o seguinte: "…o que há de mais povo e de mais carioca tinha em Sinhô a sua personificação mais típica, mais genuína e mais profunda".
O poeta pernambucano tinha toda razão no que disse, pois Sinhô era um grande personagem da vida cultural e boêmia do Rio daquele começo de século.
Há muitos causos e curiosidades em torno de Sinhô.
É atribuída a Sinhô, por exemplo, a frase famosa que diz: "Música é que nem passarinho: é do primeiro que pegar".
Frequentador assíduo da casa da quituteira baiana Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata (1854-1924), Sinhô reivindicava para si, como outros compositores, a autoria do samba amaxixado Pelo Telefone, registrado na Biblioteca Nacional em 1916 por Ernesto dos Santos, o Donga (1889-1974) e Mauro de Almeida (1882-1956), repórter da crônica policial à época trabalhando no JB, jornal onde o paulista José Ramos Tinhorão iniciou sua carreira com artigos sobre o samba e sambistas, como Sinhô e Donga.
Sinhô deixou dezenas e dezenas de composições, muitas delas transcritas em partitura.
A primeira composição de Sinhô, Quem são eles?, foi gravada para o Carnaval de 1918, pelo cantor Manuel Pedro dos Santos, o Bahiano. Ouça:
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