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sábado, 15 de janeiro de 2022

NÊUMANNE ENTREVISTA O BAIANO CARLOS SÍLVIO

 A vida é de uma grandiosidade inexplicável. Insuperável é a vida nos momentos todos que ela nos oferece.

A vida é vida.

Bobos são aqueles que acham-se acima da vida.

Há muita gente boa nessa vida, meu Deus do ceu!

O poeta Thiago de Mello partiu ontem 14 para a eternidade.

Thiago de Mello, pai de Manduca, entendeu tão bem a vida que, na vida, estendeu-se até os 95 anos. De idade.

A vida é vida.

Qualquer filósofo de esquina, popular, dirá que vida é vida.

O colega jornalista José Nêumanne, paraibano que nem eu, vive e inventa vidas e vidas.

O Nêumanne é tão grande que nem precisa falar de vida...

Meus amigos, minhas amigas, acompanhem a entrevista que Nêumanne faz com o bom baiano Carlos Sílvio: https://www.youtube.com/user/jneumanne (canal do Nêumanne).

Para tristeza de quem pensa, para tristeza d e quem gosta da vida...

É inacreditável a notícia de quem o poeta amazonense que o  poeta Thiago de Mello morreu. Mentira!

Thiago de Mello não morreu. Não é verdade, Nêumanne?


É tempo de Folia de Reis

 

Para marcar este período do ano, em que muitas regiões do País festejam a Folia de Reis, Assis Ângelo conversou com o octogenário mineiro Carlos Felipe Horta, jornalista, historiador, folclorista, grande conhecedor de música, seresteiro e escritor. É autor, entre outros, de Téo Azevedo, um poeta cantador, Alegria, alegria: as mais belas canções de nossa infância, Minas ao luar: canções, Quilombolas de Minas Gerais − Uma metodologia de resgate de identidades e O grande livro do folclore. Assis Ângelo − Na cultura popular o que mais se destaca? Carlos Felipe Horta − A cultura popular é uma colcha de retalhos, cada um deles com um formato, um colorido e modos diferentes de existir. Há as crenças populares, a religiosidade, a música, a literatura do povo, o artesanato, os folguedos e danças, a medicina, o conhecimento das plantas, a visão do sobrenatural, a consciência da vida e a perspectiva do que virá depois; tudo isso e muito mais está dentro da cultura popular. Nela, cada agente, uma pessoa comum, tem um universo dentro dele, resultado de séculos de aprendizado e acumulação de conhecimentos. Geração após geração, tudo vai se incorporando num HD milagroso e fantástico. E ele, o agente, mesmo que não saiba a razão, é e será sempre o conservador e guardador do que lhe deram e que ele vai transmitir para os que vierem depois dele. Mesmo sem uma noção consciente do que está fazendo. E nisso não há este ou aquele fator mais importante. A cultura popular é um todo. Assis − Quais os estados que mais praticam e alimentam a cultura popular? Horta − Evidente que não conhecemos tudo o que gostaríamos de conhecer sobre o Brasil e sua relação com o folclore e a cultura popular. Mesmo assim, arriscamos dizer que o povo brasileiro, como um todo, pratica e alimenta a sua cultura mais intrínseca. Mesmo com a falta de apoio de órgãos oficiais e, mais ainda, de setores econômicos, publicidade e até de entidades que, embora integrem setores culturais, não conseguem vislumbrar a importância do folclore como uma legítima representatividade de alma popular. Mais ainda: estamos assistindo a um verdadeiro genocídio por parte de grupos que tentam dar ao folclore um sentido diabólico. Com tudo isso, repetimos, o Brasil inteiro pratica e É tempo de Folia de Reis Carlos Felipe Horta alimenta a cultura popular. Com um detalhe importante. Há muitos brasis no Brasil, cada um deles mantendo aspectos próprios, frutos de sua formação étnica, sua história, sua economia e até sua geologia. Como querer que o habitante da Amazônia tenha a mesma cultura do paulistano, do mineiro, gaúcho e nordestino? Em um mesmo estado encontramos diversidades e aspectos regionais completamente diferentes. Isto, talvez, seja a coisa mais importante da cultura popular brasileira. Ela é rica demais e, mesmo enfrentando os problemas naturais das transformações socioeconômicas, políticas e históricas, consegue dar ao Brasil algo que poucos outros países possuem: uma multiplicidade cultural numa unidade nacional. Assis − Como se guarda a Folia de Reis no Brasil? Horta − O povo guarda. Mesmo com todas as dificuldades, enfrentando as mudanças sociais e políticas, as folias resistem. É o caso de Minas Gerais, onde pesquisa feita pelo IEPHA/MG constatou a existência de mais de quatro mil grupos de folia. Evidente que a pandemia, com todas as suas consequências, deve estar provocando a morte de algumas delas, mas, como aprendemos ao longo de décadas de vivência no meio da cultura popular, elas vão resistir. Assis − Qual a importância da Folia de Reis na cultura brasileira? Horta − A Folia de Reis tem seus segredos e mistérios e um deles é ser mais presente no meio do povo simples. Para este povo, mesmo que de modo inconsciente, ela faz parte de sua vida. E eu me lembro muito bem de um tio meu, na velha Santa Cruz das Areias, minha terra, hoje Fortaleza de Minas. Mais velho, ele tinha reumatismo e problemas de locomoção. Mas quando chegava o Natal, ele ia para a rua com a sua folia e dançava até o dia 6 de janeiro. Coisa milagrosa mesmo. Se ele não dançasse, a vida perdia o sentido. Ele me ensinou muitas cantigas e rezas e sempre dizia: “A folia é a alegria de todos nós”. Talvez seja esta a explicação mais clara do que é a folia. É alegria do povo. Como outros folguedos, claro, mas a própria palavra “folia” já diz praticamente tudo.

Repentismo e cordel são patrimônios da cultura imaterial

O ano de 2021 terminou com a poesia de improviso ao som de viola e a literatura de cordel definidos e chancelados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônios da cultura imaterial do Brasil. Os repentistas, como são chamados os improvisadores de poesia à viola, e cordelistas consideram isso uma grande vitória. Fazia tempo que esses profissionais aguardavam com ansiedade tal decisão do Iphan. O repentismo, como o cordelismo, são heranças distantes, trazidas pelos portugueses para o Brasil. Em Cinco livros do povo, o autor, Luís da Câmara Cascudo (1898-1982), encontra- -se a informação de que a poesia de improviso feita ao som de viola data de tempos de antanho, surgida num ponto qualquer do Oriente Médio. Antes de enraizar-se em Portugal, esse tipo de arte popular ganhou firmeza em Provença (França). A literatura de cordel pode ter surgido na Espanha. O romance Donzela Teodora ganhou forma impressa no começo de 1700. A donzela, na origem, era uma personagem negra vendida como escrava em Tunis. Sua história chegou ao Brasil por volta de 1815. A propósito, a primeira versão dessa história foi feita pelo paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918). A poesia ao som de viola ganhou raízes brasileiras em Teixeira, interior da Paraíba. A história é longa e muito bonita.

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