Existem pérolas no repertório da nossa música popular relacionadas à morte.
Num ano que não me lembro com firmeza, conversei e bebi bastante com o craque Nelson Cavaquinho.
Nelson tem obras-primas que fazem alusão à morte. Particularmente encontro enorme identificação com os sambas Quando Eu Me Chamar Saudade e Juízo Final. Quando Eu Me Chamar Saudade diz:
Sei que amanhã, quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha um bom coração
Todos os grandes compositores cantaram a morte. Chico, por exemplo, disse na canção Funeral de Um Lavrador baseada na peça Vida e Morte Severina, do pernambucano João Cabral de Melo Neto:
Esta cova em que estás com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio...
Nessa mesma linha e batuque, em 1951, a paulistana Inezita Barroso estreou em disco com a canção Funeral de um Rei Nagô, de Murilo Araújo e Hekel Tavares. Ouça: https://youtu.be/jsd1OtCJKJo
Falei do Chico e também posso falar do Gil, Caetano e Vandré cantando a morte. Gil:
Não tenho medo da morte
Mas sim medo de morrer
Qual seria a diferença
Você há de perguntar
É que a morte já é depois
Que eu deixar de respirar
Morrer ainda é aqui
Na vida, no Sol, no ar
Ainda pode haver dor
Ou vontade de mijar...
E o mano Caetano, disse:
Como se faz um atchim
E de supetão
Lá vem o rabecão...
E Vandré, hein?
Nas músicas Réquiem para Matraga, Disparada e Terra Plana, Geraldo fala de morte com todas suas cinco letras e consequências gerais. Diz ele em Terra Plana:
... Se um dia eu lhe enfrentar
Não se assuste, capitão
Só atiro pra matar
E nunca maltrato não...
No dito rock brasileiro há letras bastantes interessantes do tema morte.
Renato Russo e Cazuza, por exemplo, falaram muito sobre o tema.
Renato:
Os mortos não podem voltar
Os mortos não vão mais falar mal de vocês
Nem da madeira, nem do ferro em brasa
Choques elétricos e ameaças
Crianças que desaparecem
Frases perfeitas, palavras cegas
Escritas em cartazes tropicais
Cadê meu pai?
Meu irmão?...
E por aí vai. A história é longa.
Tudo há o que se procurar na discografia brasileira, desde de o começo do século 20. Sim, não podia aqui deixar de falar da gauchinha Elis Regina. Ela cantou com a beleza da sua voz a cantiga Lapinha. É de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. Foi na I Bienal do Samba. Aqui Elis cantando: https://youtu.be/v_fBw6EHebA
A história da morte está na história.
Meu amigo, minha amiga, você sabia que Cleópatra se suicidou?
Em 1942, o austríaco Stefan Zweig e sua esposa, Zweig Lotte, firmaram um pacto de morte, suicidando-se. As razões, não sei...
Hoje é o Dia dos Namorados.
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