Hoje 23 de junho é o dia de São José Cafasso, padre italiano nascido no começo do século 19. Era chegado a dar conselhos. Todo mundo gostava dele, mas não é dele que quero falar agora. Quero falar de São João.
São João Batista, filho de Zacarias e Isabel, nasceu em Israel num 24 de junho. Virou profeta e como tal anunciou a chegada do Messias, quer dizer: Jesus, seu primo, por ele batizado nas águas do Rio Jordão. Esse santo é o centro dos festejos juninos.
Os festejos juninos herdamos de Portugal, mas custou a pegar e virar uma coisa religiosa bem popular. Só ali pela década de 30 do século 20 é que esses festejos se firmaram entre nós. Porém não custa lembrar que já no século anterior esses festejos já engatinhavam nos salões do Império com a dança da quadrilha. Coisa chique, nobre, da elite. A música era valsa ou polca. O povo vendo aquilo, passou a imitar sem pompas. E aí vieram as fogueiras, milho assado, canjica, pamonha, doces, pipoca, pé de moleque; bandeirinhas, pau de sebo...
O baiano Assis Valente foi quem inventou a marcha junina, gênero inicialmente gravado com algum sucesso por Chico Alves e Aurora Miranda, irmã da portuguesinha Carmen.
Essa história eu já contei neste Blog, em livros, rádio... Ouça: RAÍZES DO BRASIL
É importante que se diga, e se rediga, que coube ao pernambucano Luiz Gonzaga disseminar a marcha e outros ritmos do período junino. O forró, por exemplo.
Uma vez Gonzaga me disse: "Todo mundo me chama Rei do Baião, mas eu sou o rei do forró e da marcha junina; do xote, xaxado...".
Foi Luiz Gonzaga que deu as principais características juninas no campo musical, claro. Mas as festas juninas são mais do que música. É nesse período, quer dizer em todo o mês de junho, que esse tipo de festa é comemorado com muita alegria, especialmente no Nordeste. No entanto, um detalhe: está havendo uma rápida descaracterização nesses festejos. Ouça o que diz a paraibana Elba Ramalho: https://youtu.be/wZn7CD6DYLE
Realmente não parece ser de bom alvitre não ter em uma festa de São João artistas do naipe de Biliu de Campina e Alcymar Monteiro. Concordo com Elba. E concordo também quando ela diz que "No céu cabem todas as estrelas".
Pessoalmente, não sou chegado a rock e nem a música sertanoja. Também não gosto dessas coisas chamadas de pisadinha, funk, mas respeito quem faz e quem goste.
O escritor Onaldo Queiroga também é da linha do bom gosto. Defende a tradição junina. Ele: "A importância desses festejos está na manutenção da tradição, se fugir desse formato passará a ser um festival, pode até alcançar públicos enormes, mas não será São João".
O forrozeiro Flávio José, que conheço de perto e sei do seu talento, foi contratado para cantar uma hora e meia no São João de Campina Grande. Perfeito. Mas antes de abrir o fole, alguém se aproximou dele e disse: "Você só vai tocar uma hora e dez minutos". Ouça Flávio:
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FORRÓ NA LUA
Pra quem está fora de Campina Grande, apresento esta composição que Jorge Ribbas e eu criamos. Confira: https://youtu.be/kHNTKvQuphU