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Era propósito de Tinhorão fechar o ciclo de pesquisas que iniciou em fins dos anos de 1940 com um livro sobre licenciosidade ou "putaria", como dizia fazendo graça aos amigos mais próximos.
Ele achava um barato e como tal respeitava os cordelistas, também chamados de "poetas de bancada".
De fato, os cordelistas são grosso modo bastante inspirados.
A literatura de cordel é classificada por ciclos temáticos: religião, cangaço, guerra, política, personalidades, esporte, erotismo, feitiçaria, gracejo e tal.
Dentre o material "garimpado" para fechar seu próprio ciclo como pesquisador ou historiador como preferia ser chamado e não como crítico musical, Tinhorão começou a reunir folhetos de cordel e livros nacionais e estrangeiros que tratassem de putaria. Foi assim que caíram em suas mãos Manoel Monteiro, Franklin Maxado, Klévisson Viana, Bastinha Job, Dalinha Catunda e outros.
No folheto de oito páginas Um Jumento e Duas Doidas as autoras, em peleja, se desafiam numa quase agressão. Começa assim:
DALINHA CATUNDA
Eu sou nordestina
Da cabeça chata
Raiva não me mata
E nem me alucina
Olhando sua crina
Pensei em montar
Se me derrubar
Não tem nem talvez
Até lhe amansar
BASTINHA JOB
Também sei montar
Cedinho aprendi
Jamais esqueci
Achei bom trepar
Melhor é gozar
De tanto prazer
Corpo e alma gemer
Sentir alegria
Que até contagia
Quem meu verso ler!...
O paraibano Manoel Monteiro sustentou a família publicando e vendendo folhetos Nordeste afora. Era chegado a gracejos e até explícito nas suas incursões que fazia no campo erótico. Em Mulher Gosta de Ouvir, por exemplo, indicava já na capa ser "impróprio para menores de 90 anos". Veja:
Qual a mulher que não gosta
De ter o homem que ama
Com o corpo nu sobre o seu
No vai e vem duma cama
Ofegante e meio torpo
Com as mãos a roçar-lhe o corpo
E a boca a sugar-lhe a mama?...