Como observadora da vida cotidiana, Irene escreveu muita coisa na forma de poesia e prosa abordando a temática erótica.
No começo dos anos 1960, ela andou publicando livros de poesia falando do prazer sexual da mulher, negado pelo machismo. Exemplo:
Quero um homem
forte e viril
cobrindo meu corpo todo
penetrando-o num impulso
másculo e voluptuoso
eu quero
não só um beijo
quero muitos de uma vez
pelo meu corpo sedento
torturado e infeliz
pode morder
que importa?
num prelúdio embriagador
eu quero morrer de beijos
eu quero morrer do amor
por que tantos graus de febre
podendo me aliviar?
por que a febre queimando?
e o corpo se maltratar?
porque nesta ocasião
suspirando por amar
viver só alucinada
reclinada em leito frio
sempre desagasalhada
nesse leito tão sombrio
eu quero um homem
quero um homem
não suporto mais sofrer
quero um homem
quero um homem
quero de amor viver...
Um dos romances mais provocativos de Irene é O Amor do Reverendo (2009). O reverendo no caso é um padre de nome Abraão, que conhece Maria Luísa durante um acidente. Ele a pega nos braços ferida e ambos se apaixonam. Simples assim.
Na sua dissertação de Pós-Graduação para a Universidade Estadual da Paraíba, a estudante Juliana Karol de Oliveira Falcão escreveu, em 2022:
Os romances de Irene Dias Cavalcanti fazem parte de um período ou de um lugar de revolução não apenas sexual, como também social e cultural ao reivindicar lugares e igualdade entre o homem e a mulher. Destacam-se as suas obras literárias não somente como um discurso de empoderamento sexual, como também um manifesto contra diversas injustiças sociais pelas quais passam grupos desfavorecidos que partem de camadas abastadas contra camadas desfavorecidas, que partem de brancos contra negros, de homens contra mulheres, de igreja contra fiéis, de coronéis contra agricultores, entre outros.
O Amor do Reverendo é prefaciado pelo padre Waldemir Cavalcante Santana.
Irene Dias Cavalcanti, nascida em 1927, passou a infância no município de Campina Grande. É considerada um símbolo da luta feminina contra o machismo imperante até os dias de hoje.
Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora
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