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sábado, 23 de novembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (149)


Mulheres brasileiras na literatura foram poucas, no início.
A primeira delas nem o próprio nome assinou, no seu primeiro livro.
A nossa primeira romancista, já falei lá atrás, foi Maria Firmina dos Reis. O livro que essa pioneira publicou, sob o pseudônimo de “Uma Maranhense”, teve como título Úrsula.
Bom, o tempo passou e continua passando.
Continuamos aqui mergulhados na história da literatura brasileira, mais especialmente na chamada literatura erótica feita por escritores e escritoras.
O livro de Firmina dos Reis já aborda a questão amorosa dividida entre homens e mulheres. Tem até um triângulo amoroso nessa história.
No dia a dia brasileiro do século passado, retrasado, tivemos no Brasil mulheres como Nísia Floresta. E por aí vai…
A luta da mulher pela equidade de gênero data de muito tempo. Mas é agora que essa luta tem apresentado vitórias.
Amor, sexo, adultério, sensualidade, palavrões…
O palavrão é expressão que carregamos desde quando nos conhecemos por gente. É pra lá da antiguidade. Homens e mulheres, crianças e adultos.
Há dicionários de palavrões publicados mundo afora. Não são muitos, mas expressivos e necessários.
Na metade dos anos de 1970, o estudioso da cultura popular Mário Souto Maior publicou Dicionário do Palavrão e Termos Afins. Foi censurado, proibido. O Brasil, à época, vivia momentos terríveis de uma ditadura militar que durou 21 anos.
Esse livro, disse-me um dia o autor, existiu por sugestão do escritor e coisa e tal Gilberto Freyre. Seu amigo.
Palavrão faz parte do dia a dia, na rua e/ou em casa. É da língua.
No dia 16 de novembro de 2024 Rosângela Lula da Silva mandou um sonoro “fuck you” ao cara que mais dinheiro tem no mundo: Elon Musk, pra mim um cabra safado e sem escrúpulos.
Rosângela, 1ª dama do País por todo mundo chamada de Janja, disse o que disse numa palestra sobre fake news.
O “vá se foder!” de Janja repercutiu enormemente. Ora positivamente, ora negativamente.
Eu, por mim, acho que a Janja está coberta de razão.
Em 1979, abril ou maio, eu, o amigo Kotscho e Lula varamos uma madrugada na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Fumávamos igual caipora. E dá-lhe café. Pernas arribadas na mesa, espontaneamente.
Ali pelo comecinho da manhã um assessor de Lula, então presidente do Sindicato, entrou dizendo que o interventor acabara de chegar.
Foi então que eu disse, cantarolando mal e desafinadamente a canção do Roberto, que diz: “O show já terminou…”. Fui eu dizendo isso e o Lula berrando: “FELA DA PUTA! VÁ SE FODER!”.
Surpreso, eu nem sabia bem o que dizer, mas disse: “Vá você!”.
O Lula repreendeu Janja pela fala que falou ao mandar o todo poderoso Elon Musk se foder.
Eu acho Lula do caralho.
Nenhum presidente do Brasil fez o que faz Lula, ainda hoje.
Luiza Alzira Teixeira Soriano
Ao lado da poetisa Gilka Machado, Leolinda Figueiredo Daltro (1859-1935) fundou o Partido Republicano Feminino (PRF).
Pouco antes da Revolução de 30 o voto feminino foi legalizado no Rio Grande do Norte. Desse Estado saiu a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul: Luiza Alzira Teixeira Soriano (1896-1963), eleita no dia 2 de setembro de 1928 com 60% dos votos válidos do município de Lajes.
Meses antes da eleição, mais precisamente no dia 12 de maio 1928, o jornal Folha da Manhã publicou o seguinte: 
O feminismo continua a sua propaganda.
Hoje, a cidade assistiu a um interessante e inedito acontecimento. Distinctas senhoras, que fazem parte proeminente da diretoria da "Federação Brasileira pelo Progresso Feminino", voaram sobre a cidade em aeroplano, distribuindo cartões postaes e manifestos de propaganda do voto feminino.
Foram as sras. Bertha Lutz, sua brilhante presidente, d.Maria Amalia Bastos, primeira secretaria e dra. Carmen Velloso Portinho, thesoureira.
Um dos postaes tinha os seguintes dizeres:
"As mulheres já podem votar em trinta paizes e um Estado brasileiro porque não hão de votar em todo o Brasil?
Paizes nos quaes as mulheres exercem direitos eleitoraes: Allemanha, Argentina (S.Juan), Australia, Austria. Belgica, Birmania, Canadá…”

A bióloga Bertha Lutz (1894-1976) foi uma espécie de Leolinda Daltro. Filha da enfermeira Amy Lower e do cientista Adolfo Lutz. Chegou a ocupar o cargo de deputada constituinte em 1936, como vice na chapa de Cândido Pessoa, que morrera nesse mesmo ano.
A primeira deputada federal eleita pelo voto popular foi Carlota Pereira de Queirós (1892-1982), em 1934.

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