Olá, boa tarde pessoal!
"Boa, tarde seu Assis!", disseram todos.
O que vocês estão fazendo nessa barulheira razoável, hein?
Zilidoro é o primeiro a levantar-se pedindo palavra" "Seu Assis, a gente está aqui trocando ideias sobre os últimos acontecimentos cá na nossa terrinha tupiniquim. Pra começo de conversa, a gente tava torcendo pra que o senhor chegasse logo. E sabe por que? Porque a gente toda anda querendo saber sua opinião a respeito da presença do nosso Lula na França. E aí?".
Vocês estão incríveis acompanhando tudo o que ocorre neste mundinho doido...
Zoião interrompe, de repente, dizendo que esse interesse todo dos botões pelos fatos que andam acontecendo deve-se ao incentivo da historiadora Flor Maria.
"E por falar nisso, ela vem ou não vem hoje?", pergunta Barrica.
Calma, uma coisa de cada vez. Bom, acho bacana o que o mundo civilizado anda fazendo em torno do nosso presidente. Só o fato de receber o título Honoris Causa da Universidade de Paris 8 é um orgulho e tanto. E o que dizer da recepção especialíssima promovida pela respeitada Academia Francesa? Fantástico, fantástico! Isso não é pra todo mundo, diga-se de passagem.
"Seu Assis, é verdade que o Lula é o primeiro presidente de uma República destas bandas da América do Sul a ser homenageado pela AcademiaFrancesa?", pergunta, com o semblante um tanto sério, o Biu mano de Barrica.
Sim, eu respondo acrescentando: antes de Lula, só o Imperador Pedro II foi homenageado pela banca histórica e intelectual daquela Academia. Tal fato ocorreu em 1872. A propósito, cinco anos depois na mesma França o imperador filho de Pedro I era recebido de braços abertos pelo aplaudidíssimo escritor Victor Hugo.
"Poooxa...", murmurou Mané impressionado com o que estava ouvindo. Zé aproveitou para perguntar se Alexandre Dumas era da família de Hugo, autor de Os Miseráveis. Cabisbaixo Lampa estava, cabisbaixo Lampa ficou.
Barrica ansioso voltou a perguntar: "E dona Flor vem ou não vem?".
Não, não, Alexandre Dumas nada tinha a ver com Victor Hugo. Nem pai, nem filho. Aliás, Alexandre pai de Alexandre filho era um mestiço neto de uma escrava. O seu pai Tomás, foi o primeiro general negro do Exército francês. Era filho de um nobre com uma negra do Haiti. Napoleão o pôs em desgraça, deixando-o morrer pobre e lascado.
O silêncio na casa dos botões é total.
Em silêncio total até então, o Fuinha pede palavra pra perguntar se Alexandre a que me refiro é o autor do livro Os Três Mosqueteiros. Digo que sim. E de novo pergunta se esse Alexandre tinha filho com o mesmo nome. Digo de novo que sim. Digo também que o filho de Alexandre pai era escritor e autor de Dama das Camélias.
De repente, Mané se levanta imitado pelos demais companheiros: "Olha aí, olha aí, dona Flor!".
"Calma, pessoal. Obrigada pela recepção. Desculpem pelo atraso", diz com sorriso aberto a sempre aguardada Flor Maria. "Vocês estão ótimos".
Fuinha: "Foi Victor Hugo ou Alexandre Dumas o preterido da Academia Francesa?".
Dona Flor, a pergunta é toda sua. Por favor responda.
"Então, tá. Caro Fuinha, o escritor preterido pela respeitada Academia foi Alexandre pai. O Victor entrou na Academia depois de muita insistência. Mas sabe o que eu acho? Acho que ser imortal de uma academia é pura bobagem".
"Acha mesmo, dona Flor?", provoca Zoião acrescentando: "Então quer dizer que o nosso Machado era bobo por criar e integrar como presidente a ABL?".
"Não, não acho não, Machado de Assis foi um gênio da raça e dos gêneros literários que escolheu. Porém cada qual tem sua opinião. Somos todos mortais, não é mesmo?".
"Dona Flor, tenho-me perguntado a razão de tão agudo silêncio dos nossos intelectuais em torno das lisonjas recebidas no exterior pelo presidente Lula", expressa Zilidoro.
Iiiih... Esse papo tá ficando sério demais. Mas valeu. O Lula não tem anel de doutor no dedo. Machado de Assis também não...
Fuinha bate palmas e diz: "O Graciliano Ramos, autor de Vidas Secas, também não cursou faculdade nenhuma e virou o que virou, um mestre".
Bom, pessoal. Tá na hora do cafezinho...
Nenhum comentário:
Postar um comentário