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domingo, 23 de fevereiro de 2025

IRMÃOS QUE DÃO O QUE FALAR


Pois bem, Hatoum começa a contar a história com Zana à beira da morte perguntando algo mais ou menos assim: Meus filhos já voltaram às boas?

Os filhos a que a mãe se refere são Yaqub e Omar, gêmeos. 

Zana, morre ao mesmo tempo em que o dia se finda. 

Yaqub e Omar chegam ao ponto de disputarem uma mesma mulher. Estão os três assistindo qualquer coisa numa sala quando de repente a luz cai e tudo fica às escuras. Quando a sala volta a se iluminar, um dos irmãos está de boca grudada na boca da namorada. 

Irritado, o irmão traído saca de uma garrafa e arrebenta a cara de Yaqub.

A cena aí fez-me lembrar os gêmeos Pedro e Paulo do romance Esaú e Jacó, do bruxo Machado de Assis. 

No romance de Machado Paulo quer dar cabo de Pedro, que quer dar cabo de Paulo. Os dois se enroscam com uma mesma namorada. E mais não digo.

Digo porém que o tema também foi abordado pelo português José Saramago. 

Como todo mundo sabe, Saramago era ateu de carteirinha. O Caim dele não é brinquedo não. 

O Caim de Saramago faz exatamente o que fez o Caim do Criador. Por ciúme, inveja e raiva Caim deu cabo do mano sem pena, nem dó.

O enredo segue à risca do que imaginou o autor. E tudo aconteceu, isto é, o fratricídio, porque o Criador quis. E a coisa segue em frente. Quem quiser saber o final...

Autores do mundo árabe de talento e sensibilidade não são poucos. 

Em 2003 Khaled Hosseini lançou à praça O Caçador de Pipas, romance que logo caiu na graça dos leitores mundo afora. O personagem central, Amir, deixa com o pai a terra natal, Afeganistão, para morar nos EUA. Tempos de Guerra, com o Taleban matando crianças, mulheres e homens a torto e a direito. É sem dúvida um livro marcante. E tem, quase no fim, uma surpresa de fazer queixo cair.

Será que tem irmãos na parada?