Pois bem, Hatoum começa a contar a história com Zana à beira da morte perguntando algo mais ou menos assim: Meus filhos já voltaram às boas?
Os filhos a que a mãe se refere são Yaqub e Omar, gêmeos.
Zana, morre ao mesmo tempo em que o dia se finda.
Yaqub e Omar chegam ao ponto de disputarem uma mesma mulher. Estão os três assistindo qualquer coisa numa sala quando de repente a luz cai e tudo fica às escuras. Quando a sala volta a se iluminar, um dos irmãos está de boca grudada na boca da namorada.
Irritado, o irmão traído saca de uma garrafa e arrebenta a cara de Yaqub.
A cena aí fez-me lembrar os gêmeos Pedro e Paulo do romance Esaú e Jacó, do bruxo Machado de Assis.
No romance de Machado Paulo quer dar cabo de Pedro, que quer dar cabo de Paulo. Os dois se enroscam com uma mesma namorada. E mais não digo.
Digo porém que o tema também foi abordado pelo português José Saramago.
Como todo mundo sabe, Saramago era ateu de carteirinha. O Caim dele não é brinquedo não.
O Caim de Saramago faz exatamente o que fez o Caim do Criador. Por ciúme, inveja e raiva Caim deu cabo do mano sem pena, nem dó.
O enredo segue à risca do que imaginou o autor. E tudo aconteceu, isto é, o fratricídio, porque o Criador quis. E a coisa segue em frente. Quem quiser saber o final...
Autores do mundo árabe de talento e sensibilidade não são poucos.
Em 2003 Khaled Hosseini lançou à praça O Caçador de Pipas, romance que logo caiu na graça dos leitores mundo afora. O personagem central, Amir, deixa com o pai a terra natal, Afeganistão, para morar nos EUA. Tempos de Guerra, com o Taleban matando crianças, mulheres e homens a torto e a direito. É sem dúvida um livro marcante. E tem, quase no fim, uma surpresa de fazer queixo cair.
Será que tem irmãos na parada?
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